Pólo tradicional de irradiação das artes e cultura no Ocidente, a França é um dos países que ocupam uma posição central no sistema econômico e político internacional. Integra o Conselho de Segurança da ONU, o Grupo dos Sete e possui grande arsenal nuclear. Sofre porém um declínio econômico, com aumento do desemprego, e disputa com a Alemanha a liderança na União Europeia.
Os ecos de sua História – dos reis absolutos, da Revolução Francesa, de Napoleão – estão presentes por todo o país, em castelos, monumentos e museus. O requinte de sua cozinha é uma referência internacional, com destaque para vinhos e queijos. Paris, capital francesa, é mundialmente famosa como reduto de intelectuais e artistas.
Fatos Históricos
A História da França começa com a chegada de tribos célticas à Gália, que corresponde aproximadamente ao atual território francês, no século IX a.C. O imperador romano Júlio César derrota os gauleses e conquista a região entre 58 a.C. e 51 a.C. Os romanos dominam a Gália até o final do século V, quando a região é invadida por tribos bárbaras.
No final do século V, sob o comando de Clóvis I, os francos tornam-se senhores de todo o país, que se converte ao catolicismo. No século IX, o rei Carlos Magno torna-se o imperador do Sacro Império Romano Germânico, que abarca as atuais França e Alemanha. O império desmembra-se em domínios feudais após Carlos Magno.
Absolutismo
Entre 1337 e 1453, a França e a Inglaterra se veem envolvidas numa disputa territorial que ficaria conhecida como a Guerra dos Cem Anos. Sob inspiração de Joana D’Arc, os franceses derrotam os ingleses em Orleans em 1429. Em 1431, Joana D’Arc é queimada como herege em Rouen. A França sai vitoriosa do conflito e conquista possessões inglesas. Em 1572, a rainha Catarina de Medicis ordena o assassinato de huguenotes (protestantes), o que ficaria conhecido como o Massacre de São Bartolomeu. Em 1598, o rei Henrique IV, fundador da dinastia Bourbon, restabelece a paz religiosa com o Edito de Nantes e enfraquece o poder dos senhores feudais. O prestígio da França cresce no período de influência do cardeal Richelieu, primeiro-ministro do rei Luís XIII entre 1624 e 1642, que consolida o absolutismo e leva a França à guerra contra a dinastia austríaca dos Habsburgo.
No reinado de Luís XIV, o “Rei Sol” (1661-1715), o absolutismo chega ao auge, mas as sucessivas guerras expansionistas minam a supremacia francesa na Europa. Sob o reinado de Luís XV (1715-1774), desenvolvem-se as ideias do Iluminismo (Voltaire, Diderot, Rousseau), que combatem a intolerância religiosa e o absolutismo.
Revolução Francesa
Guerras desastrosas e a incapacidade do rei Luís XVI de enfrentar a crise financeira do Estado desencadeiam a Revolução Francesa, em 1789. É formada uma Assembleia Nacional, que vota a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e extingue os privilégios feudais. A França revolucionária entra em guerra com as monarquias europeias. A posição ambígua do rei – agora monarca constitucional – e a reação da nobreza europeia radicalizam a revolução. Em 1792, nasce a 1ª República. O rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta, condenados por traição depois de tentarem fugir do país, são executados em 1793.
Maximilien de Robespierre e os jacobinos impõem o terror, primeiro sobre os contra-revolucionários, depois sobre jacobinos dissidentes. Robespierre é deposto e guilhotinado em 1794.
Um golpe militar do general Napoleão Bonaparte restabelece a estabilidade política em 1799. Bonaparte se faz coroar imperador da França em 1804, com o título de Napoleão I. Seu governo é autoritário, centralizador e expansionista. As guerras napoleônicas levam a aristocracia europeia ao pânico, até a derrota de Napoleão por tropas inglesas e austríacas na Batalha de Waterloo (1815). É restaurada a dinastia dos Bourbon entre 1815 e 1830. Uma revolução popular, em 1830, derruba o último Bourbon, Carlos X, e leva ao trono um Orleans, Luís Felipe I.
