O hábitat – ou seja, o espaço onde vive um organismo — e os fatores bióticos e abióticos que tornam possível sua sobrevivência constituem o nicho ecológico desse ser vivo.
O hábitat
O conceito de hábitat de uma espécie pode ser amplo, como o oceano aberto ou os bosques de coníferas do hemisfério Norte, como pode, também, ser limitado, como as glândulas sebáceas da pele de um mamífero, em que vivem certas espécies de ácaros.
Cada ser vivo apresenta uma série de características que permite que ele ocupe determinado hábitat. Assim, por exemplo, as nutrias (uma espécie de roedor sul-americano também conhecido como ratão-do-banhado) reúnem um conjunto de adaptações (pés palmados, pele isolante, corpo hidrodinâmico, capacidade de mergulho prolongado) as quais fazem que os rios sejam seu hábitat ideal.
O nicho ecológico
O nicho ecológico de um ser vivo não é apenas o espaço físico em que ele vive, mas, sim, esse espaço e os fatores bióticos que aí atuam: suas presas, seus predadores, os lugares em que se refugia e onde procria. – De certo modo, o nicho ecológico corresponde ao papel desempenhado pelo ser vivo na natureza, incluindo suas relações com as demais espécies que ocupam aquele mesmo hábitat
Seguindo com o exemplo das nutrias, pode-se dizer que o nicho ecológico desses animais corresponde ao de um carnívoro que vive associado a um curso d’água, captura peixes e requer águas limpas. Logicamente, esse carnívoro compete com outros animais que também se alimentam de peixes, como certas serpentes aquáticas. Em um mesmo espaço, é preferível que não coexistam duas espécies com o mesmo nicho ecológico. Sempre devem diferirem algum aspecto, pois, do contrário, as espécies competiriam entre si e uma delas provocaria a exclusão da outra.
O nicho e a adaptação
Em uma comunidade, cada espécie se especializa de maneira a obter aquilo de que necessita para sua sobrevivência; assim, cada organismo utiliza o ambiente de forma específica em relação às demais espécies que constituem a comunidade. Essa especialização reduz ou elimina a competição entre elas, permitindo a coexistência de várias espécies num mesma comunidade.
O conceito de nicho ecológico é útil para descrever as diferenças de adaptação que existem entre as diversas espécies.
Lamarck (1744-1829) e Darwin 1809-1882) foram dois cientistas que estudaram a formação das espécies vivas e sua adaptação ao meio, Cada um deles elaborou suas próprias teorias.
O nicho e a especialização
De acordo com o nível de especialização, distinguem-se dois tipos de espécies:
- Espécies especialistas: são aquelas especializadas no aproveitamento de um recurso determinado; por isso, são vulneráveis a qualquer alteração que ocorra em relação a esse recurso. As espécies especialistas estão diminuindo, pois não conseguem se adaptar às mudanças introduzidas pelo ser humano no ambiente.
Ex: A borboleta tropical Heliconius melpomene põe seus ovos somente sobre as folhas do maracujazeiro; ao eclodirem os ovos, as larvas têm, nessas folhas, seu único alimento.
- Espécies generalistas: são aquelas menos especializadas, que têm nichos mais amplos e não são tão hábeis, mas se adaptam mais facilmente a novas situações. As espécies generalistas estão presentes em diferentes hábitats e são adaptadas a condições relativamente distintas.
Ex: A gaivota-Comunn é uma espécie de ave marinha abundante e de ampla distribuição. Sua alimentação inclui desde peixes e invertebrados marinhos, ovos, insetos e lombrigas até carniça ou mesmo restos orgânicos encontrados no lixo produzido pelos Seres humanos.
Por: Paulo Magno da Costa Torres