01. Reconheça nos textos a seguir, as funções da linguagem:
a) “O risco maior que as instituições republicanas hoje correm não é o de se romperem, ou serem rompidas, mas o de não funcionarem e de desmoralizarem de vez, paralisadas pela sem-vergonhice, pelo hábito covarde de acomodação e da complacência. Diante do povo, diante do mundo e diante de nós mesmos, o que é preciso agora é fazer funcionar corajosamente as instituições para lhes devolver a credibilidade desgastada. O que é preciso (e já não há como voltar atrás sem avacalhar e emporcalhar ainda mais o conceito que o Brasil faz de si mesmo) é apurar tudo o que houver a ser apurado, doa a quem doer.” (O Estado de São Paulo)
b) O verbo infinitivo
Ser criado, gerar-se, transformar
O amor em carne e a carne em amor; nascer
Respirar, e chorar, e adormecer
E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar
Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir
E começar a amar e então ouvir
E então sorrir para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver
E perder, e sofrer, e ter horror
De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer tudo ao vir um novo amor
E viver esse amor até morrer
E ir conjugar o verbo no infinito… (Vinícius de Morais)
c) “Para fins de linguagem a humanidade se serve, desde os tempos pré-históricos, de sons a que se dá o nome genérico de voz, determinados pela corrente de ar expelida dos pulmões no fenômeno vital da respiração, quando, de uma ou outra maneira, é modificada no seu trajeto até a parte exterior da boca.” (Matoso Câmara Jr.)
d) ” – Que coisa, né?
– É. Puxa vida!
– Ora, droga!
– Bolas!
– Que troço!
– Coisa de louco!
– É!”
e) “Fique afinado com seu tempo. Mude para Col. Ultra Lights.”
f) “Sentia um medo horrível e ao mesmo tempo desejava que um grito me anunciasse qualquer acontecimento extraordinário. Aquele silêncio, aqueles rumores comuns, espantavam-me. Seria tudo ilusão? Findei a tarefa, ergui-me, desci os degraus e fui espalhar no quintal os fios da gravata. Seria tudo ilusão?… Estava doente, ia piorar, e isto me alegrava. Deitar-me, dormir, o pensamento embaralhar-se longe daquelas porcarias. Senti uma sede horrível… Quis ver-me no espelho. Tive preguiça, fiquei pregado à janela, olhando as pernas dos transeuntes.” (Graciliano Ramos)
g) ” – Que quer dizer pitosga?
– Pitosga significa míope.
– E o que é míope?
– Míope é o que vê pouco.”
02. No texto abaixo, identifique as funções da linguagem
“Gastei trinta dias para ir do Rossio Grande ao coração de Marcela, não já cavalgando o corcel do cego desejo, mas o asno da paciência, a um tempo manhoso e teimoso. Que, em verdade, há dois meios de granjear a vontade das mulheres: o violento, como o touro da Europa, e o insinuativo, como o cisne de Leda e a chuva de ouro de Dânae, três inventos do padre Zeus, que, por estarem fora de moda, aí ficam trocados no cavalo e no asno.” (Machado de Assis)
03. Descubra, nos textos a seguir, as funções de linguagem:
a) “O homem letrado e a criança eletrônica não mais têm linguagem comum.” (Rose-Marie Muraro)
b) “O discurso comporta duas partes, pois necessariamente importa indicar o assunto de que se trata, e em seguida a demonstração. (…) A primeira destas operações é a exposição; a segunda, a prova.” (Aristóteles)
c) “Amigo Americano é um filme que conta a história de um casal que vive feliz com o seu filho até o dia
em que o marido suspeita estar sofrendo de câncer.”
d) “Se um dia você for embora
Ria se teu coração pedir
Chore se teu coração mandar.” (Danilo Caymmi & Ana Terra)
e) “Olá, como vai?
Eu vou indo e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo em pegar um lugar no futuro e você?
Tudo bem, eu vou indo em busca de um sono tranquilo…” (Paulinho da Viola)
Texto para as questões 04 e 05
Poética
Que é poesia?
uma ilha
cercada
de palavras
por todos os lados
Que é um poeta?
um homem
que trabalha um poema
com o suor do seu rosto
Um homem
que tem fome
como qualquer outro
homem.
