Endemia
As doenças infectocontagiosas, assim como as verminoses, são exemplos de relações ecológicas desarmônicas entre parasitas e hospedeiros. Quando essas relações tendem ao equilíbrio das populações e a ocorrência da doença causada pelo parasita (bactéria, vírus ou protozoário) acomete sistematicamente as populações de hospedeiros em certas condições, caracteriza-se a endemia.
Para ser uma doença endêmica, a frequência e a região de ocorrência dos casos é relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais, e pode ser prevista.
Os riscos de ocorrência de uma doença endêmica não estão relacionados apenas a uma questão quantitativa, mas a determinados fatores locais, como a distribuição natural de um vetor. Esse é o caso da febre amarela, doença causada por um flavivírus de RNA simples de sentido positivo, que é transmitida, principalmente, pelas fêmeas de mosquitos do gênero Haemagogus. É uma doença endêmica, especialmente em áreas florestais, das zonas tropicais da África e na América Central e do Sul. No Brasil, a febre amarela é considerada endêmica da região Norte.
Nas áreas urbanas, a transmissão ocorre pelas fêmeas do Aedes aegypti (o mesmo da dengue, da chicungunha e da zika), que podem ter sido contaminadas ao sugar o sangue de uma pessoa ou de um macaco doente, que circulavam em zonas florestais. No Brasil, a febre amarela é considerada erradicada das áreas urbanas desde 1942. Porém, no início de 2017, ocorreu um surto epidêmico da doença no leste de Minas Gerais, resultando em diversas mortes. Por isso, as campanhas de vacinação e de combate aos vetores são fundamentais para se evitar epidemias.
Pandemia
A globalização e a facilidade de mobilidade, especialmente por meio dos aviões, são fatores importantes para a criação de cenários muito mais preocupantes que as epidemias: a pandemia. Ela acontece quando surgem vários focos de uma epidemia espalhados por diversas regiões do planeta e ao mesmo tempo. Não há como prever onde uma pandemia começará. Um exemplo recente aconteceu em 2009, quando a gripe A (ou gripe suína), causada pelo vírus Influenza H1N1, passou de epidemia para pandemia. A OMS recebeu notificações de casos da doença em todos os continentes.
Neste mesmo ano no Brasil, a doença causada pelo vírus H1N1 matou pouco mais de 2 mil pessoas. Em 2016, segundo dados do Ministério da Saúde, foram feitas mais de 10 mil notificações e quase 2 mil óbitos atribuídos ao vírus.
O vírus da Influenza A (H1N1) – subtipo do vírus da gripe A – foi a causa mais comum de gripe humana em 2009 e está associado a epidemia de 1918 conhecida como gripe espanhola.
A AIDS, apesar da tendência da diminuição no número de casos, também é considerada uma pandemia. Dados da UNAIDS (Joint United Nations Program on HIV/AIDS), programa das Nações Unidas criado em 1996, mostram que mais de 35 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo vírus HIV, das quais mais de 5% são crianças menores de 15 anos. Foram registrados quase 2 milhões de novos casos em 2016, mesmo ano que morreram milhões de pessoas portadoras do vírus.
O risco de uma doença nova ou endêmica se tornar uma epidemia ou até uma pandemia sempre foi real e iminente. Por exemplo, em 1976 foi descoberto o vírus Ebola, que causou um surto epidêmico mortal em algumas regiões remotas do Zaire e do Sudão. Novos surtos nessas e em outras áreas da África ocorreram de 1995 a 2003 e, o mais recente, em 2014.
No caso de doenças infectocontagiosas que não existe vacina ou outras formas de tratamento eficientes, como a causada pelo coronavírus, uma das formas de se evitar que elas se espalhem é por meio do isolamento do infectados.
Referências
- Como as pandemias se espalham (ativar legenda): https://youtu.be/UG8YbNbdaco