Rio dos estados de Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, pertencente à bacia a que dá nome. O rio São Francisco, ternamente chamado de Velho Chico, nasce na Serra da Canastra (MG), a mais de 1.000 m de altitude, e deságua no Atlântico, após um curso de 2.863 km.
Navegável em quase toda a extensão, é o maior dos rios genuinamente brasileiros, denominado rio da unidade nacional por servir, desde os tempos coloniais, como elemento de ligação entre o Sul e o Nordeste do país.
História
O Rio recebeu esse nome quando o navegador Américo Vespúcio, o mesmo que deu nome ao continente americano, em 1501, transitava pela costa brasileira e deparou-se com a foz de um rio, como era de costume. Toda vez que era encontrado um novo curso de água, a ele era dado o nome do santo do dia. Como aquele dia era 4 de outubro, foi dado o nome em homenagem ao padroeiro da causa ambiental, São Francisco de Assis.
Durante o Período Colonial, as margens do rio serviram como guia para exploradores do Sertão brasileiro e, principalmente, para a criação de gado, atividade econômica secundária que abastecia os grandes engenhos de cana-de-açúcar, por isso o rio era conhecido como “Rio dos Currais”. Foi em volta desses estábulos que se desenvolveram alguns povoados que deram origem a cidades.
Características
Extensão
O Rio São Francisco é o maior rio genuinamente brasileiro, com 2.863 km de extensão e uma bacia hidrográfica com área de 638 mil km².
Nascente
Sua nascente está situada na região sudoeste de Minas Gerais, na região da Serra da Canastra, área protegida por um Parque Nacional, mas cercada de propriedades rurais que praticam técnicas ultrapassadas, como as queimadas, que todo ano fogem do controle do homem e invadem o parque, provocando problemas para o bioma da região.
Foz
O São Francisco deságua no Oceano Atlântico, entre os Estados de Alagoas e Sergipe, nos municípios de Penedo (AL) e Cabeço (SE), depois de percorrer mais de 2.800 km.
Regime
Trata-se de um rio perene, ou seja, que apresenta um regime mínimo de vazão durante todo o ano, mesmo no período de seca e estiagem. Percorre parte do estado de Minas Gerais e segue para os estados da Bahia, de Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Bacia hidrográfica
O sistema hidrográfico do São Francisco abrange 521 municípios pelos estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, além de Goiás e do Distrito Federal.
A região da bacia classifica-se em Alto, Médio, Sub-médio e Baixo São Francisco e é de grande importância, pois transporta para o semiárido grande volume de água que beneficia desde regiões muito pobres até áreas mais ricas. Grandes centros urbanos com alta densidade demográfica, assim como municípios e vilarejos com baixa densidade demográfica, também são atendidos pela bacia do São Francisco.
Navegação
O médio curso do Rio São Francisco inicia-se em Pirapora-MG e termina entre as cidades de Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco. É o principal trecho navegável deste curso d’agua um dos mais explorados também, num trecho de 1.300 quilômetros.
Importância do Rio São Francisco
O São Francisco é o principal rio que atravessa o sertão do país. As hidrelétricas instaladas ao longo do seu curso abastecem as regiões Sudeste e Nordeste. Também serve de fonte de irrigação agrícola e navegação.
No passado, foi decisivo para o povoamento do interior do Nordeste. Há projetos agropecuários de destaque no Vale do São Francisco, tanto na área de fruticultura irrigada como na produção intensiva de algumas frutas.
A agricultura é marcada pela presença de grandes lavouras que vão desde a cana-de-açúcar, para a produção de cachaças, até lavouras irrigadas com alta tecnologia, transformando o Sertão em um oásis da fruticultura brasileira, empregando em torno de 250 mil pessoas e produzindo, aproximadamente, 1,4 milhão de toneladas de frutas, entre as quais se destacam as mangas, as uvas de mesa e as uvas para produção de vinhos e até culturas tradicionais de climas mais frios, como as peras.
No final de seu médio curso, está o lago da hidrelétrica de Sobradinho. Com mais de 800 km² de área, ele possui capacidade máxima que ultrapassa os 30 km³ de água e é o principal ponto de captação para a irrigação das principais lavouras da região.
