Educação Física

Plano de aula com alunos deficientes

1. IDENTIFICAÇÃO

Instituição: Escola Especial Ulisses Pernambucano.
Disciplina: Educação Física.
Docentes: Ana Cecília, Anne Catharine, Josefina e Valdemir Alencar.
Duração: 45 horas.
Quantidade de alunos: 10 alunos.
Faixa etária: Adultos.
Gênero: misto.
Realidade sócieconômica: Alunos com necessidades educacionais especiais.

2. JUSTIFICATIVA

As mudanças paradigmáticas observadas no cenário educacional recente têm contribuído significativamente para o reconhecimento e o respeito às diversidades individuais dentro do ambiente escolar. Ao focarmos nosso olhar para os alunos portadores de necessidades educativas especiais, constatamos que a partir da década de 80, vários são os estudos e as ações que apontam para a inclusão e a valorização desses alunos nas diversas disciplinas do currículo escolar.

Deficiente em cadeira de rodas

Em nosso país, essa mudança de postura pedagógica voltada para a Educação inclusiva que atenda a todos sem distinção tem seu marco inicial, segundo Rodrigues (2004) com o texto constitucional de 1988, que consagra, no artigo 205, a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. Ainda segundo a autora, essa linha mestra estabelecida pela Constituição é detalhada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (9.394/96), a qual vem ratificar normas sobre a igualdade de oportunidades para todas as pessoas, incluindo neste rol as com algum tipo de deficiência.

Partindo deste raciocínio e ainda como nos indica Rodrigues (2004, p.48), o espaço escolar, em todos os seus momentos, deve permitir as interações entre os alunos e as suas potencialidades, para que as manifestações da aprendizagem possam ser compartilhadas na diversidade humana (Idem, p.48). Desse modo, desde que sejam respeitadas suas capacidades e limitações, os alunos poderão desenvolver qualquer ação pedagógica que lhes sejam apresentadas.

Nesse contexto, pensamos que a Educação Física, como uma das disciplinas do currículo que contribui para desmistificar o preconceito à diversidade, através de vivências psicomotoras e socioculturais, pode contribuir, no sentido de proporcionar o reconhecimento das potencialidades e a ampliação das possibilidades corpóreas desse aluno.

No caso do aluno portador de deficiência mental, acreditamos que diversos são os caminhos pedagógicos que podem ser percorridos pelo professor de Educação Física, todavia, faz-se necessário, primeiramente, o conhecimento sobre tal deficiência e suas implicações no cotidiano de seu portador e, a partir desse ponto, definir as ações pedagógicas que serão operacionalizadas, devendo estas estarem interconectadas entre os vários aspectos do saber, do sentir e do fazer. Nesse sentido, nossas diretrizes pedagógicas apontam para vivências corporais interativas do aluno portador de deficiência mental na sua totalidade, reforçando e ampliando a sua condição humana e de sujeito-cidadão. Segundo o Coletivo de Autores (1992): através da estimulação promovida pela Educação Física, o aluno, a partir de uma perspectiva de reflexão sobre sua cultura corporal, adquire condições suficientes de refletir seu movimento e sua corporeidade.

No caso dos alunos com necessidades educativas especiais, a relação ensino-aprendizagem se dá através, principalmente, da experiência sensível, onde o aluno começa a organizar e relacionar o conhecimento a partir das referências sensoriais que lhes são devidamente proporcionadas. Neste contexto, enfim, acreditamos que a Educação Física exerce papel imprescindível para um melhor atendimento e desenvolvimento das potencialidades motoras, cognitivas, afetivas e sociais destes alunos “especiais”.

3. OBJETIVO GERAL

O trabalho a ser desenvolvido com os alunos portadores de necessidades educacionais especiais tem como objetivo geral proporcionar a esse aluno a identificação das diferenças e semelhanças entre os conteúdos tratados: o jogo e a dança, a natação e a hidroginástica, e, a partir daí, que o aluno possa estabelecer relações diretas com o seu dia-a-dia e aos valores sociais estabelecidos.

4. OBJETIVO ESPECÍFICO

JOGO: Para este conteúdo, fazer com que os alunos identifiquem na dinâmica proposta, através de gestos e/ou verbalização, os principais elementos presentes e que os relacionem cognitivamente às práticas de sua realidade social.

