Como em qualquer canto do Brasil, em São Paulo as “gírias” ou dialetos já tomaram conta das ruas, das casas, escolas, escritórios etc, na verdade, ela está em toda parte e em todo lugar.
São Paulo é um berço de novas gírias, a grande massa que vive nas periferias da cidade, o baixo índice de cultura e educação da população e ondas como movimentos Hip Hop e de outros modismos faz crescer todos os dias a quantidade de novas palavras no cotidiano paulista.
Os paulistas já possui um jeito próprio de conversar e é identificado facilmente pelas palavras usadas e pelo sotaque.
A TEVÊ BRASILEIRA, COMO O RÁDIO, USA MUITA GÍRIA SAMPA
A gíria se transformou no principal idioma da televisão do Brasil. Tudo por causa da audiência. Se o apresentador (a) usa uma linguagem escorreita (que ninguém, nem ele, sabe o que é), o programa vai pro buraco. A solução é falar gíria, tirando onda de inteligente.
Se usa linguagem culta, o programa dá traço e vai pro vinagre. A solução é recorrer à gíria, a linguagem que todo o povo entende e compreende. Alguns apelam para a linguagem chula e o baixo calão, mas a apelação pode ser prejudicial.
Até nas novelas a gíria é a linguagem escolhida. O mesmo fenômeno já se observara no rádio, onde os comunicadores querendo se aproximar do povão das periferias tem na gíria o seu equipamento linguístico de trabalho.
Adriane Galisteu: “solta a voz” (fala), “mete bronca” (vai em frente), “rolando” (acontecendo), “no pique” (em movimento).
Novela da Rede Globo: “mané” (bobo); “gata” (moça bonita), “despencou” (foi para algum lugar), “cabeça dura” (pessoa difícil), “guerreira” (lutadora), “dar uma força” (apoiar).
LINGUISTAS CONTINUAM CONTRA O IDIOMA GÍRIO
Os linguistas brasileiros continuam esnobando a gíria, apresentada como uma forma errada de se expressar. E tem mais: linguista que se presa não se ocupa de gíria.
Para a maioria, gíria é coisa de desocupado, é uma anornalidade genética, biológica, etc e tal. Muitos acham que Amadeu Amaral, Antenor Nascentes e Antonio Houaiss poderiam ter feito pelo melhor pelo país se não tivessem se ocupado de estudar gíria.
“MUITA CORRUPA ENTRE VEREADORES DE SAMPA”
Foi descoberta muita corrupa na Câmara de Vereadores de Sampa. Os camelôs não guentaram o tranco, botaram a boca no trombone, dedurando a rapaziada e acusando de entregar o ouro ao bandido. A coisa ficou preta. Para clarear o miolo, a Câmara criou uma CPI. Revelou-se que muitos vereadores controlavam as prefeituras de bairros, cobrando pedágio dos camelôs. A prefeita fez vista grossa, fingiu que não viu. Rolou muita grana e muita erva por baixo do pano. Os podres surpreenderam Sampa. Os edis paulistanos metaram a mão na bufunfa, faturando uma granolina de resposa.
Entendeu?…
– Trecho de jornal de circulação diário na capital de São Paulo
Pequeno Dicionário das Gírias Mais Usadas em Sampa
A
- Aderbal – Usado para chamar ou xingar o próximo.
- Aí tu me trinca os ovo – Quando reclamamos de alguém ou de alguma atitude de certa pessoa, fala-se “Fulano me trinca os ovo!”
- Aí tu mente pro tio – Quando o fato ou acontecimento narrado é inacreditável, ou quando o Aderbal pensa que está sendo enganado.
- Alemão – Pode ser usado como sinônimo de Aderbal ou para se referir ou falar com o Tiago.
- Azar do Valdemar – Usa-se normalmente para dizer algo que é errado, mas a preocupação com as consequências são mínimas.
B
- Bagalho – Mesmo que baralho.
- Bagulho – alguma coisa (como folha, carro e etc)
- Bicuda ou dedão – Chutar a bola com força
- Busão – Ônibus
- Bater um fio – Dar um telefonema
- Bater uma xepa – Almoçar
- Bem bolado – Trocar algo, dar um jeito em alguma coisa
C
- Cagamba – Mesmo que caramba.
- Campeão – Usado juntamente com fodão e com um soco no ombro pra designar o mais Aderbal de todos.
- Cuepa – Naipe de copas nos jogos de bagalho.
- Cabuloso – Muito bom, impressionante, sensacional
- Coxinha – Policial
- Cabrito – Algo não original
- Cola lá – Vai lá
D
- Deixa comigo que eu sô canhoto – Usado tanto para destros quanto para canhotos. Quer dizer “Deixa comigo que dou conta do recado”.
- Demonho – O fabricante de bodoques.
- De vereda – De uma vez. Usa-se para dar ênfase a uma frase, ou para encher linguiça mesmo. “Ontem joguei dominó e ganhei de vereda”.
- Dar um rolê – Passear, sair
- Da hora – Muito bonito, legal, da moda
- Dar área – Ir embora
E
- Ei tá preula – Ficar impressionado
- É fria – É perigoso
- Enxer linguíça – Enxer o saco, falar muito e explicar pouco
F
- Fodão – Campeão.
- Fica na moral – Fica quieto, calado
- Fita forte – Produto de roubo
- Ficou pequeno – Ficou mal falado
- Fubanga da peba – Mulher mais feia ainda
G
- Gás – Muito rápido
- Gambé – Policial
K
- Kissassa do cabelo de microfone – Ser de outro planeta que invadiu a terra e proliferou-se numa velocidade impressionante.
- Komboza – Perua, Lotação
M
- Mas é uma ave – Usado para xingar o Aderbal de burro.
- Mas é uma nuvem – Variante de Mas é uma ave.
- Muito louco – Muito bonito, lindo
- Mina – Mulher
- Mano – Alguém
- Mili duk – Muito tempo
- Mó cara – Muito tempo
- Mocreia – Mulher feia
- Muamba – Produtos importados do Paraguai
- Micreiro – Pessoa que mexe com micro-computadores
N
- Noia – Usuário de droga, que trafica, drogado.
P
- Puxar um beck – Fumar droga (cocaína, maconha…)
- Porrada – Soco
- Paga pau – Aquele que admira as coisas dos outros
Q
- Queimou meu filme – fizeram fofoca a respeito de você
R
- Rasga – Sai correndo, sai daqui
- Rolo – Trocar algo
S
- Só se for agora – Usado em vão somente pra ter o que falar. É uma das gírias mais usadas no grupo, apesar de não significar porcaria nenhuma.
- Socado – Carro rebaixado
- Sentar o dedo – Dar um tiro, matar alguém
- Sarado (a) – Menino (a) muito bonito
T
- Truta – “Guarda costas”, segurança de alguém
- Trampo/Trampar – Trabalho
- Treta – Briga
U
- Uma pá de vezes – Muitas vezes
V
- Vacilou – marcou bobeira
- Vaza daqui – Saia deste lugar
Z
- Zipe – Mesmo que Jipe.
- Zoar ou Zueira – Fazer bagunça
Por: Juliana Teodoro