História do Brasil

Protestos contra o aumento do transporte público em 2013

O Brasil passou em 2013 por uma série de manifestações populares por todo o país que surgiram, inicialmente, para contestar os aumentos das tarifas do transporte público nas cidades de Porto Alegre, Goiânia, São Paulo e Rio de Janeiro.

Tais movimentos ganharam um grande apoio da população devido à exagerada repressão que foi promovida pelos policiais militares contra a passeata.

Início:

As manifestações tiveram o início em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, e começaram antes mesmo do aumento da tarifa de ônibus de R$2,85 para R$3,05, e das lotações de R$4,25 para R$4,50, no dia 25 de março.

Em Goiânia as manifestações se iniciaram no dia 16 de maio, antes do anúncio do aumento da tarifa. Houve um acréscimo de R$2,70 para R$3,00. Nesta manifestação quatro ônibus foram destruídos, dois incendiados e dois depredados. Cerca de 13 veículos sofreram algum tipo de dano. Na ocasião 24 estudantes acabaram detidos por vandalismo e desobediência. Depois de tanto tumulto as tarifas voltaram ao seu preço inicial, R$2,70, por conta da liminar do Juiz Fernando Mello Xavier.

Expansão das Manifestações:

No mês de junho as manifestações se tornaram nacionais, tendo várias cidades da nação abraçando a causa. Podemos dividí-las em duas fases, de características distintas, mas que tiveram a internet como fator fundamental para serem organizadas, principalmente via a rede social Facebook.

Na primeira fase, organizada principalmente pelo Movimento Passe Livre, notamos que a mídia não apoiou o movimento, não tendo também à comoção da população. É importante dizer que nessa fase a manifestação era exclusiva na questão do valor do transporte.

Houve três manifestações que foram tomando corpo no mês de junho, dia 6,7 e 11, que foram marcadas pela forte repressão policial, levando ao ferimento alguns manifestantes e até mesmo membro da polícia.

Mudança de discurso da mídia:

A partir daí a mídia começou a noticiar sobre o que chamavam de “vandalismo”. Como resposta a toda insatisfação causada, no dia 13 de junho, os protestos se espalharam para mais cidades do Brasil. Em São Paulo, especialmente, houve uma represália muito grande por parte dos policiais, o que causou o ferimento de muitos manifestantes e jornalistas.

Como membros da imprensa também foram atacados, podemos perceber uma mudança de discurso. Agora a imprensa brasileira passou apoiar o movimento e noticiar a postura policial.

A segunda fase destes movimentos é marcada majoritariamente pelas manifestações pacíficas com uma grande cobertura da mídia, com um grande apoio popular e, principalmente, novo exigências por parte da população, não ficando restrito apenas a redução da tarifa de ônibus.

Marcado para dia 17 de junho, uma segunda feira, cerca de 300 mil pessoas saíram às ruas em diversas cidades brasileiras para protestar.

Não são só 20 centavos:

Protesto transporte público Por volta do dia 20 a manifestação toma outro caráter, começam a ser incluídos no protesto assuntos importantes, mas que estava sendo deixado de lado como: a PEC 37, projeto de emenda constitucional que visa impedir o Ministério Publico o ato de investigação (conhecido também como PEC da impunidade); o gasto com a copa do mundo; e a corrupção, propondo uma reforma política.

Após o dia 20 de junho houve um aumento de mais de 1,5 milhão de pessoas nas ruas com mais de 120 cidades no Brasil.

Podemos perceber uma grande repercussão nacional de tais manifestações, mas internacional também. No dia 18 de junho houve manifestações em Lisboa, Coimbra e Porto. Protestos também aconteceram em solidariedade aos participantes na Alemanha, França, Irlanda, Canadá, dentre outros países.

Outro fator que possibilitou a entrada desses movimentos nas notícias mundiais foi terem acontecidos exatamente no mês em que a Copa das Confederações estava acontecendo. Dessa maneira a imprensa mundial que estava cobrindo a Copa está, também, de olho nas manifestações.

Em resposta a tudo isso, o governo se pronunciou dizendo que os atos são “legítimos e próprios da democracia”. A Presidente Dilma Rousseff prometeu, em rede nacional de Tv, conversar com governadores e prefeitos para realizar um pacto de melhoria dos serviços públicos e criar um Plano Nacional de Mobilidade Urbana. Prometeu também destinar 100% do dinheiro arrecadado dos royalties do petróleo à educação e trazer médicos estrangeiros para ampliar o atendimento do SUS.

Por: Pedro Augusto Rezende Rodrigues

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