A urina dos seres humanos é um líquido que é formado e secretado, ou eliminado, através do sistema urinário. A urina normalmente é composta por água, ureia e uma série de substâncias que são dispensáveis para o organismo – ou resíduos de reações ou substâncias produzidas ou ingeridas que não serão reaproveitadas de forma alguma, tais como alguns fosfatos e sulfatos, amônia e ácido úrico.
A quantidade de urina produzida e eliminada por dia depende de diversos fatores, entre eles a quantidade de líquidos que a pessoa ingere, o desenvolvimento hormonal, a utilização ou não de antidiuréticos, níveis de pH e presença de sais minerais, entre outros. Em média, um ser humano produz entre 1 e 1,5 litro de urina por dia em condições normais.
A urina se forma no interior dos néfrons, pequenas estruturas presentes no interior dos rins, ao longo de três processos consecutivos:
- a filtração glomerular
- a reabsorção tubular
- a secreção tubular
Filtração glomerular
O sangue a ser filtrado, que chega aos rins através das artérias renais, ingressa no néfron pelas arteríolas aferentes que atravessam a parte interna do rim. O estreitamento das vias aumenta a pressão do líquido pelos capilares do glomérulo, fazendo com que o fluido perca água para a cápsula renal, junto com pequenas moléculas orgânicas, sais e ureia diluídos no plasma sanguíneo.
As proteínas presentes no plasma e os elementos figurados do sangue, sendo moléculas muito grandes, acabam não atravessando as paredes dos capilares nos glomérulos. Esse primeiro filtro molecular permite que apenas moléculas de tamanho pequeno e água formem a primeira urina ou o filtrado glomerular. O líquido consiste basicamente de água, compostos com a glicose, sais, aminoácidos e ureia.
Reabsorção
O filtrado glomerular tem composição química muito semelhante à do plasma sanguíneo – contudo, nele ainda existem substâncias que não deverão compor a urina que deverá ser eliminada. Após essa primeira filtragem, o líquido resultante passa pelos túbulos renais. O processo envolve o túbulo contorcido proximal, a alça néfrica, o túbulo contorcido distal e o ducto coletor, orgânulos que irão processar o primeiro líquido separado.
O fluxo é imenso – em 24 horas, passam cerca de 180 litros de filtrado glomerular pelos túbulos. O objetivo será o de formar apenas 1 a 1,5 litro de urina a partir disso tudo. Ou seja, 99% de tudo o que chega aos túbulos é reabsorvido pelo corpo – água, sais minerais, glicose, aminoácidos e outros elementos voltam à circulação.
Uma rede de capilares recolhe aos poucos essas substâncias e envia-as de volta ao sangue. Especialmente no túbulo contorcido proximal, moléculas mais pesadas como a glicose e aminoácidos voltam ao sangue – com isso, o plasma sanguíneo se torna mais grosso, precisando de água – que é reabsorvida também, principalmente na alça néfrica e no ducto coletor – por osmose, um processo passivo de reabsorção tubular.
Secreção
A etapa de secreção é, em resumo, o descarte de tudo o que foi efetivamente filtrado e retirado do sangue. É uma espécie de etapa inversa à reabsorção tubular – são as próprias células dos túbulos que, nesse estágio, secretam algumas substâncias produzidas e recolhidas em reações que ocorrem nos rins junto à urina – entre elas o ácido úrico e a amônia.
Após passar pelo túbulo do néfron, o filtrado glomerular finalmente se transforma em urina – o fluido, que em condições normais possui cor amarelada, contém ureia, creatinina e pequenas quantidades de amônia, ácido úrico e sais minerais não reabsorvidos.
A creatinina, por exemplo, é uma substância derivada da degradação da creatina. O processo de contração muscular usa a creatina e produz a creatinina como resultado – uma substância indesejável.
A urina é a soma do conteúdo filtrado nos glomérulos e o conteúdo secretado pelos túbulos, menos o conteúdo reabsorvido.
Por: Carlos Artur Matos