Geografia do Brasil

Região Norte

A região Norte é a maior região brasileira em extensão territorial: 3.853.676,948 km². Com cerca de 18 milhões de habitantes (IBGE 2016), é a segunda região que tem o menor número de habitantes, superior apenas ao Centro-Oeste.

É composta pelos estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá e Tocantins. Tem sua área dominada pela bacia do rio Amazonas e pela floresta Equatorial Amazônica.

 

Aspectos naturais da Região Norte

Relevo

O relevo da região Norte é formado principalmente por terras baixas. As planícies estendem-se ao longo das margens dos rios, por exemplo o Amazonas, e junto a áreas litorâneas. As depressões ocupam a maior parte da região.

Os planaltos estão, principalmente, na parte norte da região. No planalto das Guianas, estão os pontos mais altos do Brasil, que são o pico da Neblina, com 2.993 m, e o pico 31 de Março, com 2.972 m, e parte do planalto Central, localizado no sul da região Amazônica.

Hidrografia

A região Norte é drenada pela bacia Amazônica, formada pelo rio Amazonas e seus afluentes, e pela bacia do Tocantins-Araguaia.

O rio Amazonas atravessa a região Norte, de oeste para leste, e recebe vários afluentes que se formam ao norte e a o sul. Juntos formam a maior bacia hidrográfica do mundo: a bacia Amazônica.

O rio Amazonas nasce no Peru, com o nome de Marañón. Ao entrar no Brasil, passa a ser chamado de Solimões. É a partir do encontro de suas águas com as do rio Negro que recebe o nome de Amazonas.

Depois de atravessar toda a planície Amazônica, o rio Amazonas desemboca no oceano Atlântico, na área onde se encontra a ilha de Marajó.

Além dos grandes rios, a floresta Amazônica é constituída por estreitos cursos d’água, chamados igarapés. Em língua indígena, igarapé significa “caminho da canoa”.

Vegetação

A região é coberta pela maior floresta tropical do mundo, a floresta Amazônica.

Uma das grandes preocupações atuais é a devastação intensa que essa floresta vem sofrendo, por causa da exploração de madeira e do avanço de áreas de pastagens e de áreas agrícolas.

Na região Norte há, ainda, manchas de cerrado, campinaranas e mangues.

Clima

O clima predominante nessa região é o equatorial. Esse clima se caracteriza por altas temperaturas o ano todo e grande quantidade de chuvas, que são intensas entre os meses de novembro e abril.

Em alguns trechos do Amazonas, Pará e Roraima e em grande parte do estado de Tocantins, ocorre durante o ano um período de seca, tornando as áreas suscetíveis a incêndios.

Mapa da Região Norte.
Região Norte

Aspectos humanos da Região Norte

Até o século XVI, grande parte da região Norte só era conhecida pelas expedições formadas pelos bandeirantes. Estes tinham como objetivo aprisionar indígenas para vendê-los como escravos nas zonas canavieiras, sobretudo na região Nordeste. Nessa época, a região recebia expedições da Coroa portuguesa, conhecidas como entradas, que pretendia reconhecer o território e explorar as drogas do sertão.

A partir do século XVII, os jesuítas seguiram para essa região, interessados em catequizar os índios. Houve também, nesse período, ações portuguesas para defender o território de ameaças estrangeiras. Para isso, Portugal expulsou os estrangeiros e fundou vários fortes na região, o que incentivou seu povoamento. Um exemplo é o forte Presépio de Santa Maria de Belém, instalado em 1616, que deu origem à cidade de Belém, capital do Pará.

No fim do século XIX, a ocupação do interior da Amazônia foi incentivada pela exploração do látex, matéria-prima da borracha natural, impulsionada pela grande procura desse produto no mercado internacional (pneus). A região atraiu grande contingente de migrantes nordestinos para o trabalho de extração dessa importante matéria-prima. Veja Ciclo da Borracha.

No século XX, centenas de imigrantes japoneses instalaram-se, principalmente, no Pará, entre as cidades de Belém e Bragança, na chamada região bragantina. Ali fundaram uma colônia agrícola (Tomé-Açu) e iniciaram o cultivo de pimenta-do-reino (agricultura comercial).

Outros grupos de japoneses fixaram-se no Amapá e às margens do rio Amazonas, onde se dedicaram à plantação de juta (fibra cultivada na várzea).

População da região Norte

Apesar de ser a maior região do Brasil, o Norte é pouco povoado. Sua população está mal distribuída pelo território: a maior parte encontra-se nas capitais e nas principais cidades situadas às margens dos rios.

Os primeiros habitantes da região Norte foram os indígenas. Seus descendentes, ainda hoje, representam parcela expressiva da região. Atualmente, eles vivem em aldeias isoladas na floresta, em reservas indígenas e também em áreas urbanas.

