História

Luís XIV – O Verdadeiro Rei Absoluto

Luís XIV, O Rei Sol, rei de França que governou desde 1643 até 1715, nasceu a 5 de Setembro de 1638 em Saint-Geramin-en-Laye e faleceu a 1 de Setembro de 1715 em Versalhes, símbolo da monarquia absolutista.

Filho de Luís XIII e Ana de Aústria sucedeu ao seu pai em Maio de 1643, com apenas quatro anos e oito meses, desde então saudado como uma “divindade visível”. Cresceu entre amas e criados, por cujo descuido quase morreu afogado numa piscina.

Tinha nove anos quando em 1648 os nobres e a corte de justiça de Paris se insurgiram contra o Primeiro-ministro, o Cardeal Joules Mazarin e contra a coroa, foi então que começou uma longa guerra civil, conhecida como La Fonde, período em que a família real passou severas privações e humilhações. Somente em 1653, Mazarin, dominou o movimento e então montou um grande um grande aparato real centralizado no jovem príncipe.

A partir deste momento, foram realizados os preparativos para que, de fato, o rei reinasse. Foi iniciada a construção do Palácio de Versalhes, fortaleza tornada sede do governo absoluto. Em 1660, Luís XIV assumiu em definitivo o comando do país, cercou-se dos melhores homens da França, entre eles Colbert, seu ministro das finanças.

Retrato de Luís XIV.
Luís XIV

Apesar de coroado Rei, Luís XIV não diminuiu os poderes de Mazarin, a quem devia praticamente toda a sua educação e formação cultural. Uma velha guerra contra a Espanha, iniciada em 1635, estava a terminar, ora isto era favorável à França, pois esta passava a ser potência europeia. O rei de França deveria ser um soldado, assim Luís XIV passou por um treino num campo de batalha.

Para ratificar e dar mais valor ao tratado de paz com a Espanha, Luís XIV, apesar de estar apaixonado há alguns anos pela sobrinha de Mazarin, Marie Mancini, casou em 1660 com Marie-Thérèse da Áustria, filha do rei espanhol, contra a sua vontade, tendo anotado no seu diário: “Exercendo uma tarefa totalmente divina aqui na terra, precisamos parecer incapazes de perturbações que possam compromete-la”.

Para o rei, que se via a si mesmo como representante de Deus na Terra, qualquer desobediência ou rebeldia seria considerada pecado, a sua fé absoluta na divindade da sua missão fizeram com que comunicasse aos seus ministros, após a morte de Mazarin em Março de 1661, que a partir daquela em diante governaria sozinho, pois acreditava que ainda conseguia ter mais poder nos domínios franceses que o próprio Papa.

Luís XIV provocou uma série de guerras entre 1667 e 1697 a fim de expandir as fronteiras da França para o Leste, onde se apropriou de terras do Sacro Império Germânico, isto para assegurar o trono espanhol para o seu neto.

Teve ministros para executarem as suas ordens, entre os quais se encontrava o mais inteligente entre todos os outros ministros: Jean-Baptiste Colbert, Marquês de Louvois. Este dedicou-se à sua tarefa de governo todas as horas do dia durante 54 anos, sem que qualquer detalhe escapasse à sua atenção, desde a etiqueta e o cerimonial na Corte, a diplomacia e o movimento das tropas, até ás disputas teológicas sobre os seus poderes em rivalidade com os do Papa, Colbert ajudou o rei, supervisionando as construções dos palácios, portos, estradas e canais, e descobrindo fontes de recursos, principalmente procurando aumentar as exportações de produtos franceses, ajudado até mesmo pela pirataria nos mares e assaltos as colônias portuguesas e espanholas, inclusive o Brasil.

Manobrando com os atrativos e o prestígio da corte, o rei entretinha os nobres que haviam infligido tanto sofrimento à sua família, corrompendo-os com favores, entretendo-os com festas e jogos no palácio, e enviando-os em missões sem propósito e conferindo-lhes títulos e cargos vazios; enfraquecendo a nobreza, o rei também corrompeu e enfraqueceu o próprio país, tornou-se o protetor das artes, o que lhe permitia utiliza-la como instrumento político, o que Rousseau haveria de denunciar mais tarde, foi protector de Moliére e de Jean Racine, aos quais ordenou que lhe cantassem louvores, e favoreceu escultores erguendo grandes monumentos, mandou construir novos palácios em Saint-Germain, em Marly e Versalhes, a um tal preço que foi acusado de haver arruinado a nação.

No clímax do seu reinado, França parecia uma festa ímpar diante de uma Europa admirada e desejosa de imitar o seu fausto e brilho cultural, ao mesmo tempo o rei mantinha estonteante a sua vida de entretenimento e amores na corte, principalmente um tumultuado romance com Louise de La Valliére. Como aliado da Espanha, invadiu os Países Baixos espanhóis em 1667, que ele considerava herança da sua mulher, que era espanhola, uma guerra que não foi fácil e que o levou a admitir ao morrer que gostava demasiado de fazer guerras.

