Doenças

Tripanossomíase ou Doença do Sono

Sinonímia: Tripanossomíase humana – doença do sono.

Os tripanossomas agentes da doença humana são do grupo Salivaria, gênero Trypanosoma, subgênero Trypanosoon, atualmente designados Trypanosoma gambiense e T. rhodesiense (mais virulento para o homem), morfologicamente indistinguíveis um do outro e do Trypanosoma brucei, um dos agentes das tripanossomíases animais, sendo sugestivo que todos derivam de uma estirpe ancestral comum. Estes são polimórficos, exibindo 3 tipos morfológicos: curtos e grossos, longos e delgados, e intermédios.

A doença do sono está confinada ao continente africano estendendo-se ao norte, até ao paralelo 15, através do Senegal (ao sul de Dakar), sul do Mali, Alto Volta, Niger (região de Niamey), Chade, Sudeste do Sudão e Etiópia (sem extensão à Somália) e ao sul até Angola, Botswana (delta do Okavango e bacia do Linyanty), Zimbabwe e Moçambique (sul do Rovuma).

Depois da picada das glossinas, a invasão do sangue por tripanossomas é imediata. Os períodos clássicos da doença seguem, o hemolinfático seguido do nervoso, resultado em sintomas neurológicos, neuroendócrinos e psíquicos. Pode-se considerar três tipos clínicos fundamentais:

1. Formas latentes. São incaracterísticas, confundindo-se com outras afecções febris prevalente nos trópicos, com sintomatologia discreta, às vezes com detenção espontânea.

2. Formas evolutivas lentas. São próprias da doença por T. gambiense e caracterizam-se pela sua tenacidade e evolução mortal em anos. A parasitemia pode ser escassa, mas as alterações do líquido cefalorraquidiano traduzem a evolução neuropsíquica da afecção.

3. Formas septicêmicas de evolução aguda. São características da afecção por T. rhodesiense. Tem início súbito e evolução rápida, com predomínio de toxemia, apresentando dois tipos evolutivos:

a) início brutal e evolução hiperaguda, levando à morte por toxemia em 2 a 3 meses (esta pode ocorrer antes do aparecimento de perturbações neuropsíquicas);

b) começo brusco com invasão precoce do sistema nervoso central.

Nos últimos 50 anos a terapêutica da tripanossomíase humana africana, embora não consiga resolver integralmente todos os casos, teve um progresso substancial que permite obter uma maior capacidade funcional dos doentes a uma sensível redução da mortalidade, com esterilização de mais de 90% dos doentes tratados no período hemolinfático, e, no período nervoso, um sucesso em 50 a 70%, o que depende da antiguidade da infecção e gravidade da sintomatologia. No período precoce, sem evidência de lesão do SNC usam-se os tripanocidas; suramina, pentamidina ou arsenicais (em cura única), e no período nervoso os arsenicais (em várias séries).

A profilaxia da tripanossomíase humana africana exige um planejamento de normas multidisciplinares e tem estado a cargo de serviços especializados autônomos com departamentos definidos: medico, veterinário, entomológico e agronômico, agindo segundo um programa harmonioso de tarefas. Seu objetivo é a interrupção dos elos da cadeia de transmissão.

Autoria: Denis Soares