As reservas são áreas criadas e protegidas pelo governo para que os índios possam viver em seu ambiente natural, de acordo com seus costumes e tradições. Algumas aldeias e reservas, entretanto, sofrem invasão de garimpeiros, mineradores, madeireiras e fazendeiros. Além desses grupos indígenas, destacam-se também os garimpeiros, seringueiros, castanheiros, missionários, militares, agricultores e vaqueiros.

Cultura da região Norte

São muitas as lendas produzidas pelo imaginário dos povos dessa região, entre as quais vitória-régia, saci-pererê, uirapuru, sumé, boto e as amazonas são as mais contadas.

Entre as festas realizadas nessa região, estão a do Círio de Nazaré (Belém) e as danças como boi-bumbá, cirandas e carimbó, que são marcas culturais desse povo.

A maior festa popular da região Norte se realiza na cidade de Parintins (AM). Trata-se do festival folclórico de Parintins, que mistura o bumba meu boi do Nordeste com lendas indígenas na disputa entre dois blocos, os “bois” Caprichoso e Garantido.

Outros aspectos culturais que merecem destaque nessa região são:

  • arte plumária − enfeites feitos com penas e plumas;
  • artesanato − máscaras, enfeites e cerâmica típicos das comunidades indígenas da Ilha de Marajó;
  • pratos típicos − caldeirada de tucunaré, tacacá, tapioca, pato no tucupi, entre outros.

Economia da Região Norte

Agricultura

Na atividade agrícola, destacam-se o cultivo da soja nos estados do Tocantins, Rondônia e Pará e o de mandioca, arroz, banana, café, juta e pimenta-do-reino nos demais estados.

Pecuária

Na região, desenvolve-se a criação de gados bovino, suíno e bufalino. Destaca-se a criação extensiva do gado bovino, praticada em pastagens originadas de áreas desmatadas.

Indústria

De modo geral, o setor industrial dessa região é pouco expressivo, pois há poucas indústrias e ainda são isoladas. Geralmente, elas realizam o beneficiamento de produtos agrícolas ou do extrativismo.

Merece destaque a Zona Franca de Manaus, com a presença de diversas empresas, principalmente do setor de eletroeletrônicos, entre outros, como, por exemplo, a produção de veículos (destacando-se as motocicletas).

Foram criados distritos industriais, principalmente em Manaus e Belém, onde se concentram as indústrias de alimentos, bebidas, têxtil, madeireira e de artigos eletrônicos.

Comércio

As principais zonas de comércio da região estão localizadas em Belém (PA) e em Manaus (AM).

Manaus se sobressai pelo comércio da Zona Franca (uma área de livre-comércio de importação e exportação, dotada de incentivos fiscais especiais).

Belém é uma importante cidade portuária, centro comercial e industrial da região Norte. No interior, parte significativa do comércio é realizada em áreas distribuídas ao longo dos cursos dos rios ou em barcos, que são verdadeiros mercados ambulantes.

Turismo

Atualmente, a região norte tem atraído investidores brasileiros e estrangeiros, que constroem luxuosos complexos hoteleiros e exploram o ecoturismo, favorecido pelas paisagens naturais e por sua rica fauna.

Entre as atrações turísticas da região, destacam-se o passeio de catamarã (embarcação típica da região) pelo rio Amazonas e por igarapés; a ilha de Marajó; o Teatro Amazonas (em Manaus); o mercado Ver-o-Peso e o Museu Paraense Emílio Goeldi (ambos em Belém).

Extrativismo

Todo seu rico patrimônio natural estimula o desenvolvimento de atividades relacionadas aos extrativismos vegetal, mineral e animal.

No extrativismo vegetal, destacam-se a exploração das seguintes plantas:

  • castanheira, da qual se extrai a castanha-do-brasil, destinada à comercialização in natura e à indústria alimentícia;
  • guaraná, da qual se extrai a semente que, depois de torrada e moída, é transformada em bebida. É também uma planta medicinal;
  • seringueira, da qual se extrai o látex, matéria-prima da borracha;
  • juta, fibra vegetal utilizada na fabricação de cordas e sacos; com tipos mais finos se fazem tecidos do tipo linho;
  • piaçava, da qual se fazem vassouras e escovas.

Quanto ao extrativismo mineral, muitos minérios são explorados nessa região. Alguns deles são:

  • ferro: em Carajás, no Pará;
  • ouro: extração mecanizada em Serra Pelada, estado do Pará;
  • estanho: extraído da cassiterita, encontrada no estado de Rondônia.

Em relação ao extrativismo animal, como existem muitos rios nessa região, a pesca é uma atividade econômica bastante praticada.

Encontram-se, nas águas da região, grandes peixes de água doce, como o pirarucu (também conhecido como “bacalhau brasileiro”) e o tambaqui.

Durante muito tempo, a tartaruga fez parte do cardápio das populações nortistas. Contudo, atualmente, em razão do risco de extinção, a captura de tartarugas e de seus ovos é considerada crime.

A caça a onças, lontras, jacarés e aves também é muito praticada, no entanto é proibida por lei, pois algumas espécies estão em risco de extinção.

Por: Wilson Teixeira Moutinho

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