O ópio, produto natural da papoila Papaver Somniferum, pertence à categoria dos opiáceos, a qual é também composta pela morfina, codeína e heroína. É obtido através da realização de uma incisão na cápsula da papoila, de onde sai um líquido de aspecto leitoso que solidifica com facilidade, tornando-se acastanhado. São necessárias, em média, 3000 plantas para obter um quilo e meio de ópio.
É apresentado sob a forma de tubos pequenos (semelhantes a um cigarro sem filtro), pó ou pequenas bolinhas já preparadas para o consumo. A forma mais habitual de consumir ópio é fumá-lo, mas pode também ser comido, bebido ou injectado.
Os opiáceos actuam sobre receptores cerebrais específicos localizados no sistema límbico, na massa cinzenta, na espinal medula e em algumas estruturas periféricas. A nível farmacológico, os principais efeitos do ópio são causados pela morfina, um dos seus principais compostos. Tem uma potente acção analgésica e depressora sobre o Sistema Nervoso Central.
Origem
O ópio é extraído da papoila Papaver Somniferum que cresce no Médio e Extremo Oriente e mais recentemente, nos Estados Unidos. Em Portugal, foram descobertas plantações no Alentejo e Algarve.
A palavra ópio deriva do grego ôpion, que significa suco ou sumo de uma planta. No latim medieval chamava-se Opium, opiatum ipistus.
Achados arqueológicos na Suíça mostram-nos que 3200 a 2600 anos A.C. a papaver era já cultivada, pensa-se que para fins alimentares (45% de óleo), apesar de serem também conhecidas as suas propriedades narcóticas. Os primeiros escritos a mencionar o ópio são de Teofrasto e datam de III a.C.. No mundo clássico Greco-latino, a papaver era usada pelas elites para fins medicinais, sendo considerada um medicamento mágico. O ópio atinge grande prestígio nos finais da Idade Média e no Renascimento devido à acção dos “Senhores” de Veneza que detinham o seu quase monopólio. Entrou na Europa por intermédio de Paracelsus (1493-1541). Só no século VII é que passa a ser conhecido no Oriente enquanto um produto mágico oriundo do Ocidente.
Sendo inicialmente uma substância utilizada para fins terapêuticos, transforma-se numa substância de abuso e de recreação, assumindo este tipo de consumo particular saliência a partir do século XVIII. Na China, esta expansão adquiriu características epidémicas devido às grandes importações da Inglaterra (grande controladora das plantações da papaver), às quais a China, mais tarde, se irá opor, gerando as guerras do Ópio e consequentemente um aumento dos lucros para o mercado desta substância (finais do século XIX).
No século XIX começam a ser isoladas as substâncias que compõem o ópio. A primeira foi a morfina em 1806, seguida pela codeína em 1832 e a papaverina em 1848. Em termos medicinais, estas substâncias acabam por substituir o ópio, sendo utilizadas como analgésicos e contra a diarreia.
O aumento de imigrantes chineses nos Estados Unidos, assim como a administração intravenosa a feridos da guerra civil, fez com que o uso de opiáceos aumentasse drasticamente neste país. Tal fato criou condições para que a morfina se tornasse um importante remédio para combater o vício do ópio.
No final do século XIX, os Estados Unidos começam a tentar controlar o uso do ópio, tentando mesmo proibi-lo. Charles Henry Brent, o bispo americano nas Filipinas, leva a cabo uma campanha moralista contra o ópio e a opiomania, tendo esta grande aceitação. Também na China se fazem notar movimentos antiópio, que são vistos com desconfiança pela Inglaterra e Holanda, as principais beneficiárias dos lucros deste comércio.
A pressão americana faz com que em 1909, representantes de países com colónias no Oriente e na Pérsia se reunissem em Shangai na Conferência Internacional do Ópio, presidida pelo Bispo Brent, à qual se seguiu a de Haia em 1911. Em 1912 realizou-se a primeira convenção internacional do Ópio, que procurou que os países signatários criassem o compromisso de tomar medidas de controlo do comércio do ópio nos seus próprios sistemas legais. Em 1913 e 1914 realizam-se novas convenções, tendo sido a partir desta última que os Estado Unidos criaram a Lei dos Narcóticos de Harrison, que não só controlava o comércio, como também tornava ilegal a posse por parte de pessoas não autorizadas.
Efeitos
O ópio pode produzir o alívio da dor e da ansiedade, diminuição do sentimento de desconfiança, euforia, flash, sensação de bem-estar, tranquilidade, letargia, sonolência, depressão, impotência, incapacidade de concentração, embotamento mental. Estes efeitos podem ser acompanhados de depressão do ciclo respiratório (causa de morte por overdose), edema pulmonar, baixa de temperatura, náuseas, vômitos, contracção da pupila, desaparecimento do reflexo da tosse, obstipação, amenorreia ou morte.
Os efeitos duram entre 4 a 6 horas.
Riscos
A longo prazo, o ópio pode diminuir a capacidade de trabalho, provocar enfraquecimento físico e diminuir o desejo sexual.
Na mulher produzem-se ciclos menstruais irregulares.
Tolerância e Dependência
Existe tolerância assim como grande dependência, tanto física como psicológica.
Síndrome de Abstinência
O indivíduo poderá experimentar bocejos, febre, choro, sudação, tremores, náuseas, agitação, ansiedade, irritabilidade, insônia, hipersensibilidade à dor, dilatação das pupilas, taquicardia e aumento da tensão arterial. Posteriormente poderão ocorrer dores abdominais, toráxicas e nos membros inferiores, lombalgias, diarreia ou vômitos.
Autoria: Igor Souza