Em 1848, uma nova revolução, que traz o advento do movimento operário na História europeia, instaura a 2ª República. Luís Bonaparte, sobrinho de Napoleão, é eleito presidente. Em 1851, o presidente dá um golpe de Estado e no ano seguinte torna-se imperador com o título de Napoleão III. O regime imperial liberaliza-se lentamente e acelera a revolução industrial na França. Provocado por Bismarck, chanceler da Prússia, Napoleão III arrasta a França à Guerra Franco-Prussiana (1870), na qual é derrotada e perde Alsácia e Lorena para a Prússia, provocando a derrubada do império e a instauração da 3ª República.
Em 1871, o novo regime esmaga a Comuna de Paris, insurreição operária animada por ideais socialistas.
Guerras mundiais
A França emerge economicamente devastada pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918), apesar de estar ao lado das potências vitoriosas. O país recupera a Alsácia-Lorena. A 3ª República é duramente afetada pela crise mundial de 1929 a 1930. Entre 1936 e 1938, o governo da Frente Popular (uma coalizão de socialistas e comunistas) introduz direitos trabalhistas.
A França declara guerra à Alemanha em setembro de 1939, depois que Hitler invade a Polônia. Em 1940, tropas alemãs invadem a França. O país é dividido em duas zonas: uma ocupada diretamente pela Alemanha e outra administrada pelo governo colaboracionista do marechal Philippe Pétain. Em Londres, o general Charles de Gaulle conclama à resistência contra os nazistas. O desembarque de tropas aliadas na Normandia (junho de 1944) dá início à libertação da França.
Eleito presidente em novembro de 1945, o general De Gaulle renuncia em janeiro de 1946, depois que a Assembleia Nacional recusa sua proposta de instaurar uma presidência forte. A 4ª República (1945-1958) reconstrói a economia do país, mas enfrenta guerras coloniais e instabilidade política. Depois de ter sido derrotada na Indochina em 1954, a França insiste em sufocar a guerrilha argelina.
Em 1958, pressionada pelos militares, a Assembleia Nacional confere a De Gaulle poderes para elaborar uma nova Constituição. Nasce a 5ª República. Eleito presidente, De Gaulle negocia a independência argelina e enfrenta a oposição armada de oficiais de direita do Exército. Em 1962, a Argélia torna-se independente.
No governo De Gaulle, a França afasta-se dos EUA; em 1966, o país retira-se do comando militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a aliança militar ocidental. A revolta estudantil de 1968 abala o governo, que renuncia no ano seguinte. Georges Pompidou, que sucede De Gaulle, morre de câncer em 1974. Seu sucessor, Valèry Giscard D’Estaing (1974-1981), implementa uma política de modernização econômica.
Os anos Mitterrand
Em 1981, FBrançois Mitterrand derrota Giscard na eleição presidencial e torna-se o primeiro socialista a chegar à Presidência da França. O primeiro-ministro Pierre Mauroy inicia seu governo – em aliança com os comunistas – adotando as medidas clássicas da esquerda: grandes estatizações e reformas sociais. Em 1984, Mitterrand dá meia-volta: os comunistas abandonam o governo e Mauroy é substituído por Laurent Fabius, que prioriza o combate à inflação e a integração com a Comunidade Econômica Europeia (CEE). Em 1986, os conservadores ganham as eleições legislativas e a 5ª República tem sua primeira experiência de “coabitação”: o gaullista Jacques Chirac torna-se primeiro-ministro.
Em 1988, Mitterrand é reeleito para mais um período de sete anos na presidência. O segundo governo de Mitterrand é marcado por instabilidade política: três primeiros-ministros (Michel Rocard, Edith Cresson, Pierre Bérégovoy), crescimento da extrema direita, liderada por Jean-Marie Le Pen, protestos de agricultores contra os acordos do Gatt para redução de subsídios agrícolas e contra a integração europeia. O desemprego chega a 10%.
O Tratado de Maastricht, que prevê a aceleração da unificação europeia, é aprovado por estreita margem (50,9% a 49%) em plebiscito realizado em setembro de 1992. Nas eleições parlamentares de março de 1993, a esquerda tem seu pior desempenho nas urnas em toda a sua história: 15,4% dos votos contra 83,2% dos conservadores.