(Cassiano Ricardo)
04. Quais as funções da linguagem predominantes no poema anterior?
05. Aponte os elementos que integram o processo de comunicação em Poética, de Cassiano Ricardo.
06. Historinha I
Historinha II
Qual a função da linguagem comum às duas historinhas?
07. (CESUPA – CESAM – COPERVES) Segundo o linguísta Roman Jakobson, “dificilmente lograríamos (…) encontrar mensagens verbais que preenchem uma única função… A estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante”.
“Meu canto de morte
Guerreiros, ouvi.
Sou filho das selvas
Nas selvas cresci.
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante.
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, forte,
Sou filho do Norte
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.”
(Gonçalves Dias)
Indique a função predominante no fragmento acima transcrito, justificando a indicação.
08. (PUC – SP)
“Com esta história eu vou me sensibilizar, e bem sei que cada dia é um dia roubado da morte. Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida. As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica, mórbida e obscura tendo como contratom o baixo grosso da dor. Alegro com brio. Tentarei tirar ouro do carvão. Sei que estou adiando a história e que brinco de bola sem bola. O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras. É uma fotografia muda. Este livro é um silêncio. Este livro é uma pergunta.” (Clarice Lispector)
A obra de Clarice Lispector, além de se apresentar introspectiva, marcada pela sondagem de fluxo de
consciência (monólogo interior), reflete, também, uma preocupação com a escritura do texto literário.
Observe o trecho em questão e aponte os elementos que comprovam tal preocupação.
09. (FATEC) O senão do livro
COMEÇO a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade. mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração cadavérica, vício grave, e aliás ínfimo, porque o maior defeito deste livro és tu, leitor. Tu tens pressa de envelhecer, e o livro anda devagar; tu amas a narração direta e nutrida, o estilo regular e fluente, e este livro e o meu estilo são como os ébrios, guinam à direita e à esquerda, andam e param, resmungam, urram, gargalham, ameaçam o céu, escorregam e caem…
Este trecho revela o estilo de:
a) MANUEL ANTONIO DE ALMEIDA, ao usar uma linguagem apelativa, direcionada à reflexão
crítica da obra romântica.
b) GRACILIANO RAMOS, ao revelar a quebra da ordem cronológica da narrativa de suas obras,
como reflexo coerente da instabilidade psicológica e espacial de suas personagens.
c) MACHADO DE ASSIS, ao questionar o leitor quanto à linha lógica e impositiva do tempo velho da
obra literária e, ao mesmo tempo, conscientizá-lo de um novo modo de ler.
d) LIMA BARRETO, ao retratar o estilo incoerente de suas personagens em seus atos de loucura.
e) CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, ao especular o tempo e a qualidade de vida do homem
(leitor) em interação com o tempo da narrativa.
Leia o artigo: Funções da Linguagem e Comunicação
Respostas:
01. a) função referencial b) função poética
c) funções referencial e metalinguística d) função fática
e) função conativa f) função emotiva
g) função metalinguística
02. Função emotiva
03. a) função referencial
b) função referencial
c) funções referencial e metalinguística
d) função poética
e) função fática
04. Funções poética e metalinguística.
05. Código, emissor e mensagem.
06. Função metalinguística, último quadro de cada historinha.
07. Função emotiva – predominância de 1ª pessoa.
08. Nesse fragmento de Clarice Lispector, além da preocupação introspectiva em fisgar elementos interiores, profundos, beirando uma revelação epifânica transcendental, há também a preocupação constante com a própria escritura do texto literário, usando-se a função metalinguística.
A discussão ou abordagem da tessitura narrativa aparece em passagens como: “As palavras são sons transfundidos de sombras que se entrecruzam desiguais, estalactites, renda, música transfigurada de órgão. Mal ouso clamar palavras a essa rede vibrante e rica (…)”, “Sei que estou adiando a história e que brinco de bola sem bola. O fato é um ato? Juro que este livro é feito sem palavras (…)” e “Eu não sou um intelectual, escrevo com o corpo. E o que escrevo é uma névoa úmida”.
09. C