A arte indígena não é uma atividade separada, individualizada. Normalmente, ela se mostra totalmente ligada à vida cotidiana e a elementos rituais, como nas pinturas corporais. Estas fazem com que cada grupo ou tribo indígena se torne diferente de outra. Mesmo assim, muitas tribos, como os karajás, usam a pintura corporal como enfeite.
Uma pintura corporal ou uma dança ritual, por exemplo, bem ou não tão bem executadas cumprem seu papel social. No entanto, a qualidade da pintura e a habilidade do dançarino são avaliadas do ponto de vista artístico. Sem dúvida o pintor ou o dançarino têm suas habilidades reconhecidas pelo grupo e ganham certo prestígio por isso.
A influência da arte indígena se faz sentir hoje onde ainda há ocupação indígena, pois o contato desses grupos com comunidades ribeirinhas, vilas e cidades faz com que estes grupos não índios sejam influenciados pela cultura nativa. Esta situação ocorre com maior frequência nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil.
Pintura Corporal
Uma característica marcante dos povos indígenas do Brasil é a pintura corporal, que identifica a classificação social de cada indivíduo em sua etnia. É possível verificar que a pintura exige técnica e depende da habilidade de quem a faz. Entre os cadiuéus, por exemplo, a pintura da face é feita a partir de alguns elementos básicos, como espirais, listras, cruzes etc.
O arranjo destes elementos é livre, podendo alcançar uma infinidade de combinações. Pela liberdade que se tem para combinar estes elementos, a pintura da face se torna uma atividade artística, dependendo da noção estética do pintor. Outro exemplo semelhante é o das mulheres carajás, que se pintam com padrões de desenhos inventados por elas mesmas.
Na pintura corporal, o urucum geralmente é utilizado para extrair a cor vermelha. Do jenipapo, obtém-se um tom de azul bem escuro, quase preto. Além disso, há o pó de carvão para a cor preta e calcário para a cor branca. A pintura pode ser feita com as mãos e os dedos ou pode-se utilizar hastes de palha. Em alguns casos, são feitos carimbos esculpidos em madeira ou outro material para se imprimir os padrões no corpo.
Arte Plumária
Outro importante trabalho indígena é a arte plumária. Nela se constitui trabalhos com plumas e penas de pássaros. Esses podem ser colares, braceletes, brincos, diademas, toucas, caudas e mantas. Ao contrário do que se imagina, os indígenas não utilizam a arte plumária cotidianamente. Os adornos são usados apenas em rituais e depois guardados. Há grande preocupação dos indígenas em conservar tais adornos.
As penas são obtidas na caça a algumas aves, porém, quando desejam obter penas de cor específica, podem tingir penas brancas com um corante ou utilizam uma técnica chamada tapiragem. A tapiragem consiste em depenar a ave viva e esfregar em sua pele substâncias que influenciam a cor da penugem que irá nascer ou, então, muda-se a alimentação da ave para obter o mesmo efeito.
Cerâmica e Cestaria
A grande maioria de tribos indígenas desenvolvem também a cerâmica e a cestaria. Os cestos são, em sua grande maioria, produzidos a partir de folhas de palmeiras e usados para guardar alimentos. Já na cerâmica, são produzidos vasos (às vezes zoomóficos) e panelas através do barro modelado. Tanto na cerâmica como na cestaria, são usados também a pintura (a mesma de seu corpo) e desenho abstrados para colorir seus trabalhos.
Música
Os índios também valorizam muito a música. Muitos instrumentos musicais foram criados pelos indígenas, como flautas e chocalhos. A música era usada por todas as tribos como passatempo ou em rituais sagrados.
Por: Mahatma Porto Araújo