Biografias

Gabriel García Márquez

Gabriel José García Márquez, escritor colombiano, é um dos maiores nomes da literatura latinoamericana. Nascido em Aracataca, em 1927, o autor é um dos mais expressivos representantes da moderna ficção latino-americana. Um adepto vigoroso do realismo fantástico, critica em sua obra as injustiças sociais geradas pelo regime de opressão dos coronéis e respectivos clãs, que massacram a população rural, algo historicamente ligado à cultura colombiana.

Biografia

Além de jornalista e roteirista, e vencendo do prêmio Nobel de Literatura de 1982, Gabriel José de la Concordia García Márquez, é o escritor mais lido na América Latina. Sua obra foi um dos vetores do “boom” literário latinoamericano dos anos 1960 e 1970.

Marquez é filho de farmacêutico e foi criado pelos avós maternos – sendo o avô um liberal ex-coronel da Guerra dos Mil Dias, a grande guerra civil colombiana (1899-1902). O autor é um excelente narrador de histórias e coloca aspectos de sua vida diretamente na ficção fantástica que produz.

Retrato de Gabriel García Márquez
Gabriel García Márquez

García Márquez começou sua carreira jornalística em 1948. Na época, era estudante de direito e escrevia para o El Universal, de Cartagena de Índias, mas sua carreira literária já havia começado oficialmente em 1947, com a publicação do conto La tercera resignación no jornal liberal El Espectador, de Bogotá.

Seu primeiro romance, La hojarasca, saiu em 1955, cuja publicação não lhe rendeu nem um centavo – como ocorre com muitos autores. Do mesmo modo, em seu início de carreira e futuro Nobel passou três anos em busca de uma editora que o publicasse.

O autor atuou também como diretor de cinema e, em 1986, fundou em Cuba a Escola Internacional de Cinema e Televisão. Marquez faleceu em 2014, após 15 anos de luta contra um linfoma diagnosticado em 1999.

Características literárias

Seus principais temas são a solidão e a violência, sempre relacionados às questões sociais e culturais ligadas à formação da América Latina. Seu estilo único é marcado não apenas pelo talento literário, mas por sua mistura com a técnica jornalística que desde sempre dominou tão bem.

Entre as suas influências literárias estão James Joyce, Franz Kafka, Virginia Woolf, Ernest Hemingway e, principalmente, William Faulkner, além de tragédias clássicas gregas. Marquez desenvolveu um estilo de escrita capaz, ao mesmo tempo, de agradar a críticos e puristas da literatura e atingir também as grandes massas – o que lhe rendeu não apenas premiações, mas uma projeção sem precedentes entre colegas latinoamericanos.

Além do seu talento para criar histórias, García Márquez também é reconhecido por usar suas habilidades literárias para divulgar sua ideologia política — amizades e aproximações políticas, entre elas o ex-ditador cubano Fidel Castro, lhe renderam críticas, mas também notoriedade.

“Pode-se argumentar também que o escritor colombiano emprega os quatro mecanismos prescritos pelo escritor norte-americano Tom Wolfe para se fazer jornalismo literário: a construção de cena por cena, a reprodução de diálogos, o ponto de vista de terceira pessoa e o relato dos hábitos, costumes e comportamento dos pessoas” (RABELL, 1985).

Obras

Em seus livros fundem-se elementos realistas, míticos e fantásticos – junto a outros autores latinos, forma uma corrente chamado por alguns historiadores e literatos de realismo mágico, sendo Cem anos de solidão (1967) o expoente máximo dessa tendência. O livro narra a história da aldeia Macondo, onde não existe cemitério porque não há memória da morte, numa alegoria da história da América do Sul, uma fusão de culturas. Até 1997 o romance já havia vendido 25 milhões de cópias, tendo sido adaptado para mais de 40 idiomas e ganhando prêmios internacionais e versões para TV e cinema. Outras obras do autor também merecem destaque:

  • O outono do patriarca (história de um ditador e sátira irônica e intimista do poder corrupto que vitimou e tem vitimado a América Latina), de 1975;
  • Crônica de uma morte anunciada, de 1981;
  • O amor nos tempos do cólera, de 1989, romance inspirado no cortejo que o pai do autor dedicou à sua mãe para conseguir casar-se com ela;
  • O general em seu labirinto (em que descreve os últimos anos de Simón Bolívar, do ponto de vista de sua condição humana, que, paradoxalmente, não é menos heroica que o mito que se criou à sua volta), de 1989;
  • Doze contos peregrinos, de 1993;
  • Do amor e outros demônios, de 1994;
  • Notícia de um sequestro, de 1996.

O seu último romance, Memórias de minhas putas tristes, que foi publicado em 2004, conta a história do amor entre um homem de 90 anos e uma prostituta adolescente.

Referências:

  • BELL, Michael. Gabriel García Márquez. Macmillan International Higher Education, 1993.
  • HERSCOVITZ, Heloíza. O jornalismo mágico de Gabriel García Marquez. Estudos em jornalismo e mídia, v. 1, n. 2, p. 175-195, 2004.

Por: Carlos Artur Matos