Os problemas do Velho Chico
A relação entre a ocupação humana e o Rio São Francisco é conflituosa desde os primeiros quilômetros de seu curso, apresentando diversos problemas relacionados ao desmatamento nas encostas, ao despejo de esgoto sem tratamento, à degradação da mata ciliar, à mineração, aos desvios de grande volume de água para abastecer projetos de irrigação e canais, provocando, assim, um enorme impacto negativo para o ecossistema da região que atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Outra causa para a redução de espécies animais no alto curso do rio são as construções das barragens para instalação de hidrelétricas. Em todo seu curso, foram instaladas nove unidades de geração de energia, sendo que a primeira barragem, a usina de Três Marias, fica em Minas Gerais.
Outros problemas enfrentados no alto curso do rio, em Minas Gerais, são os relacionados com a erosão, o despejo de esgoto sem tratamento e a mineração. Já nos primeiros agrupamentos humanos que o Rio São Francisco margeia, o esgoto é despejado sem qualquer tratamento. Estima-se que os dejetos de mais de dez milhões de pessoas são jogados no rio, que atravessam a região metropolitana de Belo Horizonte, o Rio das Velhas e o Paraopeba, afluente este que possui em sua bacia diversas mineradoras que extraem o minério de ferro e depositam os rejeitos dessa atividade em barragens.
Após receber as águas poluídas desses afluentes, o Rio São Francisco sofre outras agressões, como retificações do seu curso, provocando aumento na velocidade do fluxo de água e, consequentemente, acelerando o processo de desbarrancamentos, além de não propiciar a formação das lagoas marginais que são os berçários de várias espécies animais. Essa retificação é uma das causas da redução de peixes apontadas por pesquisadores e ambientalistas.
As práticas nocivas ao meio ambiente estão muito presentes na região, agravando os impactos ambientais da bacia. Uma delas é o desmatamento das encostas dos morros próximas às nascentes, promovendo a aceleração do processo de erosão e facilitando o surgimento de enormes voçorocas, que aterram nascentes e diminuem o fluxo de água que chega até o Rio São Francisco.
Além deste problema, há a invasão de terras às margens dos cursos d’água por posseiros que desmatam para a formação de pastagens e, posteriormente, para a ampliação das lavouras. Este processo de destruição colaborou para a pior estiagem registrada na Bacia do São Francisco, entre 2013 a 2015, quando estima-se que 70% dos afluentes secaram. Este cenário de devastação, juntamente com as mudanças climáticas ocorridas em âmbito mundial, estão acelerando e preocupando especialistas, ambientalistas e várias pessoas que vivem às margens da Bacia do São Francisco. Um dos maiores temores é o processo de desertificação.
A transposição das águas do São Francisco
Um projeto muito polêmico está em andamento e vai mudar a vida do rio São Francisco. Trata-se do Projeto de Transposição das Águas do Rio São Francisco (Pisf), que prevê duas captações a partir de dois grandes canais a serem construídos (chamadas de Eixo Norte e Eixo Leste).
A abertura desses canais irá levar água a outras bacias hidrográficas, situadas nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. A proposta é que por meio desses canais de irrigação, a água chegue até o Sertão Nordestino. Essa captação, que deve ser feita após a barragem de Sobradinho, deverá retirar do rio água correspondente a uma vazão de 26 m³/s, mais um excedente médio de 63 m³/s sempre que o lago de Sobradinho estiver cheio ou vertendo.
A captação do Eixo Norte está prevista para ser implantada no Município de Cabrobó (PE), na calha do rio São Francisco, ao passo que a captação do Eixo Leste será no Município de Floresta (PE), no reservatório de Itaparica. Os 700 km de canais serão construídos ao longo do Rio São Francisco, para a distribuição de suas águas.
O projeto tem gerado muitas críticas sobre sua real utilidade e benefícios. Muitos dizem que irá beneficiar o Sertão Nordestino, que sofre com a falta d’água.
Outros dizem que o projeto é caro (principalmente porque para distribuir as águas será preciso criar estações elevatórias, já que há grande desnível altimétrico entre o leito do rio e as regiões que receberão as águas) e pode contribuir para piorar as condições do rio, que vem enfrentando problemas de secas dos afluentes, desmatamento das matas ciliares, assoreamento e poluição.
Relatórios de Impacto Ambiental indicam que a transposição causaria uma série de problemas, como a devastação do habitat natural de milhares de espécies, perda da flora, problemas sociais com a desapropriação e remanejamento das populações dessas regiões, entre outros.
Veja também:
- Bacia do Rio São Francisco
- Hidrografia Brasileira
- Nordeste: Quadro Natural
- Aspectos Geográficos do Brasil
- Rio Nilo