O pragmatismo surgiu no século XIX como uma corrente filosófica, buscando a determinação e a análise de conceitos a partir da sua aplicação prática ou de um modo sujeito a regulamentos e regras. A palavra deriva do grego prámatiké, que significa um “conjunto de regras ou fórmulas que regulam as cerimônias oficiais ou religiosas”.
Definição
No pragmatismo, como o nome sugere, a visão filosófica deve ser pragmática. Ou seja, um conceito precisa ser julgado por conta de sua função e aplicabilidade, e não pela sua aparência ou modo como soa. a qual uma ideia deve ser julgada por sua funcionalidade e não pelo modo como parece ou soa. William James, com frequência chamado o fundador do Pragmatismo, disse certa vez que ele era “um novo nome para velhas maneiras de pensar”.
O pragmático acha que nada é “evidente” ou óbvio. Uma ideia ou conceito apenas passa a ser verdadeiro quando de fato funciona. Por origem e cultura, o pragmatismo é uma corrente mais ligada à escola filosófica norte-americana. A vertente da filosofia teve origem no Metaphysical Club, um grupo de especulação filosófica liderado pelo lógico Charles Sanders Peirce, pelo psicólogo William James e pelo jurista Oliver Wendell Holmes
O pragmatismo sugere virar as costas para as primeiras impressões e para o pensamento dogmático, analisando as consequências e os efeitos dos fatos e suas inter-relações. Do mesmo modo, o pragmatismo não vê motivos para um estudo que não possua uma utilidade prática ou social – é contra a “ciência pela ciência” – algo que se vê presente na cultura norte-americana de um modo geral.
Os três fundadores do pragmatismo como corrente filosófica possuíam, contudo, visões particulares de como encarar o movimento. Pierce, por exemplo propunha abandonar a visão herdada de que as crenças são puramente intelectuais e passa a situá-las como sendo fases da nossa vontade e tendências que temos para agir. Ou seja, para ele uma crença era uma disposição que levava o indivíduo a agir – o que denota de forma extrema a ideia da prática.
James, por outro lado, estava mais fixado à prática da filosofia de forma tangível ao mundo real. Ele buscava uma filosofia que “não somente exercite os poderes da abstração intelectual, mas que estabeleça alguma conexão positiva com o mundo real, o mundo de vidas humanas finitas”.
Os conceitos iniciais do pragmatismo ainda seriam visitados e expandidos por outros filósofos, como Dewey, o pai do instrumentalismo, uma filosofia “de ação”. Com a bagagem da escola pragmática, Dewey viria a propor uma filosofia que rejeitasse conceitos abstratos, princípios irrevogáveis ou quaisquer noções “transcedentais”.
Contribuições do pragmatismo
Segundo o pragmatismo, não se pode julgar uma ideia verdadeira ou falsa observando-a apenas. A mera observação deveria, no entender do pragmatismo, estar restrito ao senso comum – uma mera observação do meio pelo homem, que tira conclusões que podem ou não corresponder à verdade. O pragmatismo refuta os conceitos estáticos da observação e impõe circunstâncias e variáveis – um fato observável pode gerar diferentes consequências, então a observação, por lógica, não é suficiente para explicar o fato.
As distorções do Pragmatismo
O pragmatismo, contudo, pode ser frequentemente distorcido com base no princípio da “verdade é o que funciona”. É próprio de governos e líderes autocráticos usar de correntes pragmáticas e da prática para validar o seu poder.
Parece que Benito Mussolini tinha essa concepção, assim como muitos outros ditadores e líderes autoritários – os próprios presidentes militares no Brasil, como muitos de seus apoiadores, pautaram-se no pragmatismo para, por anos a fio, sustentar a ideia do “Milagre Econômico”, por exemplo. A verdade é aquilo que funciona.. até não mais funcionar. Os filósofos norte-americanos que elaboraram as doutrinas do Pragmatismo – William James, Charles Peirce e John Dewey – nunca estabeleceram nada que justificasse essa interpretação. Afirmavam que se pode dizer que uma ideia “funciona” apenas quando as ações baseadas nela levam a resultados previstos.
Referências:
- KINOUCHI, Renato Rodrigues. Notas introdutórias ao pragmatismo clássico. Scientiae studia, v. 5, p. 215-226, 2007.
- DO NASCIMENTO, Edna Maria Magalhães. Pragmatismo: uma filosofia da ação. Redescrições, v. 3, n. 1, 2011.
Por: Carlos Artur Matos
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