As algas formam um agrupamento artificial (parafilético), composto por organismos eucariontes e majoritariamente autótrofos fotossintetizantes com grande diversidade de formas e pigmentos. Erroneamente, as algas são muitas vezes tomadas como “plantas aquáticas”, embora configurem um reino completamente distinto, com características próprias e diferentes do reino vegetal.
Características e diversidade
Esses organismos diferem das plantas por não apresentarem embriões dependentes de estruturas de origem materna para sua nutrição. Elas são avasculares – ou seja, não possuem uma estrutura de canais que conduzem a seiva, como nas plantas. Além disso, têm o corpo na forma de talo, isto é, não possuem raízes, caule e folhas ou outras estruturas típicas nas plantas.
Algumas algas possuem tecidos diferenciados e são pluricelulares, porém estruturas que lembram folhas, caules e raízes são falsas ou não possuem a mesma função que nos vegetais. Há algumas espécies de algas verdes que possuem de fato uma relação evolutiva com os vegetais – porém a maioria dos grupos evoluiu de forma independente.
A presença de parede celular é uma característica marcante da maioria das algas, uma vez que representa importante barreira de proteção para as células que compõem esse organismo. Principalmente por muitas das águas estarem em ambiente aquático, a falta de proteção deixaria células abertas para o risco de lise, ou a quebra pelo excesso de água no interior da célula.
Existem espécies de alga unicelulares e pluricelulares, vivendo isoladas ou em colônias, de formas microscópicas até talos laminares com 60 metros de comprimento, como sargaços no alto oceano. As algas com talos grandes formam “florestas” de algas marinhas e abrigam muitas espécies de animais, criando ecossistemas completos.
As algas habitam principalmente ambientes aquáticos, como mares, rios, lagos, lagoas e fontes termais, mas não estão limitadas a esses ambientes. Há espécies que podem ser encontradas em ambientes terrestres, como solo úmido e cascas de árvores, ou ainda em associações de mutualismo com outros seres vivos, como é o caso dos liquens. Os liquens são organismos simbiontes formados por algas e fungos.
As algas possuem pigmentos fotossintetizantes como as plantas – clorofilas e outros pigmentos auxiliares, como carotenos, xantofilas, fucoxantina e ficobilinas (ficoeritrina e ficocianina).
Classificação das algas
Um dos critérios tradicionais de classificação das algas é o tipo de pigmento que pode ser encontrado nos plastos, assim como a forma e o tamanho dessas estruturas. Os plastos, nas algas, são organelas membranosas que podem ter vários tipos de pigmento. O plasto mais comum e conhecido é o cloroplasto, que encerra em seu interior a clorofila.
As algas são divididas, conforme pigmentos, em seis grupos distintos. Entretanto, ainda pode-se somar a eles o grupo das algas cianofíceas. Atualmente, essas algas de estrutura procarionte são classificadas como bactérias, apesar de possuírem pigmentos – as algas azuis, com são popularmente chamadas, foram provavelmente o primeiro organismo a habitar a Terra.
Clorofíceas
As clorofíceas ou algas verdes podem ser unicelulares, coloniais ou pluricelulares. Podem ser terrestres ou aquáticas, mas sempre habitam locais úmidos. Na escala evolutiva, são tidas como a principal origem dos vegetais terrestres. As algas verdes possuem pigmentos similares às plantas, além de células com reservas de amido e paredes de celulose.
Apesar do nome, as espécies de clorofíceas podem apresentar coloração distinta – rosa em alguns casos. São organismos resistentes, capazes de viver até sobre a neve.
Feofíceas
As feofíceas ou algas pardas são pluricelulares e apresentam maior porte e complexidade entre as algas. Os sargaços marinhos, conhecidos inclusive pela sua relação histórica com as viagens de Pedro Álvares Cabral (que passavam meses tentando atravessar o chamado “Mar dos Sargaços”), são a alga mais comum no Brasil.
As feofíceas possuem estruturas que se enchem de ar e permitem a flutuação. No caso dos sargaços, essas algas se desprendem do leito oceânico e flutuam, sendo carregadas pela correnteza através de longas distâncias.
Rodofíceas
As rodofíceas ou algas vermelhas têm o corpo geralmente constituído por filamentos delicados. São em sua maioria organismos pluricelulares, com talos que apresentam ramificações diversas. São mais de 7 mil espécies, quase 95% delas marinhas. As algas vermelhas podem depositar cálcio e carbonatos nas paredes celulares, criando estruturas mais sólidas e facilitando a fixação em rochas e corais.
Crisofíceas
As crisofíceas, algas douradas ou diatomáceas, são importantes componentes do fitoplâncton, participando de boa parte da fotossíntese mundial. Um dos fatores que torna isso possível e a rapidez com que as populações de diatomáceas crescem sob a luz solar – elas podem dobrar em menos de 24 horas.
As paredes das crisofíceas são únicas entre as algas – constituídas de óxidos de silício, as paredes são rígidas e formam espécies de concha, produzindo carapaças microscópicas de diferentes formatos e tamanhos.
Pirrofíceas
As pirrofíceas, algas cor de fogo ou dinoflagelados são unicelulares e componentes do fitoplâncton. Algumas dessas algas, como a Noctiluca, são bioluminescentes, ou seja, emitem luz, observada à noite como pontos brilhantes na água ou na areia molhada em certas praias. As marés vermelhas comuns em alguns pontos do mundo se devem à presença mais acentuadas dessas algas – assim como a coloração avermelhada da carne de alguns peixes e animais marinhos. Essas espécies lembram muito bactérias ou protozoários, pois se movem com o auxílio de dois flagelos.
Euglenófitas
As euglenófitas ou algas flageladas verdes são também unicelulares e, como o nome indica, movimentam-se por meio de flagelos, como as pirrófitas. As euglenófitos são mais abundantes em água doce. Não se conhecem, entre as euglenófitas, organismos de reprodução sexuada.
Reprodução das algas
Pode ocorrer de modo assexuado ou sexuado. Além da simples divisão celular, as algas podem se reproduzir através de esporos ou metagênese, em que a fase haploide (n), o gametófito, produtora de gametas, alterna-se com a fase diploide (2n), o esporófito, produtora de esporos. Nesse tipo de reprodução, os gametófitos produzem esporófitos, que, por sua vez, originam outros gametófitos; dessa forma, as fases são interdependentes.
Importância das algas
As algas, por serem organismos autótrofos fotossintetizantes, ocupam o primeiro nível trófico das cadeias alimentares dos ecossistemas aquáticos e fazem parte do fitoplâncton, servindo de alimento para o zooplâncton e outros animais. Em outras palavras – além de sintetizarem alimento, como vegetais, assim como eles servem de alimento a boa parte da vida marinha.
Por meio do processo fotossintético, as algas produzem de 70% a 90% do oxigênio liberado na atmosfera. Nas algas, o ritmo da fotossíntese é muito mais rápido que o da respiração – e o saldo de oxigênio bastante alto.
. Essa elevada taxa de oxigênio liberado para a atmosfera é decorrente do fato de a taxa de fotossíntese ser muito maior que a taxa de respiração. Dessa forma, as algas consomem apenas uma parte do oxigênio produzido, e o excesso é eliminado para a atmosfera.