A caatinga é um tipo de bioma presente em regiões de clima semidesértico, ou seja, quentes e com baixa umidade. Apresenta uma vegetação e uma biodiversidade típicos e ocupa boa parte da Região Nordeste do Brasil. As espécies vegetais da caatinga, em sua maioria, são constituídas de arbustos e vegetais de porte arbóreo pequeno.
Nessas regiões, o solo apresenta características arenosas ou areno-argilosos. São pedregosos e possuem uma concentração pequena de matéria orgânica. Nas estações de maior seca, os vegetais adquirem aspecto ressecado e esbranquiçado, daí a origem do nome (“caa” = mata, “tinga” = branca). Folhas praticamente somem nessa época e dão lugar a espinhos.
A área coberta pela caatinga corresponde a 11% do território nacional, ou cerca de 844 mil km2. Cerca de 23 milhões de brasileiros povoam as áreas cobertas pela caatinga, sendo que muito dessa população vive abaixo da linha de pobreza. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 77% dos municípios da região são afetados negativamente pelo rigor desse bioma, tendo suas populações afetadas economicamente.
Localização
Dez estados brasileiros estão na área coberta pela caatinga – Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais.
Embora o nome que usemos seja de origem brasileira e indígena, a caatinga também pode ser encontrada em outros países sul-americanos: a Venezuela e a Colômbia, além de regiões desérticas do Peru, Argentina, Chile e Equador.
Clima
O clima predominante na zona da caatinga é o semiárido. Nessas regiões a estação de seca dura de 6 a 8 meses por ano.
Há, nessas regiões, dois períodos pluviométricos distintos e bastante contrastantes. Em termos globais, a caatinga está numa zona subequatorial. Em termos de relevo, situa-se numa zona interplanáltica – no caso brasileiro, entre os planaltos da Borborema e Sertanejo. As temperaturas médias variam entre 25 °C e 29 °C, com baixa amplitude térmica anual.
As chuvas são escassas e mal distribuídas ao longo do ano, ocorrendo principalmente no primeiro semestre, com média pluviométrica de 500 mm anuais. A grande concentração do período de chuvas em conjunção com os extensos períodos de seca criam rios temporários e açudes que correm apenas durante parte do ano.
Vegetação
O bioma da Caatinga é caracterizado, em grande parte, por plantas xerófitas – gramíneas, pequenos arbustos, árvores de menor porte com caules retorcidos e cobertos de espinhos – mas também há a presença de árvores caducifólias ou decíduas (com queda das folhas). E claro, cactáceas – comuns a regiões desérticas. Biogeograficamente, pode-se classificar cinco tipos de vegetação que compõe a caatinga:
- caatinga seca não arbórea – formada principalmente pelas cactáceas;
- caatinga seca arbórea – formada pela vegetação arbustiva esparsa;
- caatinga arbustiva densa – formação de pequenos bosques arbustivos;
- caatinga de relevo mais elevado – formação de bosques densos, formados com auxílio de maior pluviosidade;
- e caatinga do Chapadão do Moxotó – formação endêmica desta área de chapada, com cactáceas arbóreas em formato de “candelabros”.
Há determinadas espécies que se tornaram célebres na caatinga, seja por sua importância econômica ou por sua predominância. Algumas dessas espécies inclusive viraram títulos de livros, novelas e cantigas populares.
O mandacaru
O mandacaru é uma espécie de cacto comum na caatinga. Mandacaru do tupi e significa “espinhos agrupados e danosos”. Os espinhos são queimados pelas populações locais e o restante do cacto utilizado como alimento alternativo para animais – especialmente bovinos, ovinos e caprinos.
O xique-xique
O xique-xique é outro cacto famoso no Nordeste. Seu nome inclusive batiza uma cidade no estado da Bahia. O xique-xique possui flores esbranquiçadas e produz um fruto de coloração avermelhada que é comestível quando maduro.
O juazeiro
Outra espécie celebrada, batiza cidades em dois estados nordestinos (Juazeiro, na Bahia, e Juazeiro d Norte, no Ceará). O juazeiro é uma árvore de médio porte que produz pequenos frutos, do tamanho de uma cereja, muito utilizados pela população local no preparo de geléias e doces.
A carnaúba
Essa espécie tem importância econômica essencial na região. A carnaúba é uma espécie de palmeira mais presente no norte da zona da caatinga. A carnaúba é conhecida pela sua cera, mas a verdade é que ela oferece inúmeros insumos para a população local. Seu tronco e palha são usados na construção e decoração, enquanto que as raízes possuem aplicações medicinais. Os frutos são usados em rações animais e a cera da carnaúba, um produto caro e valorizado, possui aplicações industriais que vão desde a produção de cosméticos até o emprego na lubrificação em setores como o eletrônico e o automotivo.
Fauna
O rigor do clima e da vegetação levou à conclusão, inicialmente, de que a caatinga era um bioma pobre em termos de fauna. Contudo, há mais de 1300 espécies distintas na região, muitas delas endêmicas – cobras, lagartos, insetos e até alguns pequenos mamíferos que habitam apenas a zona da caatinga.
Hidrografia
Grande parte da cobertura hidrográfica na caatinga possui rios de intermitência periódica, porém alguns rios de vazão mais poderosa desaguam no Atlântico, atravessando as extensas áreas de seca. O principal deles é o Rio São Francisco, conhecido também como “Rio da Unidade Nacional” – por ligar Minas Gerais ao Nordeste.
As águas do rio criam um “respiro” no semiárido e abastecem, por meio de açudes, canais e transposições, boa parte das populações ao seu redor. Sendo um rio de planalto em boa parte de seu curso, o São Francisco também possui especial importância na geração de energia na região.
Relevo
O relevo da Caatinga apresenta altitudes até 1.100 metros (variação entre planaltos de 670 a 1.100 metros), sendo conhecida como região de depressões interplanálticas pediplanizadas. Trata-se de uma formação geológica antiga.
- as regiões de topo de morro são de formação sedimentada no Período Cretáceo;
- nas áreas mais baixas e regiões de escarpas, sua formação é associada ao Período Paleozoico;
- os morrotes ou morros testemunhos do tipo inselberg têm sua formação ligada ao fim do Período Terciário e início do Quartenário, o que justifica, para esse domínio, os títulos de “terras erodidas, ou esculpidas, ou ainda altos pelados”. Essas formações são: Planalto da Borborema, Chapada Diamantina, Chapada das Mangabeiras, Espigão Mestre, Chapadas residuais do Araripe, Grande, Apodi, Ibiapaba, entre outras.
A área cortada pelo curso do São Francisco e sua bacia é conhecida como Depressão Sertaneja, formando um complexo de vales irregulares na porção sul da zona coberta pela caatinga.
Solo
O solo da região é raso, arenoso e pobre em nutrientes, pela baixa pluviometria e hidrografia escassa. Próximo dos leitos dos rios, especialmente aqueles perenes, o solo é fértil e adequado ao plantio. Contudo, à medida que se avança para o sertão, o solo torna-se cada mais pedregoso, arenoso e repleto de rochas metamórficas típicas de regiões desérticas. Em termos de coloração, muito do solo da caatinga é duro e possui um tom alaranjado, lembrando um tijolo.
Por: Carlos Artur Matos