Luís XIV ambicionava ainda ser o rei mais poderoso da Europa. A maior rival da França era a Inglaterra, por isso seriam necessárias campanhas militares para minar a força da poderosa inimiga.

Foram inúmeras guerras em que o erário público ficou comprometido. Para fazer frente à enormidade de gastos com a Corte e com as guerras, Luís XIV aumentava os tributos sobre os huguenotes. Muitos destes já estavam reclamando, quando, em um gesto de força apoiado pelo clero, o rei revogou o Edito de Nantes (1685), iniciando uma dura perseguição aos huguenotes. Muitos protestantes fugiram e levaram consigo não apenas seus recursos, mas inclusive seus conhecimentos. A Inglaterra e a Holanda abriram as suas fronteiras para receber os vários homens de negócio que escapavam da perseguição de Luís XIV.

O resultado foi a fuga de capitais, de recursos, mas o rei tinha à sua disposição empréstimos de banqueiros sempre interessados em atender às exigências do Estado, desde que os juros fossem pagos. O Estado francês conhecia o seu auge e já apresentava sinais de decadência. Com a morte do rei, em 1715, herdou o trono seu bisneto com o título de Luís XV.

As heranças de Luís XIV

Luís XIV foi consagrado politicamente por gerar a monarquia absoluta de origem divina, por fazer triunfar uma unidade religiosa na França e por lançar a ideia de progresso e espírito crítico. Admirado até por seus inimigos, Luís XIV ousava por confiar na sua inteligência superior e por regrar os seus atos pelo amor à glória.

Ele transformara o campo de caça de Luís XIII no glorioso palácio de Versalhes, onde passou a morar no início do seu reinado. Toda a decoração fora criada por ele e para ele. A ideia de levar consigo toda a corte francesa tinha o objetivo intrínseco o de domesticar e o de agradar através de uma politica de troca de favores e pagamento de pensões aos cortesões.

Desta forma, afastou-se da massa e manipulou influências, impossibilitando qualquer ato de revolta popular. Foi com ele que surgiram as cerimônias e os rituais que hoje denominamos “etiqueta”, pois tudo era executado meticulosamente em função das suas vontades e caprichos. Para citar: o seu despertar matutino e o seu recolher noturno era observado por dezenas de cortesões. Outro mérito seu foi dar continuidade as academias.

O governo dirigia a vida intelectual da mesma forma que dirigia a vida econômica: Richelieu e a “academia para garantir o bom uso da língua”, Mazarin e a academia de escultura e pintura. Ao invés da vitalidade exuberante dos estilos anteriores a Luís XVI, prevaleceu a vitória do gosto clássico literário: composição, métrica e certa grandeza que se remetiam à influencia do Rei Sol. Foi a época da diversidade literária e de harmonia entre grandes mestres: Moliére, Racine, La Fountaine, Bossuet e até Fénelon.

Não somente na literatura, como também em outros domínios fez-se imperar o estilo Luís XIV. Para citar a arquitetura e decoração do Louvre, Versalhes, Marly, Invalides, trabalhados por Le Vau, Mansart, Perrault (consagrados arquitetos), Girardon e Coysevox (considerados escultores). Da mesma forma, privilegiava os músicos e especialmente o italiano Lulli, grande responsável pelo surgimento da ópera na França.

Com a multiplicação das academias e com a unificação criada entre os diversos ramos artísticos, Paris expandia os seus horizontes culturais. Todo este movimento foi dirigido pelo Rei Sol, que discutia os seus projetos e impunha o seu gosto. Gosto esse caracterizado pela regularidade, pela distinção, e pelo que havia de grandioso.

Conclusão

Luís XIV da França reinou mais tempo que qualquer outro monarca na Europa: 72 anos, tornou-se rei aos 5 anos em 1643,embora só começasse a reinar efetivamente aos 24 anos.

A vida de fausto em que o rei vivia no seu novo palácio de Versalhes, deu-lhe o apelido “O Grande Monarca”, outro titulo “O Rei Sol”, nasceu devido a um personagem que interpretou num baile na corte e que se adequava perfeitamente à sua posição central na politica da França.

O reinado de Luís XIV nem sempre foi sábio: entrou em quatro guerras que lhe trouxeram poucos benefícios, considerando a quantidade de dinheiro e de vidas nela despendidas. Perseguiu os Huguenotes até que 400.000 deles, os melhores artesãos de França, fugiram do país.

Quando morreu em 1715, tendo sobrevivido ao seu filho mais velho e a seu neto, Luís XIV deixou uma França empobrecida e cheia de problemas.

Autoria: Sith Lord

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