Che Guevara (1928-1967) foi um revolucionário argentino, cuja negativa em aderir tanto ao capitalismo como ao comunismo ortodoxo o tornou herói dos grupos esquerdistas que surgiram na década de 1960.
Biografia
Ernesto Guevara de La Serna, ou simplesmente Che Guevara, nasceu no seio de uma família de classe média de Rosário, Argentina. Filho de Ernesto Guevara Lynch, engenheiro civil, e de Célia de la Serna, responsável por quase toda a educação primária do filho em casa.
Apesar de ter nascido em Rosário, Che praticamente não viveu lá. Aos dois anos de idade contraiu uma infecção que resultou em ataques de asma, o que fez com que a família Guevara mudasse para Alta Gracia, Córdoba, devido ao clima mais úmido.
Antes de iniciar o ensino médio, já havia alguns livros que influenciariam definitivamente a sua vida como revolucionário. Na biblioteca de seu pai, leu alguns clássicos como Marx, Engels e Freud. Aos vinte anos, o jovem Ernesto ingressou na Escola de Medicina da Universidade de Buenos Aires, inicialmente para cursar medicina por causa da sua própria doença. Na Universidade conheceu Alberto Granado, médico especializado em leprologia.
A viagem pela América do Sul
O espírito inquieto do estudante fez com que o mesmo partisse em uma viagem pela América do Sul com seu amigo Alberto e uma motocicleta batizada de ‘La poderoza‘. Na viagem, a vida dos jovens se deparou com conflitos, problemas, pobreza e a extrema miséria de indígenas e povos dos vários países pelos quais passaram. Essa viagem é narrada em um diário de Che Guevara, do qual originou-se um filme que retrata as venturas e desventuras dos jovens e da motocicleta.
Na Bolívia
Em meados de 1950, fez uma nova viagem e terminou seu curso de Medicina. Nessa mesma década, passando pela Bolívia, presenciou uma revolta dos trabalhadores e a reforma agrária propulsora da Revolução Nacional de 1952.
Na Guatemala
A partir desse momento, foi para a Guatemala, onde o presidente Jacob Arbenz iniciava uma política de reforma agrária. Derrubado o regime de Arbenz, Che Guevara, que o apoiava, foi condenado à morte pelo novo regime de Castillo Armas, apoiado pelos Estados Unidos. Exilou-se no México.
No México
No México, convencido de que a revolução era a única solução possível para acabar com as injustiças sociais existentes na América Latina, se filiou ao Movimento 26 de Julho, grupo integrado por revolucionários cubanos exilados, liderado por Fidel Castro, que nesta ocasião preparavam-se para invadir Cuba.
Em Cuba
Ernesto decide compor o grupo de Fidel como guerrilheiro e médico, partindo para a contestação do governo ditatorial de Fulgêncio Batista, movimento este que daria início à Revolução Cubana de 1959.
Após a vitória da revolução, Che casou-se com Aleida March de la Torre, com quem teve quatro filhos, além de já possuir uma filha de um relacionamento anterior.
Em Cuba, Guevara passou a ocupar importantes cargos no novo governo, como presidente do Banco Nacional (1959-1961) e posteriormente ministro da Indústria (1961-1965). Tentou conduzir a economia segundo um modelo especificamente cubano, a partir das diretrizes do socialismo, nacionalizando empresas norte-americanas e coletivizando os latifúndios.
Radicalmente contrário à influência norte-americana no Terceiro Mundo, sua presença foi decisiva na configuração do regime de Castro e na aproximação do regime cubano com o bloco comunista, abandonando os tradicionais laços que uniam Cuba aos Estados Unidos. Guevara escreveu “Relatos da Guerra Revolucionária em Cuba” (1961) e “Diário de Campanha na Bolívia” (1968), dois livros sobre a luta armada nos quais defendeu os movimentos revolucionários de base camponesa nos países em desenvolvimento.
No Brasil
Esteve no Brasil em 1961, quando foi condecorado com a Ordem do Cruzeiro do Sul pelo então presidente Jânio Quadros.
De volta à Bolívia
Em 1965, decidiu deixar Cuba para se dedicar ao treinamento de guerrilhas. Sua intenção de organizar uma revolução na Bolívia a partir do apoio da população camponesa, foi líder dos camponeses e mineiros contrários ao governo militar, mas fracassou. Seu comando guerrilheiro foi descoberto por aviões de reconhecimento de origem norte-americana e emboscado pelo exército boliviano. Che Guevara foi aprisionado em 8 de outubro de 1967 e depois executado por ordem do presidente Barrientos.
Sua morte em defesa de um ideal tornou-o ídolo dos movimentos revolucionários estudantis em diferentes partes do mundo. Sua lenda permanece viva há quase 50 anos, como se pôde constatar na trasladação de seus restos mortais para Cuba, em 1997, momento em que Che foi enterrado com honras militares no mausoléu em Santa Clara.
Referência:
Guevara, Ernesto Che, 1928/1967. De moto pela América do Sul – Diário de Viagem de Ernesto Che Guevara. São Paulo: Sá/Rosari, 2001.