O dinamismo econômico do Brasil está relacionado a processos socioeconômicos e históricos e ao estabelecimento de sua sociedade, organização política e cultura. Veja um resumo dos principais fatos ocorridos na história da economia brasileira.
A economia no início da colonização
O primeiro processo econômico desenvolvido em terras brasileiras no século XVI foi a exploração do pau-brasil. Surgiram então as feitorias no litoral atlântico, onde a madeira retirada da floresta era armazenada e depois encaminhada para a metrópole.
Na metade do século XVI, com a implantação das lavouras de cana-de-açúcar – pelo método de plantation (grandes propriedades monocultoras voltadas para o mercado externo) – e o estabelecimento de engenhos para a produção de açúcar, essa atividade econômica fez grande sucesso no Nordeste.
Mas a ampliação do negócio açucareiro teve um alto custo ambiental, que foi a devastação da Mata Atlântica, além dos impactos sociais decorrentes da mão-de-obra escrava e da concentração de terras gerada pela histórica apropriação de terras no Brasil.
Nessa época, outro setor bem desenvolvido pela Coroa portuguesa foi o tráfico negreiro, que fornecia mão-de-obra para os canaviais. Ainda nesse período, surgiram os primeiros núcleos urbanos, e a cidade de Salvador foi fundada para sediar o governo português na colônia.
Rebanhos, indígenas e ouro
Nos séculos XVII e XVIII, tiveram início a atividade pecuária, a organização de expedições para a captura de indígenas, transformados em escravos, e a exploração do interior em busca de metais preciosos.
A criação de gado bovino, que abriu os sertões nordestinos para os luso-brasileiros, tomou-se uma atividade econômica de grande rentabilidade, O mesmo sucedeu com a mineração, após a descoberta do ouro pelos bandeirantes paulistas nos últimos anos do século XVII.
A extração de metais preciosos assumiu tamanha importância que a sede do governo foi transferida de Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, o porto do ouro, mais próximo dos núcleos de garimpeiros da “região das minas”. Ao mesmo tempo, a multiplicação das vilas mineiras criou, pela primeira vez na colônia, uma vida urbana de maior densidade, marcada por movimentos culturais, como a poesia dos árcades e a arquitetura e escultura do Barroco mineiro.
Outro destaque econômico do século XVIII foram as chamadas “drogas do sertão“, extraídas da Floresta Amazônica: produtos locais como cacau, baunilha e urucum alcançaram altos preços como condimentos.
O café
Nas últimas décadas do século XIX, antes da abolição da escravatura, o Brasil passou a incentivara vinda de imigrantes livres para trabalhar na lavoura do café.
Base das finanças do Império, o café fortaleceu os laços da economia brasileira com o mundo, trouxe avanços no transporte coletivo por meio da construção de ferrovias e favoreceu a expansão da periferia nas áreas não-cafeeiras.
Ainda hoje, permanece como um dos principais produtos brasileiros de exportação, embora não disponha mais da importância política e sociocultural que assumiu durante a República Velha (1889-1930), quando a elite de cafeicultores paulistas concentrou em suas mãos o poder político nos municípios de São Paulo, no governo estadual e no plano federal.
Com as vendas do café, a agroexportação brasileira criou as bases necessárias para o desenvolvimento industrial na região Sudeste. Os empresários eram, em geral, antigos cafeicultores ligados às firmas exportadoras, que, com a queda das cotações do produto no mercado internacional, passaram a investir cada vez mais em máquinas.
Trazidos para o cultivo dos cafezais, os imigrantes forneceram boa parte dos primeiros contingentes da força de trabalho operária. Alguns mais audaciosos ou afortunados tornaram-se empresários, lançando pequenas indústrias têxteis, de alimentos e utensílios domésticos, que brotavam nas cidades fundadas junto às ferrovias e atendiam ao mercado regional. Foi essa a origem de impérios fabris como o de Francisco Matarazzo, criador do maior complexo industrial da América Latina nas primeiras décadas do século XX.
A arrancada industrial
A multiplicação das fábricas tornou ainda mais nítidas as vantagens do Sudeste enriquecido pelo café em relação às demais regiões brasileiras, que não dispunham de tecnologia e infraestrutura para competir com a escala industrial de São Paulo e Rio de Janeiro.
Enquanto a República Velha procurava beneficiar os cafeicultores, Getúlio Vargas, desde a década de 1930, com sua política de protecionismo nacionalista, acelerou o processo industrial brasileiro com a concessão de créditos aos empresários.
Também foram eliminados os impostos interestaduais que protegiam o mercado regional e dados os primeiros passos para regularizar a situação da mão-de-obra industrial, com a criação de sindicatos e de uma legislação trabalhista.
Nas décadas seguintes, surgiram poderosas empresas estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Petrobras, a Usiminas e a Companhia Vale do Rio Doce (privatizada na década de 1990 e atualmente denominada Vale).
O deslanche industrial aconteceu nas décadas de 1950 e 1960, com o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, que substituiu o modelo agroexportador por uma economia urbano-industrial. Essa foi também a fase de internacionalização da economia brasileira, com a abertura do país às multinacionais.
Nos anos 1970, veio a fase do “milagre brasileiro”, com forte expansão econômica. A década seguinte foi marcada pela inflação. A partir dos anos 1990, com o Plano Real, a economia voltou a se estabilizar, e desde então tem apresentado sucessivas melhoras.
No entanto, alguns especialistas apontam para uma possível desindustrialização, devido principalmente ao capital especulativo e à concorrência chinesa.
Por: Paulo Magno da Costa Torres