Segundo as questões expostas, os reais motivos do fracasso escolar estariam vinculados às questões externas à escola, principalmente em relação aos alunos desfavorecidos economicamente, sendo a educação compensatória uma forma de equilibrar as deficiências de diferentes origens, entre elas a linguística.
A língua, como um fenômeno social exerce um papel importante no contexto dos indivíduos de diferentes origens, etnias, classes sociais.
Em relação ao Brasil, devido a sua dimensão continental, apresenta uma variação linguística muito rica, construída ao longo da história do país vinculada à miscigenação do povo. Ela está ligada à estrutura social e aos sistemas de valor da sociedade, sendo as variedades lingüísticas avaliadas de forma diferente.
Também é associado o analfabetismo, a evasão e a repetência ao baixo nível sócio-econômico dos indivíduos, onde a escola tem desconsiderado a realidade linguística do aluno, impondo a norma culta sem abrir espaços para questionamentos e análises dessa questão de forma global.
A linguagem utilizada na escola coloca em evidência as diferenças entre os grupos sociais, gerando o fracasso e a discriminação social, mesmo assim continua a usar a linguagem padrão socialmente prestigiada.
Por outro lado, o processo de introdução de crianças de das classes populares na cultura letrada tem sido um desafio para o sistema de ensino, pois o fracasso escolar persiste, enquanto repetência e evasão.
Principalmente as escolas públicas deixam muito a desejar no sentido de tranformar e adaptar seus projetos pedagógicos à realidade local e ao contexto onde está inserido, dessa forma se torna difícil uma mudança de paradigmas.
O fracasso escolar aparece atualmente entre os problemas do sistema educacional mais estudados e discutidos. Entretanto, o que ocorre é a busca pelos culpados de tal situação e, a partir daí, percebe-se um jogo onde ora se culpa a criança, ora a família, ora uma determinada classe social, ora todo um sistema econômico, político e social. Diante desta realidade, o objetivo da escola deve ser o de ensinar a variante padrão, cuja apropriação constitui direito de todos.
A apropriação da língua padrão não implica, no entanto, a anulação da variante ou dialeto da criança. Trabalhar com as diferenças significa permitir a apropriação e utilização de duas ou mais variações em situações específicas. O educador pode mostrar ao aluno a importância de se adquirir o variante padrão, pois ele vai precisar dela em inúmeras situações de sua vida.
É necessário que a escola possibilite um contato mais intenso com a escrita, com vários portadores de texto, o que deve ser mais enriquecido, no caso das crianças que não possuem oportunidade deste contato em casa. Além disso, é necessário trabalhar na escrita com vários gêneros textuais que se aproximem mais da fala e que sejam de interesse das crianças, especialmente as mais pobres, tais como revistas em quadrinhos, bilhetes entre amigos, cartas entre outros e gêneros que se distanciam mais da fala como os contos de fada e outras narrtativas.
Em todas as situações, a lnguagem exerce um papel essencial, visto que possibilita ao falante constituir-se como sujeito diante do outro, expressando suas opiniões, tomando consciência de si mesmo e do mundo que o cerca
REFERÊNCIAS
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. Campinas/São Paulo: Autores Associados.
TARALLO, Fernando. A pesquisa sócio-lingüística. São Paulo: Ática, 1986.
Por: Iara Maria Stein Benítez