Artes

Semana de Arte Moderna 1922

No contexto do desenvolvimento da cultura brasileira, um fato importante despontou em São Paulo, a Semana da Arte Moderna de 1922. A influência estrangeira, marcadamente europeia, era intensa não só entre a elite (crescia o número de novos ricos) mas também no interior da camada operária composta, entre outros, por imigrantes italianos.

São Paulo era a segunda cidade do Brasil em tamanho e a primeira em progresso, em função do binômio café/indústria, revelando-se receptiva às mudanças que se efetuavam nos grandes centros capitalistas, particularmente europeus. Uma série de tendências artísticas representativas do “espírito moderno” (futurismo, dadaísmo, cubismo, surrealismo), todas elas rompendo com a estrutura racional predominante nas Artes desde o Renascimento, influenciavam a Europa e a América, agora mais próximas devido aos novos meios de transporte e comunicações.

Exposição de Artes Plásticas da Semna da Arte Moderna de 1922No Brasil, o espírito modernista foi apresentado por: Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto e Graça Aranha, autores que se desligaram de uma literatura de “falsas aparências”, procurando discutir ou descobrir o “Brasil real”, frequentemente “maquiado” pelo pensamento acadêmico. As novas tendências apareceram em 1917, em trabalhos: da pintora Anita Malfatti, do escultor Brecheret, do compositor Vila Lobos e do intelectual Oswaldo de Andrade.

Embora não existisse um movimento modernista organizado, as novas tendências passaram a ser o foco do debate cultural no país, à medida que eram criticadas pelo academicismo reinante, que intitulava pejorativamente de “futuristas” todos os modernos. Os partidários do modernismo, em meio ao debate que se acirrou, decidiram realizar uma “Semana da Arte Moderna” de 11 a 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo. O acontecimento foi marcado por: exposições de quadros, conferências, declamações e concertos.

A Semana foi apoiada por elementos da elite paulista, que estavam ligados à cultura europeia, fato comum na sociedade da América. Porém, algo estava se modificando: tratava-se de usar a cultura do Velho Mundo sem imitações vazias e servis, visando elaborar o que era específico da cultura brasileira, isto é, destruir uma ordem artística decadente e despertar consciências para a realidade brasileira. Redescobrir o Brasil foi a grande meta dos modernistas e, para isto, preocuparam-se em combater as antigas formas do academicismo-sentimentalismo, que dominavam o meio cultural brasileiro.

Mario de Andrade, Menotti dei Pichia, Ronald de Carvalho, Oswaldo de Andrade, Vila Lobos, Guiomar Novaes e Di Cavalcante apresentaram poemas, concertos, conferências e pinturas na Semana de Arte de 22.

Depois da sua realização, o prestígio e a produção cultural dos modernistas fez aumentar o debate e, transbordando para o terreno da política, alimentou um forte sentimento nacionalista e uma preocupação crescente com as coisas do povo brasileiro. Baseando-se nas preocupações sociais e políticas, despontaram duas correntes de pensamento. Uma, de esquerda, atrelada ao “Movimento Pau-Brasil”, tendo como expoente: Oswaldo de Andrade. Outra, de direita, apoiada no “Movimento da Anta” e no “Verde-Amarelismo” de Plínio Salgado.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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