Imotep (ou Imhotep) é notável por haver sido o primeiro exemplo histórico, conhecido pelo nome, daquilo que hoje entendemos por cientista. E nenhum outro se conhece ao longo dos dois séculos que se lhe seguiram.
O único e indiscutível feito que a ele se atribuiu é o de haver sido o arquiteto da “pirâmide dos degraus”, situadas nas proximidades da antiga Mênfis (atual cidade de Sacará), no Egito. É esta a mais antiga das pirâmides egípcias, e se de fato Imotep a erigiu, cabe reconhecer-lhe o mérito literal de primeiro monumentalista.
A vida de Imotep está pontilhada de muitos outros feitos, e as histórias a esse respeito certamente não diminuem o que contam as narrativas das gerações passadas. Na maior parte delas, é ele lembrado por seus poderes de cura, que as lendas eventualmente elevam à categoria de mágica.
De fato, durante os tempos ptolomaicos, chegou ele a ser divinizado como o filho do grande deus Ptah e como o próprio deus da medicina. Seu túmulo em Sacará converteu-se em santuário, ao qual o povo afluía em busca de cura para seus males, da mesma forma como o faz hoje em dia a Lourdes. Supõem-se que pertençam a esse santuário ruínas descobertas em 1965. Nosso primeiro cientista é, como se vê, único em seu gênero, uma vez que de cientistas passou a deus.
Os gregos identificaram Imotep (a quem chamava Imouthes) a Asclépio, o seu próprio deus da medicina, e a tradição lendária a ele pertinente pode também Ter influenciado as narrativas míticas sobre Dédalo, que, se não chegou a construir uma pirâmide, supõe-se ao menos Ter construído o labirinto de Creta.
Alguns manuscritos antigos falam de Imotep como responsável por haver aconselhado a Zoser (o faraó para quem a pirâmide dos degraus fora construída) um meio de apaziguar os deuses depois de uma série de sete malogros consecutivos de inundações do Nilo, que teriam coincidido com sete anos de fome. Poderá isto Ter influenciado os últimos hebreus quando da elaboração de suas lendas sobre José?