Desenvolvido como parte de um estudo social, o tchoukball é um esporte inovador e inusitado, cujo método para marcar pontos consiste em arremessar uma bola contra uma pequena cama elástica, chamada no jogo de quadro de remissão.
Origem
Pensado como uma mistura de handebol, voleibol e pelota basca, o tchoukball é um esporte criado a partir dos estudos do médico suíço Hermann Brandt, ainda na década de 1970. O médico analisou a incidência de lesões em diversos esportes em grupo e constatou que elas surgiam em consequência de uma série de movimentos inadequados que expunham o corpo humano a traumas.
Com isso em mente, Brandt expressou sua preocupação com relação aos valores educacionais e didáticos que eram aplicados ao esporte. Para ele, a prática de esportes deveria ser considerada ferramenta para construir valores que pudessem desenvolver as competências sociais dos indivíduos, com vistas a melhorar a coesão social, e não apenas uma fábrica de atletas campeões ou uma simples disputa.
Com essa filosofia de trabalho, Brandt criou o tchoukball, um esporte coletivo onde há o mínimo contato físico possível entre os esportistas. Ao mesmo tempo, busca-se o equilíbrio físico individual, mental e social.
O esporte possui base para ser jogado por um público heterogêneo – pode misturar homens, mulheres e pessoas de diversas idades e portes físicos distintos. O tchoukball tem esse nome em função do som que a bola faz ao bater na cama elástica (tchouk) e do objeto utilizado para pontuar, a bola (ball).
Tchoukball no Brasil
Em meados de 1987, o tchoukball teve suas primeiras iniciativas de implantação no Brasil. A Federação Internacional de Educação Física protagonizou esforços mundiais nesse sentido, expondo o esporte em diversos congressos e conferências. O resultado acabou sendo uma alta disseminação do esporte, ainda que concentrada na Região Sul do país.
Além disso, a difusão do tchoukball no Brasil também teve forte ajuda do sergipano Océlio Ferreira. ferreira estudava na Europa e passou a praticar o esporte de forma profissional, atuando pela equipe suíça Lausanne Tchoukball Club. Ao regressar para o Brasil, o sergipano tornou-se uma espécie de embaixador do esporte, difundindo a prática por meio de oficinais e aulas com demonstrações em várias escolas e instituições de ensino.
Após uma breve difusão do esporte e a formação de algumas equipes de competição, em 1993 o litoral paulista recebeu o primeiro torneio paulista de tchoukball de praia, em Itanhaém. No mesmo ano, também aconteceu o primeiro torneio paulista da modalidade em quadra. Finalmente, em 1999, foi criada a Associação Brasileira de Tchoukball (ABTB), que só foi registrada em 2008, apesar de afiliada à Federação Internacional de Tchoukball (FITB) desde 2000.
Como jogar e regras
O Tchoukball é jogado em quadras. As dimensões da quadra são as mesmas utilizadas na prática do basquete. Contudo, ao invés de cestas com tabelas nas duas extremidades, o esporte possui duas camas elásticas em formato retangular – os quadros de remissão, nas proximidades das extremidades. Essas camas se mantêm inclinadas em aproximadamente 45º durante o jogo.
Assim como em outros esportes coletivos, o tchoukball é jogado entre duas equipes com 7 jogadores cada. Ao contrário do que ocorre na maioria dos outros esportes em quadras, no tchoukball qualquer uma das equipes pode pontuar em qualquer um dos lados do campo, ou seja, em qualquer uma das camas elásticas.
Para pontuar, um jogador precisa atirar a bola contra o quadro de remissão e fazer com que, na volta, a bola toque o campo antes que qualquer jogador rival possa recuperar a posse de bola.
Ao ter a posse da bola, cada time pode fazer três passes antes do arremesso. Enquanto a equipe efetua os passes, a equipe rival não pode interceptar a bola ou causar bloqueios para o outro time. O objetivo da equipe que não tem a posse de bola é se posicionar na quadra de modo a recuperar a bola no rebote do quadro de remissão. uma área próxima dos quadros ainda impede que jogadores cheguem muito próximo do quadro de remissão. A bola utilizada no jogo é a mesma do handebol.
Algumas ações são consideradas faltosas no tchoukball. Não se pode quicar a bola ou tocá-la com os membros inferiores. Pisar fora das delimitações da quadra constitui uma falta, assim como interceptar passes dos adversários ou obstruir o seu deslocamento, ou ainda, pegar a bola após uma finalização do próprio time.
A partida tem três períodos de 15 minutos cada e os jogadores de cada equipe em geral se organizam entre atacantes ou lançadores e defensores.
Campeonatos e curiosidades
Até 2019, aconteceram 11 edições do Torneio Mundial de Tchoukball. A China é a grande campeã masculina mundial, com oito campeonatos e também é atual campeã no torneio feminino. A China acumula campeonatos como time invicto em vários torneios e séries do esporte, tanto em nível local quanto mundial.
Nas disputas panamericanas, o Brasil possui expressão, tendo sido campeão masculino nas quatro edições da competição e tem dois títulos femininos dos quatro disputados.
Por: Carlos Artur Matos
