Pelo fato de os cromossomos sexuais serem diferentes em machos e fêmeas, seus genes apresentam padrão de herança diferente dos genes autossômicos.
1. Herança influenciada pelo sexo
Nesta categoria, incluem-se as características determinadas por genes localizados nos cromossomos autossômicos, mas cuja expressão é, de alguma forma, influenciada pelo sexo do portador.
Na espécie humana, temos o caso da calvície, cujo alelo, que condiciona a calvície, comporta-se como dominante no homem e como recessivo na mulher. Essa diferença se deve à influência da testosterona, hormônio presente em maior quantidade nos homens do que nas mulheres.
2. Herança ligada ao sexo ou ligada ao cromossomo X
Os cromossomos XY não são completamente homólogos, pois apresentam formas e tamanhos diferentes.
No entanto, existe uma região do cromossomo X que possui genes correspondentes aos de uma região do cromossomo Y, sendo, portanto, uma região homóloga aos dois cromossomos. Essa região contém alelos, sendo a única porção do par XY que pode sofrer crossing-over ou permutação por causa da correspondência dos alelos.
As outras regiões desses dois cromossomos são heterólogas ou não homólogas, isto é, diferentes. Isso significa que os genes da porção não homóloga do cromossomo X não encontram correspondência com os genes da porção não homóloga do cromossomo Y.
Chamamos de herança ligada ao sexo (ou ligada ao cromossomo X) aquela determinada por genes localizados na região não homóloga do cromossomo X. Como as mulheres possuem dois cromossomos X, elas têm duas dessas regiões. Já os homens, como possuem apenas um cromossomo X, têm apenas uma delas.
Isso cria uma diferença importante na manifestação fenotípica desses genes: um alelo recessivo presente em um homem manifesta-se, uma vez que não há um alelo dominante que impeça sua expressão. Na espécie humana, os principais exemplos de herança ligada ao sexo são o daltonismo, a hemofilia e a distrofia muscular progressiva Duchenne.
2.1. Daltonismo
Trata-se da incapacidade relativa na distinção de cores, em que o indivíduo tem dificuldade para diferenciar, por exemplo, o verde do vermelho. É um distúrbio causado por um alelo recessivo, localizado na porção não homóloga do cromossomo X, em que o d condiciona daltonismo e o D, visão normal para cores. (Veja tudo sobre em: daltonismo).
2.2 Hemofilia
A hemofilia ligada ao sexo é um distúrbio da coagulação sanguínea no qual está ausente uma das proteínas envolvidas no processo, o fator VIII, hemofilia do tipo A, ou o fator IX, hemofilia do tipo B, encontrados no plasma das pessoas normais. A hemofilia é determinada por um alelo recessivo h localizado na porção não homóloga do cromossomo X. (Veja tudo sobre em: hemofilia).
3. Herança ligada ao cromossomo Y
É determinada por genes holândricos, que são aqueles localizados na porção não homóloga do cromossomo Y, presente somente nos homens. O gene SRY, que promove a diferenciação dos testículos e influencia a manifestação de características masculinas, é um exemplo de gene holândrico.
4. Herança limitada ao sexo
Neste tipo de herança, não há penetrância de determinado gene em um dos sexos, ou seja, a penetrância é zero, pois, embora presente em ambos, o gene manifesta-se em apenas um deles. A hipertricose auricular em homens é causada por um alelo dominante autossômico.
Todo homem afetado é filho de um homem também afetado. Todos os seus filhos serão afetados, e as filhas serão normais.
A hipertricose auricular, que é a de pelos nas orelhas, era anteriormente considerada uma herança ligada ao cromossomo Y. Na verdade, trata-se de um caso de herança limitada ao sexo. Os genes para a hipertricose expressam-se apenas no sexo mas- culino em razão das influências hormonais.
Por: Wilson Teixeira Moutinho