Biografias

Manuel Bandeira

Reconhecido como o poeta do humilde sublime, Manuel Bandeira executa em seus versos uma das mais caras propostas do Modernismo: a poesia do cotidiano, da simplicidade. Tratando o tempo presente de modo a redimensioná-lo pela memória, reverencia a vida, a humildade, as coisas pequenas significativas, o sentimento banal, construindo o que ficou conhecido como “banal sublime”.

A força de sua poesia está na surpreendente simplicidade da linguagem, coloquial e densa, despojada e plurissignificativa ao mesmo tempo. Segundo o próprio poeta, “o grande mistério está na simplicidade“, ou seja, em exprimir com grande singeleza conteúdos humanos profundos.

Alma romântica, remodelada pelo existencialismo do século XX, sem sentimentalismos e sem idealizações, seus temas são a paixão pela vida, o conformismo com a morte, o amor e o erotismo, a solidão, a angústia existencial, a infância, as ações mecânicas do cotidiano. A própria doença (tuberculose) o assombrou desde a adolescência e o fez crer que a qualquer momento morreria.

Essa presença da morte, vista de modo melancólico e resignado, mas nunca trágico ou dramático, faz de sua poesia um dos mais comoventes testemunhos da humildade. Por conta disso, ao recriar suas experiências pessoais, acaba conferindo a elas um valor universal, em que temas e sentimentos atingem a todos.

Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Retrato de Manuel Bandeira feito por Portinari
Manuel Bandeira

Escreveu poesia, crônica e ensaios literários e de história literária. Dos seus livros de poesia, destacam-se: Cinza das Horas, 1917; Carnaval, 1919; O Ritmo Dissoluto, 1924; Libertinagem, 1930; Estrela da Manhã, 1936; Belo Belo, 1948; Opus 10, 1952; Estrela da Tarde, 1952. Toda a sua poesia foi reunida em Estrela da Vida Inteira, 1966.

Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nasceu no Recife e morreu no Rio de Janeiro. Começou a cursar Engenharia em São Paulo, mas a tuberculose o obrigou a abandonar o curso, pois tinha de internar-se em estações de tratamento frequentemente. Esteve até na Suíça, para tratar-se, por um ano inteiro.

Não quis comparecer aos eventos da Semana de 22, pois não concordava com a postura agressiva do grupo modernista, mas esteve poeticamente presente, com seu poema Os Sapos — sátira mordaz aos que ainda se ligavam ao Parnasianismo —, declamado por Ronald de Carvalho.

Foi professor de ensino regular, inspetor de ensino, professor universitário de Literatura e pertenceu à Academia Brasileira de Letras.

Por: Paulo Magno da Costa Torres

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