Chamamos de capitalismo o sistema socioeconômico em que os meios de produção (terras, fábricas, máquinas, dinheiro, etc.) são propriedades privadas.
Os proprietários dos meios de produção – uma minoria da sociedade – são os burgueses ou capitalistas; os não-proprietários dos meios de produção – a maioria da sociedade – são os proletários ou trabalhadores, que vivem dos salários recebidos por seu trabalho.
Histórico
Já no século XV, o comércio era a principal atividade econômica na Europa. Assim, nesse período, o capitalismo (mercantil ou comercial) estruturava-se definitivamente a partir da necessidade e do interesse dos países europeus ou algumas cidades europeias em aumentar seu mercado para além dos limites nacionais e continentais.
A ampliação do comércio internacional consolidou o sistema capitalista dentro de uma sociedade de classes, na qual, de um lado, surgia e se fortalecia uma burguesia mercantil que, em aliança com os reis, detinha o poder e a riqueza (capital), e, de outro lado, o proletariado que, separado do capital e de seus meios de produção, tinha a oferecer sua força de trabalho em troca de salário.
O capitalismo se formou a partir da decadência do feudalismo; a servidão da gleba (obrigações feudais dos servos) foi substituída pelo trabalho assalariado, e a primazia dos senhores feudais coube então à burguesia mercantil e ao rei.
Foram dois séculos de amadurecimento até a Revolução Industrial (1750). As inovações técnicas (maquino- faturas) aliadas às riquezas provenientes das áreas colonizadas acabaram por promover um acúmulo de capital e uma crescente expansão da economia.
Surgiu, assim, a necessidade de garantir o fornecimento de matérias-primas, dominar os mercados consumidores e aplicar o capital de maneira segura, aumentando a capacidade de produzir e, consequentemente, os lucros. A riqueza provinha, então, da capacidade de produzir mercadorias e não mais do comércio.
Assim, o capitalismo industrial provocou a disputa pelas áreas fornecedoras de matérias-primas, pelos mercados compradores e pelos locais de investimentos seguros, levando as grandes potências dos séculos XIX e XX (Inglaterra, França, Bélgica, Japão, EUA e tardiamente Itália e Alemanha) a competir pela dominação política e econômica do mundo (neocolonialismo) e pela partilha dos territórios asiáticos e africanos, de acordo com seus próprios interesses.
O resultado da competição foi o imperialismo expresso pelo domínio econômico de uma nação sobre outra, na tentativa de manter o abastecimento de matérias-primas e os mercados consumidores, o que teve como consequências o militarismo, o nacionalismo, o racismo e a hierarquização das nações.
A partir da Segunda Guerra Mundial, com as potências europeias enfraquecidas e em crise, surgem os EUA como grandes investidores externos, graças ao acúmulo de capital e a seu crescente poder político-militar.
O capitalismo entra em uma nova fase, financeira ou monopolista, com a expansão de grandes empresas (corporações multinacionais, hoje chamadas transnacionais), o incessante acúmulo de capitais em escala mundial, o monopólio e a internacionalização da produção, passando a ter como características marcantes:
Características do sistema capitalista
Dentre as múltiplas características do modo de produção capitalista, destacam-se:
• Venda da força de trabalho – Nesse sistema os trabalhadores não dispõem de instrumentos ou meios de produção para garantir sua sobrevivência. Por isso, são obrigados a vender a sua força de trabalho em troca de um salário.
• Função comercial – A produção se destina, em primeira instância, à venda e não ao uso pessoal ou familiar. Por isso, os produtos são definidos como mercadorias.
• Comércio monetarizado – Com a consolidação do capitalismo, o comércio sofreu uma impressionante expansão, e o dinheiro se tornou a base das trocas nacionais e internacionais. Esse fator contribuiu para a crescente importância dos bancos e demais intermediários financeiros.
• Controle financeiro – Inicialmente, o capitalista investia na produção apenas recursos financeiros próprios. Como a lógica capitalista pressupõe que quanto mais investimentos forem feitos, maior será a produção (havendo mais lucros), estimulam-se investimentos cada vez maiores. Esse é um dos motivos que gerou o mecanismo de crédito, que permite ao capitalista utilizar recursos de outras pessoas para aplicar na sua empresa e aumentar as suas possibilidades de acumulação: ele pode hipotecar propriedades para conseguir financiamento, tomar empréstimos, emitir ações, receber subsídios governamentais, etc.
• Gerenciamento da produção – O capitalista tem o controle das propriedades e do capital e, consequentemente, domina o processo de produção. Esse domínio define, entre outros pontos: admissões e demissões de trabalhadores, opção por uma política salarial, escolha de técnicas e tecnologias a serem aplicadas na produção, determinação das condições de trabalho e controle do volume de produção. Durante o século XX, os sindicatos conquistaram vários avanços em diversos dos itens enumerados acima, mas o controle final é do capitalista.
São ainda características do capitalismo:
- aplicação dos principais investimentos na indústria e nos recursos naturais;
- distribuição da produção e dos lucros;
- nova divisão internacional do trabalho.
- propriedade privada ou particular dos meios de produção;
- trabalho assalariado;
- livre concorrência e livre iniciativa (economia de mercado);
- lucro como objetivo;
- presença de duas classes sociais: burguesia e proletariado.
Por: Paulo Magno da Costa Torres
Veja também:
- Capitalismo X Socialismo
- História do Capitalismo
- Fases do Capitalismo
- Transição do Feudalismo ao Capitalismo
- Empresas Multinacionais
- Crise de 1929