Os esportes são saudáveis em qualquer idade. E o quanto antes a pessoa começar a se exercitar, melhor! Um professor de Educação Física Alexandre Rezende, da Universidade de Brasília (UnB). Ele explicou que as atividades físicas trazem mesmo vários benefícios.
Afirmou que, quanto maior for a variedade de movimentos que a criança experimentar, melhor será o domínio e o conhecimento que ela terá de seu próprio corpo. “É como se ela tivesse uma espécie de inteligência motora, que facilita a aprendizagem de qualquer atividade corporal, não apenas esportiva, mas também de atividades da vida diária, nos estudos e futuras atividades profissionais”.
Alexandre Rezende acrescentou que a prática de esportes (ou desportos) ajuda: no crescimento físico; no amadurecimento emocional (aprender a lidar com os medos e as frustrações); na formação moral (aprender a jogar “limpo”, de acordo com as regras e a ética esportiva); na socialização (aprender a fazer amigos e a jogar em equipe, de forma cooperativa) e no desenvolvimento da inteligência (capacidade de solucionar problemas e tomar decisões sobre a jogada mais adequada para cada situação de jogo).
Também auxilia na formação da personalidade (aprender a valorizar a si mesmo, descobrindo suas potencialidades e talentos) e influencia as crianças a aprenderem a gostar de fazer exercícios, de forma a adotarem, quando adultos, um estilo de vida ativo – uma das principais recomendações médicas para a manutenção da saúde.
Olimpíadas
O grau mais alto das competições esportivas são as Olimpíadas, que acontecem a cada quatro anos. Em 2004, esse grande evento foi sediado na cidade grega de Atenas (você ainda deve estar lembrado, né?).
Aliás, a Grécia é o berço dos jogos. Na Idade Antiga, por volta de 776 antes de Cristo, as cidades-estado gregas se reuniam para competir, sempre no vilarejo de Olímpia. Durante as Olimpíadas, as pessoas até faziam as pazes, dando uma trégua às guerras. Uma das finalidades dos jogos era homenagear Zeus, a maior divindade do Olimpo. As vitórias nas competições rendiam honras e glórias aos atletas e às cidades. No entanto, com a invasão romana, os jogos entraram em decadência e, em 394 depois de Cristo, deixaram de ser disputados. Assim, a celebração olímpica ficou sem ser realizada por 1500 anos!
E só em 1894, graças aos esforços do esportista francês Barão Pierre de Coubertin, a ideia de se fazer uma competição esportiva internacional foi retomada. Para organizar as Olimpíadas, foi criado, então, no mesmo ano, o Comitê Olímpico Internacional (COI). Em 1896, a primeira edição dos jogos da Era Moderna foi em Atenas.
O Brasil no pódio
E por falar em Olimpíadas, o corredor Joaquim Cruz. Que honra, hein? O atleta é o único brasileiro a ganhar uma medalha de ouro em competições de pista nos Jogos. Com certeza você não se lembra, mas foi em Los Angeles, em 1984, na corrida dos 800 metros. Na Olimpíada seguinte (em Seul, na Coreia do Sul), ele ficou com a prata na mesma prova.
Joaquim Cruz, sabe muito bem como o esporte pode mudar a vida das pessoas. Sua infância foi cercada de pobreza. Ele vivia correndo descalço nas ruas da cidade de Taguatinga, no Distrito Federal. “Ser um desportista no Brasil tem um peso maior, uma responsabilidade com as crianças que vivem nos bairros onde vivi e consegui me projetar”, relata. “Sinto-me orgulhoso das minhas conquistas no atletismo, mas as conquistas só terão valor se eu conseguir transmitir para as crianças que elas também podem chegar aonde eu cheguei ou mais longe”, prossegue.
O exemplo de Joaquim serve para mostrar que falta é oportunidade para as crianças se iniciarem no esporte, já que potencial elas têm. A maioria dos nossos atletas não encontram estruturas adequadas para treinar, seja na comunidade, seja nas escolas. Para Joaquim, falta uma política voltada para a educação esportista do jovem, pois as aulas de educação física não funcionam.
“Na minha época tínhamos mais opções para praticar esporte. Eu estudava pela manhã, praticava educação física à tarde e um esporte coletivo à noite. Havia um calendário recheado de competições. Evoluíamos rápido porque tínhamos um excelente programa de base”, lembra o corredor. “Mudamos de um sistema que estava funcionado para um método novo e ineficaz. A educação física incluída na grade escolar só prepara jovens para ter vida sedentária”.
Para Joaquim Cruz, a solução para esse problema é oferecer alternativas nos próprios bairros, promovendo a prática do esporte através de programas comunitários. “Os jovens estão sempre à procura de um grupo e de atividades para preencher seu tempo vago” afirma. “Se alcançarmos os jovens antes da marginalidade, estaremos ganhando um atleta e um cidadão. O Instituto Joaquim Cruz e a Caixa, através do Clube dos Descal S.O.S, propõe-se justamente a isso”.
Saltos ornamentais
O atleta César Castro, 22 anos, é um exemplo de quem começou cedo no esporte. Ele conta que, aos nove anos de idade, fazia natação em um clube de Brasília e, depois da aula, corria para os trampolins para “saltar por lazer”. A brincadeira virou uma profissão, depois que o atleta passou a participar de competições e a se destacar, ainda jovem.
César diz que, para seguir a carreira de esportista, teve que abrir mão de várias coisas. “Levo uma vida diferente dos meus amigos. Tenho de descansar muito, ter uma alimentação balanceada, além das rotinas dos treinos. Nem sempre posso sair ou viajar com a família”, diz.
