Coordenar as funções do corpo humano requer a participação de dois sistemas: a coordenação nervosa é realizada pelo sistema nervoso, que é instantânea; a coordenação hormonal, por sua vez, é executada pelo sistema endócrino, que controla processos progressivos e contínuos.
Ambos os sistemas diferenciam-se por sua forma de atuação e pelo tipo de coordenação que realizam.
A coordenação no ser humano
O corpo humano realiza funções muito diversificadas: movimentos, leitura, crescimento, respiração, digestão dos alimentos, envio de nutrientes por meio do sangue, remoção de resíduos do sangue pelos rins etc.
Muitas dessas atividades são conscientes: outras são realizadas de forma involuntária, inconsciente e automática. O problema é que todas essas funções devem poder ser realizadas simultaneamente. Para que isso seja possível, é necessária a atuação de sistemas de coordenação, que asseguram a realização de todas as tarefas, de modo correto e no tempo preciso. Esses sistemas são responsáveis pela coordenação nervosa e pela coordenação hormonal.
- O sistema nervoso é o que processa toda a informação recebida do ambiente e do próprio corpo; também é responsável pela emissão de respostas adequadas. Essas respostas são sempre imediatas e, normalmente, de curta duração, como um movimento (a dilatação da pupila, por exemplo).
- O sistema endócrino também coordena algumas respostas, mas por meio de hormônios; nesse caso, a coordenação é mais lenta e prolongada.
Os sistemas de coordenação do ser humano permitem que se tenha um tipo de resposta diferente diante de estímulos externos ou internos.
Coordenação nervosa
As pessoas, assim como outros seres, necessitam de informações acerca do que ocorre no entorno. Por exemplo, necessitam de sistemas que lhes permitam identificar a existência de um perigo com tempo suficiente para reagir; encontrar alimento sem tropeçar em obstáculo etc.
A coordenação que o sistema nervoso realiza caracteriza-se por sua instantaneidade. Isso significa que o sistema nervoso capta informações a todo momento e elabora respostas executadas imediatamente, por exemplo, por meio do sistema locomotor. Trata-se, portanto, de um sistema de controle contínuo, permanentemente em alerta e rápido.
Na elaboração de respostas intervêm os chamados centros nervosos, que são o encéfalo e a medula espinal. Esses centros nervosos diferenciam-se, além do aspecto anatômico, pela maneira como executam as atividades nas quais interferem.
- O encéfalo realiza um controle voluntário de muitos atos e um controle involuntário de inúmeras funções. São exemplos de funções involuntárias, controladas por determinadas partes do encéfalo, o batimento cardíaco e a deglutição.
- A medula espinal, por sua vez, realiza um controle Involuntário de certos reflexos. Em geral, são respostas a um perigo imediato, como ocorre quando, sem dar conta, uma pessoa aproxima a mão de uma chama. O corpo reage imediatamente a essa situação de perigo com a retirada da mão.
Coordenação hormonal ou endócrina
No corpo humano ocorrem mudanças que não são instantâneas, mas que se dão em períodos mais ou menos longos e envolvem a atuação coordenada de muitos órgãos distintos. São exemplos dessas mudanças o crescimento ou as alterações que ocorrem durante a adolescência, levando à maturidade sexual.
O sistema endócrino controla a realização dessas mudanças que não são instantâneas. É especializado em produzir hormônios que influem no funcionamento de outros órgãos. As ações dos hormônios provocam uma resposta imediata, mas apenas em órgãos ou células específicas; a resposta final, obtida no conjunto do organismo, manifesta-se de forma paulatina. Assim, a ação do sistema endócrino diferencia-se da atuação do sistema nervoso por produzir efeitos lentos, prolongados e progressivos.
As ações dos hormônios são muito variadas: podem produzir mudanças no metabolismo em função das necessidades específicas de um momento da vida ou como resposta a alterações externas) e também alterar a conduta, como ocorre com o organismo diante da liberação de adrenalina. O excesso ou a falta de hormônios pode provocar importantes enfermidades ou mesmo a morte.
Os hormônios atuam em pequenas concentrações; portanto, o equilíbrio entre secreção e eliminação tem de ser muito preciso, pois pequenas alterações de sua concentração no sangue podem produzir importantes mudanças no organismo. Caso essas mudanças se mantenham durante certo tempo, podem acarretar enfermidades.
A quantidade de um hormônio no sangue é regulada pelos fatores que controlam sua secreção e pela eficácia com que é eliminada.
Controle da secreção hormonal
Uma glândula endócrina começa a secreção de seus hormônios quando aparece um estímulo interno ou externo, que pode:
- ser de muitos tipos: ambiental (luz), químico (concentração de alguma substância no sangue), emocional (medo) etc.;
- ser positivo (aumenta a secreção) ou negativo (diminui a secreção);
- ser de longa ou de curta duração;
- atuar diretamente sobre a glândula endócrina ou por meio do sistema nervoso, que controlará a secreção.
Um hormônio não pode ser produzido de maneira indefinida. Há dois mecanismos capazes de interromper sua produção.
O primeiro desses mecanismos envolve a atuação do sistema nervoso, que ordenou a secreção; quando ela não é necessária ou já é suficiente, o sistema nervoso comanda a interrupção de sua secreção. O segundo mecanismo é autônomo e envolve somente o sistema endócrino. Trata-se da interrupção da produção de um hormônio quando cessa o estímulo.
A integração dos sistemas de coordenação
E evidente que os sistemas nervoso e endócrino devem atuar conjuntamente para controlar as funções do organismo. Essa integração de ambos os sistemas é coordenada, por sua vez, pelo sistema nervoso, que, em última análise, controla muitas das glândulas endócrinas e é capaz de provocar a secreção de determinados hormônios e detê-la quando convém.
Ambos os sistemas, o endócrino e o nervoso, controlam e coordenam as funções do corpo, permitindo a manutenção de um meio interno constante (homeostase).
Por: Paulo Magno da Costa Torres