A primeira vacina foi inventada ainda no século XVIII pelo médico naturalista Edward Jenner. Desde essa época, muitos cientistas dedicaram suas vidas à criação de novas vacinas, evitando, assim, a morte de milhões de pessoas.
O avanço das vacinas e a imunização da população permitiram, com o tempo, a erradicação de algumas doenças antes comuns na humanidade. Contudo, manter a população vacinada é um requisito fundamental para que essas doenças permaneçam erradicas.
O controle das doenças infecciosas, especialmente as causadas por vírus e bactérias, modificou a forma com que a sociedade se desenvolve. A expectativa de vida aumentou, possibilitanto o amadurecimento das pirâmides etárias e criando sociedades com um período de vida ativo maior.
Com a utilização dos transportes de longas distâncias, a disseminação de doenças tornou-se um fenômeno de escala global. Doenças antes locais se transformaram em ameaças mundiais. No século XX o fluxo de pessoas tornou-se maior, incluindo aquele causado por guerras e conflitos. Nesse contexto, ações de prevenção da proliferação de doenças ganharam uma importância ainda maior.
A vacinação pode ser considerada a forma mais importante de prevenção nesse caso e, certamente, foi uma das únicas barreiras para a entrada de grandes epidemias que poderiam ter ocorrido ao longo de todo o século passado.
Uma breve história da vacina
A história da vacina teve início na Inglaterra do século XVIII, com o médico e naturalista Edward Jenner (1749-1823). Esse estudioso percebeu que as mulheres responsáveis pela ordenha das vacas não contraíam a varíola humana, uma das doenças com o maior índice de mortalidade da época.
Edward notou que tais pessoas, ao entrar em contato com as vacas, eram inicialmente infectadas por uma cepa menos infecciosa da varíola. Numa medida que hoje seria considerada perigosa e ilegal, ele extraiu o pus das feridas das mãos de uma ordenhadora que havia contraído a varíola bovina e o inoculou em um menino saudável de oito anos, chamado James Phipps (1788-1853). A criança acabou por contrair a doença em uma versão mais branda, e logo se recuperou.
Após a recuperação, Edward realizou a segunda etapa do teste – algo ainda mais perigoso. Edward injetou na criança o pus extraído de feridas de um doente humano de varíola. Surpreendentemente, o menino acabou por não contrair a doença – estava comprovada a sua imunidade à varíola. Esse procedimento levou à criação da primeira vacina da história.
O que Edward descobriu é atualmente denominado vacina de primeira geração: o agente causador da doença é usado em forma inativa ou atenuada para desencadear uma resposta do sistema imune do indivíduo, estimulando a produção de anticorpos.
Se esse mesmo indivíduo entrar em contato com o agente verdadeiro, a resposta imunológica já desenvolvida permitirá que, na maioria dos casos, a doença não venha a ser contraída.
Ainda existem as vacinas de segunda geração. Nesse caso, partes específicas do agente patógeno são utilizadas, ao invés do próprio agente. As vacinas mais recentes, de terceira geração, fazem uso de material genético do agente causador da doença, que traz consigo o “código” para a produção de proteínas que disparam a produção de anticorpos capazes de combater o agente.
A importância da vacinação
A vacina realiza a imunização de quem a recebe. Ela estimula o desenvolvimento da resistência aos agentes causadores de doenças, levando o próprio corpo a produzir anticorpos necessários para defender o organismo contra os agentes patógenos específicos que deram origem ao composto da vacina.
Hoje vivemos em um mundo que possui, senão dezenas, centenas de diferentes vacinas. Doenças como a paralisia infantil, o tétano e a febre tifóide foram praticamente erradicadas e surtos sazonais, como o da febre amarela, sofreram grande atenuação com o advento das vacinas.
No Brasil, temos dois importantes institutos de pesquisa que produzem e criam novas vacinas, o Instituto Oswaldo Cruz e o Instituto Butantan.
Crianças nascidas no Brasil iniciam seu ciclo de vacinação ainda na maternidade, começando pela vacina contra hepatite B e, logo após os primeiros dias de vida, a vacina contra as formas mais graves de tuberculose.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui um calendário nacional de vacinação, onde doze vacinas distintas são distribuídas em um calendário com 25 doses, aplicadas na criança em vários momentos até os dez anos de idade.
Para controlar essas aplicações, foi criada a carteira de vacinação (mais recentemente disponível em versão digital), na qual o enfermeiro ou médico responsável pela vacinação marca as doses aplicadas e prevê quais serão as próximas a serem ministradas.
Vacinas mais específicas, muitas vezes com foco regional, são comumente aplicados em jovens e adultos. Outras vacinas, embora não disponibilizadas no calendário nacional, podem ser tomadas em clínicas e hospitais particulares.
A vantagem e a importância da vacinação não se restringe à imunização do indivíduo. Quando vários indivíduos são imunizados, possuem menor chance de tornarem-se vetores das doenças. Em outras palavras, não são capazes de contrair enfermidades e com isso reduzem os níveis de contágio, até que eles cheguem a zero e a doença seja socialmente erradicada.
Recentemente, índices mais baixos de vacinação – com o avanço de ideologias antivacinas na sociedade – levaram a reaparecimento de doenças já então erradicadas, como a paralisia infantil, e a surtos preocupantes de doenças como o sarampo.
Embora negativo, esse processo demonstrou em escala territorial a importância da manutenção das políticas de vacinação – vale dizer gratuita – no
A vacinação é um ato de amor, por si mesmo e por aqueles que vivem próximos a você. Verificar com regularidade a carteira de vacinação é importante e é um ato de cidadania. As vacinas do calendário oficial estão disponíveis em qualquer posto de saúde do SUS. Consulte pelo portal do SUS qual é o posto mais próximo de sua residência e participe dessa corrente.
Por: Carlos Artur Matos
Veja também:
- Tipos de Imunização: Ativa e Passiva
- Tipos de Vacinas e Soros
- Doenças Causadas por Vírus
- Doenças Causadas por Bactérias