Mas é claro que os fortes treinos trazem recompensas. O atleta representou o Brasil nos saltos ornamentais em Atenas, conquistando o nono lugar no trampolim de três metros de altura. Um resultado histórico! Ele também já participou de mundiais, campeonato pan-americano e conquistou um sul-americano. Tudo isso permitiu ao saltador conhecer mais de 20 países no mundo. E os benefícios para a saúde são muitos. “O esporte só promove a saúde e o bem-estar. Eu recomendaria para qualquer criança”.
Como um bom competidor, César Castro defende a disputa de campeonatos pelos atletas mirins. “É bom competir para aprender a lidar com as derrotas. E assim, as crianças lutam para querer melhorar. Afinal, a vida é uma competição”.
Correr é preciso
Outra atleta que começou cedo no esporte foi Lucélia Peres, mineira de 23 anos. Ela ficou conhecida depois de ganhar a Volta da Pampulha e chegar em segundo lugar na São Silvestre, no ano passado – as duas corridas de rua mais importantes do País.
A atleta se interessou pelo atletismo aos 12 anos. Como muitos atletas do Brasil, principalmente os menos conhecidos, as dificuldades para seguir na carreira são grandes. Para Lucélia, as barreiras começaram na escola. Ela tinha de mudar os horários das aulas para poder competir. “Ainda bem que alguns professores repunham a matéria depois”, declara.
Um atleta tem muitas despesas com viagens e material esportivo, e a falta de patrocínio é um problema que eles têm de enfrentar. Mesmo assim, ela recomenda às crianças que pratiquem esportes. Diz que os pais também podem dar um grande incentivo. “Quando os pais praticam um esporte e levam os filhos para assistirem a competições esportivas, estão incentivando as crianças para a atividade física e colocando-as num ambiente saudável”.
Nunca é tarde
Todo mundo diz que, para ser atleta, é preciso começar a treinar desde cedo. Mas Francisca Oliveira, 33 anos, que trabalha na Câmara dos Deputados como ascensorista (na condução de elevadores), começou a carreira no atletismo há apenas 9 meses. Chiquinha, como é conhecida, ouviu de algumas pessoas: “Você é muito velha para ser atleta”, mas não desistiu. Hoje já coleciona 11 troféus. Ela começou a correr por acaso, mas levou os treinos a sério e vem colecionando resultados positivos. Treina no Parque da Cidade, em Brasília, com o técnico Lindenberg Gomes.
Hoje a maranhense é reconhecida na Câmara. Inclusive recebeu apoio financeiro dos colegas para participar da corrida de São Silvestre, no dia 31 de dezembro, em São Paulo. Eles fizeram uma “vaquinha” e compraram a passagem de ônibus e os tênis para a atleta. “Infelizmente, o Brasil só pensa em futebol. Os corredores de rua são desvalorizados”, lamenta. “As pessoas passam de carro, veem alguém treinando e, em vez de darem uma palavra de apoio, xingam ou jogam objetos”.
Atleta mirim
O esporte entra na vida das crianças primeiro como uma forma de lazer, de socialização e de saúde. Geralmente é nas aulas de educação física que se dá esse contato inicial. Não podia ser diferente com Átila Rezende Fialho, 11 anos, aluno da 6ª série. Ele adora jogar futebol. “Acho muito bom praticar esporte. Para divertir mesmo”.
Além de bater bola nas aulas, no recreio e em casa, Átila planeja voltar para a escolinha de futebol que frequentou antes de entrar de férias. “Gosto mesmo é de ser goleiro”, afirma. E o nosso atleta mirim não fica só no futebol. “A cada bimestre, a nossa turma escolhe um esporte diferente para as aulas de educação física”.
Mas os coleguinhas acabam elegendo o futebol, basquete, vôlei e handebol como esportes favoritos. “De vez em quando, a turma poderia escolher outro esporte. Gostaria de variar e fazer natação, por exemplo”.
Conclusão
O esportista, ao praticar exercícios físicos, coletiva ou individualmente – e com método -, está aperfeiçoando a atividade de seu corpo e mente. Nessa atividade, ele emprega sua força, sua habilidade e inteligência (em conjunto ou separadas), seguindo regras pré-fixadas. O objetivo é vencer os adversários que enfrenta direta ou indiretamente. Daí concluírmos que, apesar de em alguns esportes o homem precisar dominar uma máquina (automóvel, moto, lancha etc), a natureza (alpinismo, natação) ou mesmo os animais (caça subaquática, hipismo etc), o esporte teve sua origem da competição entre homens ou grupos de homens.
O esportista, então, é aquele que tem como principal intenção superar outros competidores e até a si mesmo, suas próprias limitações. Quando o esportista cruza a faixa de chegada ou o juiz da disputa determina seu encerramento, trata-se do ponto final de um trabalho exaustivo para atingir o ápice do condicionamento corporal, visando à vitória. Ele encerra em si o desejo de perfeição, a ideia de totalidade. O atleta perseguirá essa finalidade em toda a sua vida dedicada ao esporte.
Viu quanta coisa boa o desporto traz para a nossa vida? E, além disso, serve como linguagem universal. A sua forma de comunicação ultrapassa todas as fronteiras culturais. Basta saber as regras do jogo para estabelecer um contato com as pessoas. Você pode estar em outro país e não saber a língua do povo mas, ao ser capaz de jogar uma partida de futebol e brincar com as pessoas que moram lá, você ganha amizade e admiração!
Por: José Ricardo Gomes da Silva