Líder e maior doutrinador do movimento de implantação da arquitetura moderna no Brasil, Lúcio Costa consagrou-se como o criador do plano-piloto de Brasília.
Filho de brasileiros a serviço no exterior, Lúcio Costa nasceu em Toulon, França, em 27 de fevereiro de 1902 e foi educado na Inglaterra e na Suíça. De volta ao Brasil, estudou pintura e arquitetura na Escola Nacional de Belas-Artes e diplomou-se em 1924.
Na década de 1920 dedicou-se, juntamente com José Mariano Filho, ao movimento neocolonial, que propugnava por uma arquitetura de caráter brasileiro, em oposição às obras sobrecarregadas de estilos importados que predominavam na época. Construiu algumas residências no Rio de Janeiro sob essa orientação, que abandonou mais tarde, ao se identificar com as novas propostas de Gropius e Le Corbusier, defendidas no Brasil por Gregori Warchavchik.
Em 1930, nomeado pelo governo revolucionário diretor da Escola Nacional de Belas-Artes, recebeu plenos poderes para efetuar completa reestruturação nos métodos de ensino daquela instituição. Convocou Warchavchik para dirigir o ensino de arquitetura e criou o salão livre de artes plásticas, que encampou oficialmente as experimentações artísticas. Sua ação provocou reação violenta de professores e acadêmicos, que culminou com seu afastamento após seis meses de greve. Entretanto, suas ideias e propostas foram vitoriosas e contribuíram fundamentalmente para a renovação do pensamento arquitetônico no país.
Em 1938, Lúcio Costa venceu o concurso para o projeto do pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York, mas propôs que fosse escolhido o projeto de Oscar Niemeyer, segundo colocado, por julgá-lo melhor. O pavilhão foi finalmente projetado pelos dois, com a colaboração do americano Paul L. Wiener, e tornou-se, ao lado do pavilhão sueco, o melhor projeto arquitetônico da feira.
Lúcio Costa realizou poucos projetos (entre eles os edifícios para o parque Guinle, no Rio de Janeiro RJ), mas sua contribuição foi marcante para a arquitetura brasileira. Em 1957, venceu o concurso nacional para o plano-piloto de Brasília.
Construída a cidade, continuou a interessar-se por seus problemas urbanísticos e a protestar contra as medidas que desvirtuassem o projeto inicial. Em 1969, elaborou também o plano de urbanização da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que abandonou diante das inúmeras irregularidades.
Sua obra teórica é composta de numerosos ensaios, alguns definitivos para a formação da cultura arquitetônica brasileira, como “Razões da nova arquitetura” (1930) e “O arquiteto e a sociedade contemporânea” (1952).
Em 1985 publicou uma autobiografia, Lúcio Costa: registro de uma vivência. Lúcio Costa morreu no Rio de Janeiro, em 13 de junho de 1998.