O novo primeiro-ministro Edouard Balladur inaugura o segundo período de “coabitação” com Mitterrand. As medidas de ajuste da economia relacionadas à adesão francesa à União Europeia provocam protestos – iniciados com a greve da Air France em 1993 –, que se prolongam até as vésperas das eleições presidenciais de 1995.
Chirac presidente
Na sucessão de Mitterrand, os socialistas conseguem ir ao segundo turno com Lionel Jospin, mas Chirac vence as eleições com 52,6% dos votos em 7 de maio de 1995. O novo presidente indica Alain Juppé como primeiro-ministro. Em julho, atentados a bomba em locais públicos, que o governo atribui ao Grupo Islâmico Armado argelino, provocam um reforço do controle policial. Apesar disso, os atentados continuam: em agosto explode uma bomba perto do Arco do Triunfo e em setembro, um carro-bomba próximo a uma escola. Em menos de dois meses, seis atentados terroristas acontecem no país com um saldo de sete mortos e 121 feridos.
A festa dos 206 anos da Revolução Francesa, em 14 de julho, é marcada por protestos contra a decisão de Chirac de retomar os testes nucleares no Atol de Mururoa, no Pacífico Sul. Conflitos com ecologistas, com a Nova Zelândia e a Austrália, desaprovação pública dos EUA e do Japão, e protestos na própria França não impedem que no dia 5 de setembro o governo francês inicie os testes com uma potência de 20 quilotons.
Dados gerais
Nome oficial: República Francesa (République Française)
Nacionalidade: francesa
Capital: Paris
Idioma: francês (oficial), bretão, basco, dialetos locais
Religião: cristianismo (maioria católica, protestantes), islamismo, judaísmo, budismo
Área: 547.026 km²
Localização: centro-oeste da Europa
Limites: Bélgica e Canal da Mancha (N), Luxemburgo e Alemanha (NE), Suíça e Itália (L), Mar Mediterrâneo (S), Andorra e Espanha (SO), Oceano Atlântico (O)
Características: relevo plano e ondulado (2/3 do território), planícies (N e O), limitadas pelos Montes Pirineus (SO), maciço da Jura e dos Alpes (SE)
Clima: temperado oceânico, mediterrâneo (S)
Hora local (em relação a Brasília): +4h
População (1995): 58 milhões hab.
Densidade demográfica (hab./km²): 106,03
Crescimento demográfico: 0,4%
População no ano de 2025: 61,2 milhões hab.
Natalidade (por 1.000 hab.): 13
Mortalidade infantil (por 1.000 hab.): 7
Fertilidade (nº de filhos por mulher): 1,74
Expectativa de vida (H/M): 73,8/81,3
Regime de governo: república parlamentarista com chefe de Estado forte
Divisão administrativa: 21 regiões administrativas (com 96 departamentos)
Territórios administrados: Guadelupe, Guiana Francesa, Ilhas Wallis e Futuna, Martinica, Mayotte, Nova Caledônia, Polinésia Francesa, Reunião, Saint-Pierre e Miquelon, Terras Austrais e Antárticas
Chefe de Estado: presidente Jacques Chirac (desde maio de 1995)
Chefe de governo: primeiro-ministro Alain Juppé (desde maio de 1995)
Principais partidos: Reunião pela República, União pela Democracia Francesa, Socialista, Frente Nacional, Comunista
Organização do Legislativo: bicameral – Assembleia Nacional, com 577 membros eleitos por voto direto. Senado, com 321 membros eleitos pelo colégio da Assembleia Nacional pelos delegados dos Conselhos dos Departamentos e dos Municípios, para mandatos de 9 anos (1/3 renovável a cada 3 anos). Dos 321 membros, 296 representam a França metropolitana, 13, os territórios além-mar, e 12, os franceses que vivem no exterior
Constituição em vigor: 1958
Moeda: franco francês
Cotação (para 1 US$): 4,94 (1995)
PIB: US$ 1.251.689 milhões
PNB per capita: US$ 22.490
Agricultura: 3% do PIB
Indústria: 29% do PIB
Manufatura: 22% do PIB
Serviços: 69% do PIB
Inflação anual: 5,1%
Circulação de jornais (por 1.000 hab.): 205
Representação diplomática: SES – Avenida das Nações, lote 4, CEP 70404-900, Brasília, DF, tel. (061) 312-9100, fax (061) 312-9108