Saúde

Tipos de Imunização

A imunização e a resposta imunitária é um poderoso aliado para a medicina e prevenção de doenças infecciosas, não apenas em escala individual, mas também social. O processo que torna um indivíduo protegido contra determinada doença ou agente patógeno chama-se imunização, que pode ser ativa ou passiva. As formas ativas de imunização são duradouras ou mesmo permanentes, enquanto que as formas passivas têm menor duração e um efeito transitório.

Imunização ativa

Imunização ativa natural

A imunização ativa natural consiste na produção de anticorpos pelo próprio organismo contra um determinado agente específico. Ao entrar em contato com esse agente – o antígeno – o corpo naturalmente pode criar anticorpos. Esse tipo de imunização ocorre, por exemplo, com crianças que contraem caxumba ou sarampo.

Uma vez que a doença esteja curada, o sistema imunológico guarda informações a respeito dos agentes causadores, criando a capacidade de produzir, a qualquer momento, anticorpos específicos contra esse agente. Isso se chama imunidade permanente, e a doença dificilmente volta a acometer a mesma criança. A imunização desse tipo pode inclusive acontecer sem que haja a manifestação da doença – o corpo simplesmente cria anticorpos e guarda informações ao menor contato com o agente patogênico, sem permitir que a doença prolifere.

Há casos, contudo, nos quais o agente é um vírus altamente mutável. Nesses casos, nossas células do sistema imune criam células de memória específica para o vírus com que tivemos contato. Entretanto, a existência de novas mutações continua a tornar possível contrair a doença, pois os dados coletados pelo nosso sistema não necessariamente são suficientes para combater novas gerações do vírus.

Imunização ativa artificial

A imunização ativa artificial envolve a produção de anticorpos por nosso próprio organismo, porém de modo estimulado por vacinas que possuam antígenos capazes de desencadear resposta imunitária sem causar a doença. Há, claro, diferentes tipos de vacinas, mas originalmente as vacinas foram idealizadas para trabalhar desse modo.

Nessa gama de vacinas, que induzem respostas imunitárias a partir de antígenos das doenças que visam combater, existem tipos específicos, que podem ser compostos por:

  • agentes infecciosos mortos: como a vacina contra a coqueluche e contra a poliomielite.
  • agentes infecciosos vivos atenuados ou com efeito reduzido: como as vacinas contra o sarampo, a Bacillus Calmette-Guérin – BCG (contra tuberculose), a febre amarela.
  • toxinas atenuadas: como as vacinas contra o tétano e a difteria.
  • fragmentos do agente infeccioso, ou seja, proteínas contidas nele: como a vacina contra a hepatite B.

As vacinas criam gatilhos. Ao ter contato com os agentes causadores dessas doenças em circunstâncias de contágio, nosso organismo inicia um processo de produção de anticorpos. Ele “conhece” a doença, e portanto sabe como lidar com ela. Em geral, podemos até mesmo apresentar sintomas de algumas dessas doenças, mas a resposta do organismo será muito mais rápida e eficaz do que numa pessoa não vacinada – e isso reduz a possibilidade de que venhamos a transmitir essas doenças, criando uma esfera de imunidade também social.

Imunização passiva

Imunização passiva natural

Na imunização passiva natural, o indivíduo recebe anticorpos de outro indivíduo por via natural. Estamos falando, por exemplo, da gestação e a amamentação. Como o bebê ainda não possui um sistema imune desenvolvido e não teve contato com muitas doenças, ele “utiliza” anticorpos do sistema imunitário da mãe.

Através da placenta ocorrem trocas de substâncias entre o sangue materno e o fetal, sem que haja mistura do plasma em si. As substâncias são trocadas por meio da difusão, ou seja, apenas substâncias com determinado peso molecular passam através da placenta do sangue da mãe para o sangue do feto. Moléculas muito grandes não atravessam a barreira placentária. A criança nasce com grande quantidade de anticorpos herdados da mãe, que acabam permanecendo entre 6 a 9 meses em seu organismo – até que ela comece a desenvolver seu próprio sistema imune. Nesse período as chances do bebê desenvolver muitas doenças são mínimas – desde que a mãe também possua anticorpos para combatê-las.

O leite materno transmite e passa anticorpos adicionais ao bebê, garantindo sua imunidade até que possua um sistema autônomo. O leite de vaca, por exemplo, certamente possui anticorpos produzidos pela vaca – porém não são úteis no corpo humano.

Particularmente importante é o leite produzido nos primeiros dias após o parto, o colostro. Essa primeira “leva” de leite materno é mais aguada, com menos gorduro e possui uma elevada concentração de anticorpos que protegem o tubo digestório da criança, constituindo e ciente barreira contra infecções intestinais.

Imunização passiva artificial

Na imunização passiva artificial o indivíduo recebe anticorpos de outro indivíduo por meio da inoculação de soro hiperimune. Esse soro é rico em algum tipo de anticorpo.

O soro hiperimune possui função curativa ou terapêutica, porque age diretamente sobre os antígenos. Como o organismo recebe os anticorpos prontos, a ação é imediata, mas o efeito é passageiro, uma vez que seu sistema imune não “aprende” a produzir esses anticorpos.

Na produção do soro antiofídico, certa quantidade de veneno de determinada espécie de serpente é inoculada no cavalo repetidas vezes. O cavalo desenvolve certa imunidade ao veneno e, quando isso ocorre, o sangue do animal é coletado e uma cepa é separada do plasma, com alta concentração de anticorpos. Como os anticorpos são específicos em relação às toxinas que combatem, cada veneno necessita de um tipo diferente de soro – o que explica a necessidade de identificação da serpente ou animal peçonhento antes da aplicação do soro.

Por: Carlos Artur Matos

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