DANÇA: Identificar e associar, através de gestos e/ou verbalização, os ritmos musicais tratados em aula, associando-os aos eventos festivos do dia-a-dia na comunidade e na escola.

NATAÇÃO: Adaptar, inicialmente, o aluno ao meio líquido, para conduzi-lo, em seguida, ao acesso de noções básicas que visem seu deslocamento dentro deste meio. Fazer com que o aluno relacione esta prática à sua realidade social.

HIDROGINÁSTICA: Promover a socialização dos alunos através de um ambiente agradável, a partir de alongamentos, brincadeiras e jogos executados dentro dágua.

5. CONTEÚDOS/CRONOGRAMA

Para a seleção dos conteúdos a serem tratados com os alunos do Ulisses Pernambucano, observou-se, primeiramente, a adequação dos mesmos às possibilidades sociocognoscitivas dos alunos (Coletivo de Autores, 1992). A partir daí, a opção que se fez foi pelo Jogo, a Dança, a Natação e a Hidroginástica.

6. RECURSOS MATERIAIS

Além da instalação esportiva (quadra), serão utilizados os seguintes materiais:

Apito, Bolas variadas, Elástico, rede para volei, rede para futebol, Cones, Cordas, Arcos, Pinos, Jornais, CDs, Som, macarrão e disco para natação.

7. SITUAÇÃO DIDÁTICA

Entendendo a aula como sendo um espaço, intensionalmente organizado, para facilitar as relações que levem a uma melhor apreensão do conhecimento pelo aluno, serão desenvolvidos procedimentos teórico-metodológicos para possibilitar uma  melhor e mais fácil apropriação significativa dos conteúdos tratados e dos valores que estão intrínsecos a cada um deles. Nossa proposta consiste em:

– Exposição teórico-prática do conteúdo a ser tratado em cada aula com o resgate, a cada início de aula do conhecimento dos alunos a cerca dos referidos temas;

– Adequação de linguagem acessível ao nível de conhecimento dos alunos, evitando o máximo possível o exagero de informações;

– Buscar sempre, através de estímulos positivos e motivadores, a participação de todos nas atividades propostas, respeitando sempre suas limitações;

– Oportunizar aos alunos para que estes identifiquem as possíveis diferenças e semelhanças dos conteúdos tratados;

– Estimular, em alguns momentos da aula, a autonomia dos alunos para que estes possam mostrar seu conhecimento a cerca da atividade proposta;

– Durante a execução das atividades, sempre que possível enfatizar outros conhecimentos relacionados àquela atividade como cor, forma, tamanho de objetos, posicionamentos, direção, que estimulem sua aprendizagem cognitiva;

– Ao final de cada aula, estimular os alunos para que possam fazer uma recapitulação ou resgate da atividade que fora executada.

8. AVALIAÇÃO

O que se busca no processo avaliativo com os alunos é, primeiramente, a participação e a integração de todos durante a aula, seja essa participação parcial ou integral, dada às limitações individuais de alguns alunos. A partir daí, conduzi-los a uma aprendizagem dos conteúdos, sendo esta verificada através da participação e do envolvimento dos alunos, da identificação, por meio de gestos e verbalizações, das principais características da atividade proposta e também do reconhecimento das semelhanças e diferenças entre os conteúdos tratados.

 BIBLIOGRAFIA

CADERNOS DE EDUCAÇÃO. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDBEN – CNTE: 2. ED, N. 3, mar.1997

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

LAZER, Atividade Física e Esporte para Portadores de Deficiência. – Brasília: SESI-DN: Ministério do Esporte e Turismo, 2001.

MELO, José Pereira. O Ensino da Educação Física para Deficientes Visuais. RBCE. V.25, p.117-129, mai. 2004

PROPOSTA PEDAGÓGICA. Escola Especial Ulisses Pernambucano.  Recife: 2004

RODRIGUES, David. A Educação Física perante a Educação Inclusiva: reflexões conceptuais e metodológicas. Boletim da Sociedade Portuguesa de Educação Física. V.24, p.73-81 s/d.

RODRIGUES, Graciele Massoli. Demarcações Sociais e as Relações Diádicas na Escola: Considerações acerca da inclusão. RBCE. V.25, p.43-56, mai. 2004

Autoria: Catharine Mariz Dourado

Veja também: