O capitalismo após o período de intensas mudanças, assumiu uma nova característica perante as modificações e as alterações do mercado, alguns clássicos econômicos seguiam estritamente a tradição utilitarista e neoclássica e raramente reconheciam que o capitalismo estava passando por mudanças turbulentas rejeitando toda perspectiva da teoria do valor do trabalho.
Os 15 anos que seguiram após a Segunda Guerra Mundial, foi um período de profundo conservadorismo, foi uma época de pessimismo e de depressão no setor econômico, na economia acadêmica esta situação geral refletia-se no predomínio esmagador das ideias de Keynes e de Samuelson, isso tudo mudou drasticamente as décadas de 60 e 70, que foram décadas de crises sociais, econômicas e políticas que contribuíram para uma crise ideológica liberal da guerra fria e renasceram algumas teorias e progressos do renascimento da Economia Política Crítica.
Paralelo entre Keynes/Neoclássicos e a atual Economia Política Crítica
Um ponto em comum entre neoclássicos e Keynes seria a busca do equilíbrio na economia, o que Keynes chamava de pleno emprego, ou seja, a eficácia dos meios de produção, bem como o bem comum, ter o salário suficiente para se apropriar dos bens de consumo. A Economia do bem- estar ocupa no contexto de toda escola neoclássica um espaço importante, essa economia é referida como economia “paretiana” do bem estar, pois as ideias da maximização do lucro foram reformuladas e aprimoradas e foram levadas em consideração as curvas de “indiferença”. Através das curvas de indiferença o economista neoclássico ilustra graficamente o modo como o consumidor maximiza sua utilidade, quando existem apenas duas mercadorias para ele comprar e consumir, consequentemente o economista passa a ter uma visão beatifica e a “Felicidade Externa”. A eficácia é atingida quando, para qualquer combinação de mercadorias produzidas, o aumento da produção de qualquer mercadoria implica, obrigatoriamente, a diminuição de outras mercadorias.
A teoria econômica neoclássica descende diretamente das ideias de Smith e de Ricardo denominadas pela perspectiva da utilidade ou da troca, mas ela cada vez mais, tem assumido a forma de análises matemáticas esotéricas, a ponto de um estudante de Economia aprendendo apenas os instrumentos e técnicas de análise, sem conseguir perceber os valores filosóficos, e sociais subjacentes à analise, os valores sociais e filosóficos, e morais, que são obscurecidos por ideias dos economistas neoclássicos contemporâneos, continuam idênticos aos valores economistas anteriores.
A economia do bem estar descende diretamente das doutrinas que Marx chamava de “Economia Vulgar”, um ponto de vista que se restringe à sistematização, de forma pedante, e à proclamação de verdades eternas, ás ideias vulgares da burguesia autocomplacente sobre o seu mundo, para ela o melhor mundo possível. O pensamento neoclássico ignora ou deixa de lado os conflitos e problemas sociais e importantes e acredita na visãoharmoniosa e beatífica da economia.
Keynes não tinha o menor interesse em usar o marxismo, por que tinha horror a qualquer doutrina que contivesse um apelo socialista revolucionário: “Não acredito que haja qualquer progresso econômico para a qual a revolução seja um instrumento necessário. Por outro lado, só temos a perder com métodos de mudança violentos. Nas condições industriais do Ocidente, a tática da Revolução Vermelha mergulharia toda a população num mar de pobreza e de morte”.
Para Keynes um dos pontos principais a serem discutidos era a liquidez da moeda, para qualquer tipo de negociação seria necessária que se tenha a moeda (que possui valor real) para que se possa aumentar a capacidade de consumo.
Keynes também acreditava que o governo tinha poder fundamental na economia, para proporcionar bens coletivos à sociedade, como produtor de bens e serviços, como regulador da moeda, intervindo no mercado financeiro para controlar o fluxo da moeda, como comprador, consumidor e agente econômico. Defendia a teoria do pleno emprego, que seria o uso eficaz de todos os fatores de produção (equilíbrio de mercado dos neoclássicos).
Uma contradição entre Keynes e os neoclássicos seria o fato de que ele queria dar aos governos capitalistas esclarecimentos teóricos que os ajudassem a salvar o capitalismo, e a segunda grande diferença entre Keynes e a teoria neoclássica da automaticidade do mercado era sua rejeição da teoria neoclássica de determinação da taxa de juros.
Com o renascimento da economia Política Crítica, houve uma influência ideológica e uma certa influência nas teorias anteriormente apresentadas, desenvolveu-se a teoria do valor do trabalho, para os economistas ortodoxos mais preparados sabiam que havia uma solução para o problema da transformação, os preços sempre seriam adequados ao trabalho, os mesmos negavam a intensificação de uma medida invariável de valor. Embora o capitalismo seja caracterizado por um planejamento racional e calculado a nível de empresa individual, a nível agregado, toda a economia continua, como sendo à anarquia e à irracionalidade do mercado.
Conclusão
Os economistas neoclássicos veem o sistema capitalista como um sistema de harmonia natural e vantagens universais. O preço desta ideia sempre foi deixar de lado ou negar todos os problemas sociais e todos os conflitos sociais importantes. A recompensa desta ideia é, obviamente, pode sentar-se e descansar, esquecer todos os aspectos desagradáveis do mundo e aproveitar os sonhos de visão beatífica e da felicidade eterna. Ainda ansioso para convencer os capitalistas de que tenham em alta conta os seus interesses, Keynes assegurou aos que viviam de rendas que “não havia como defender o socialismo do estado”. Ele queria que o governo agisse de maneira a possibilitar a continuação do lucro, e estas funções do governo podiam ser introduzidas gradualmente e sem uma captura das tradições gerais da sociedade.
Toda teoria social se baseia em uma determinada teoria psicológica e ética, explicitamente exposta ou implicitamente aceita, quase todos os economistas neoclássicos baseiam uma teoria econômica na concepção utilitarista e hedonista da psicologia e da ética humana.
Bibliografia
HUNT, E. K. História do Pensamento Econômico,
CAMPUS 7º edição 1989. Rio de Janeiro
Autoria: Fabrício Fernandes Pinheiro
Veja também:
- Evolução do Pensamento Econômico
- Socialismo e Liberalismo
- Adam Smith – O Formulador da Teoria Econômica