Biografias

Paulo Freire

Paulo Reglus Neves Freire (1921 – 1997), o menino pobre que aprendeu a ler com sua mãe rabiscando palavras e frases com gravetos no chão de terra do quintal da casa onde nasceu, no Recife, tornou-se o mais importante educador brasileiro, sendo reconhecido mundialmente por criar um método de alfabetização de adultos.

Fundamentada no cotidiano dos alunos, sua técnica procura desenvolver uma visão crítica da realidade e estimular a participação social e política, sem jamais reduzir-se ao conhecimento das letras. Considerava a educação também como um ato político.

Biografia

Formado em Direito, profissão que jamais exerceu, Freire começou a estudar os problemas da transmissão da linguagem, a partir de experiências como professor de Português em casa, quando tinha 17 anos; depois, passou a lecionar em colégios secundários no Recife. Aos 26 anos, iniciou seu trabalho na divisão de educação do Serviço Social da Indústria (Sesi), onde permaneceu até 1957.

Os primeiros esboços do que viria a ser a sua filosofia educacional apareceram em 1958, em tese de concurso para a Universidade do Recife e, em seguida, como professor de Filosofia e História da Educação da mesma universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização.

Retrato de Paulo Freire

Ainda em 1958, tornou-se o primeiro diretor do Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife, cargo que ocupou até 1964. Nessa função, obteve sucesso em programas de alfabetização, depois adotados pelo governo federal. Fundou o Instituto de Ação Cultural em Genebra, na Suíça, e seu método de alfabetização logo ficou conhecido em todo o mundo.

Em 1963, durante o governo João Goulart, foi convidado pelo ministro da Educação para coordenar o Programa Nacional de Educação, cuja intenção era alfabetizar, pelo Método Paulo Freire, 5 milhões de adultos num prazo de quatro anos.

Com o golpe militar de 1964, depois de 72 dias preso, deixou o país, exilando-se inicialmente na Bolívia.

Trabalhou em seguida para o governo do Chile. Nessa época, desenvolveu sua Pedagogia do Oprimido, na qual defendeu a ideia de que a educação poderia melhorar a situação do homem no mundo.

Em 1969, Lecionou na Universidade de Harvard (1969 a 1970) e, por dez anos, foi consultor especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra. Percorreu vários países, principalmente da África, ajudando na sistematização de seus planos educacionais.

Voltou ao Brasil em 1979 e começou a lecionar na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e na Universidade Estadual de Campinas. Tornou-se secretário de Educação no Município de São Paulo, na gestão Luiza Erundina, de 1989 a 1990. Ganhou o título de doutor honoris causa pelas universidades Aberta de Londres, de Louvain, de Genebra e de Michigan. Em 1986, recebeu o Prêmio Unesco de Educação.

Entre os livros que escreveu, destacam-se Educação como Prática da Liberdade (1967) e Pedagogia do Oprimido (1968).

Por: Wilson Teixeira Moutinho