O maior representante do movimento existencialista é Martin Heidegger que procurou reconstruir metafísica em novas bases, mediante a aplicação do método fenomenológico do estudo ser. Foi discípulo de Husserl.
NECESSIDADE DE UMA NOVA ONTOLOGIA…
A primeira especulação Martin Heidegger, puramente ontológica, é dirigida para a solução do problema do ser. Embora já tenha sido estudada pela filosofia de todos os tempos, jamais foi resolvido, porque em vez de estudarem o ser como tal os filósofos sempre, estudaram um modo, particular de ser (Platão as ideias, Aristóteles a substância).
Na verdade, porém, “a respeito do problema do ser”, não só se tem a solução, como também o problema que é obscuro e confuso: é preciso abordá-lo desde o começo e fixar uma posição autêntica a seu respeito.
A FENOMENOLOGIA DO HOMEM…
O ser nunca se manifesta diretamente, imediatamente, em si mesmo, mas sempre como o ser deste ou daquele ente.
Segundo Heidegger, a compreensão do ser é, ao mesmo tempo uma determinação do ser do homem. O homem é a porta de acesso ao ser. Aqui Heidegger aplica o método fenomenológico: parte do homem de fato, deixa que ele se manifeste tal qual é, e procura compreender, sua manifestação.
Na sua pesquisa antropológica, ele descobre no homem alguns traços fundamentais, característicos do seu ser, traços os quais ele dá a denominação de existenciais.
O primeiro existencial é o ser-no-mundo que se encontra em situação (chamado de Daisen ser-em-situação, por Heidegger), num círculo de afeto e interesses; o homem que está sempre aberto para se tornar algo novo. A própria situação presente é determina por aquilo que ele pretende fazer no futuro: muito do que ele faz hoje, senão tudo, ele o faz em vista do que ele quer ser amanhã.
Segundo existencial Heidegger chama se existência a esta característica do homem de ser fora de si, diante de si, por seus ideais, por seus planos, por sua possibilidades.
Heidegger afirma que a essência, isto é, a natureza do homem, consiste na sua existência.
O terceiro existencial é a temporalidade. O homem é um existente porque está essencialmente ligado ao tempo. Isso faz com que ele se encontre sempre alem de si mesmo, nas possibilidades futuras. Neste sentido o homem é futuro. Mas para pôr em ato essa possibilidade, ele parte sempre de uma situação, na qual ele já se encontra, neste sentido ele é passado. Finalmente, enquanto ele faz uso das coisas que o cercam, ele é presente.
A temporalidade tem a função de unir a essência com a existência.
As três “estases” temporais (passado, futuro e presente) correspondem, no homem, três modos de conhecer: o sentir, o entender e o discorrer. Pelo sentir está em comunicação com o passado; Pelo entender, está em comunicação com futuro, com as suas possibilidades; Pelo discorrer, ele está em comunicação com o presente.
Entre os dois primeiros existenciais, ser-no-mundo e existência, há uma clara diferença. Um prende o homem ao passado, o outro projeta o futuro. A vida do homem será inautêntica ou autêntica conforme ele se guiar pelo primeiro ou pelo segundo.
Tem uma vida a inautêntica ou banal quem se deixa dominar pela situação, o desejo de saber se torna vão, o inautêntico sabe na aquilo que a massa sabe e submete-se prazerosamente à lei da massa. Observa Heidegger, ela (a massa) o dispensa de responsabilidades, como a responsabilidade de tomar iniciativas e decisões: tudo está decidido na vida de cada dia.
Leva a vida autêntica quem assume como própria e constrói um plano próprio. Autêntica é a vida de quem deve o apelo do futuro, as próprias possibilidades. E já que entre as possibilidades humanas a ultima é a morte. Vive autenticamente aquele que leva em consideração a morte como a possibilidade de deixar de existir “aqui”, cessar.
Segundo Heidegger, a morte pertence à estrutura fundamental do homem, é um existencial ela não é uma possibilidade distante, mas constantemente presente. O ser está sempre nesta possibilidade, depois dela não há outras. O homem. Apenas começa existir, já está atirado nesta possibilidade. Com a morte o homem conquista a totalidade de sua vida. Enquanto ela chega ela não chega, falta a ele alguma coisa que ainda não pode ser e que será. O homem adquire consciência da sua submissão à morte através da angústia, outra disposição fundamental do ser.
Heidegger chama a morte de “principio de individuação”, o princípio formal da vida humana: a vida humana se torna um todo somente mediante a morte, que a limita. Só a morte permite ao homem ser completo.
A NATUREZA DO SER…
Para Heidegger o ser é definido como aquilo que se faz presente no ente, que o ilumina e se manifesta nele. Embora o ser esteja no ente, não há nada no ente que revele a natureza do ser. O homem é “o guarda do ser”, mas só cumprirá essa missão se souber preservar a dignidade do ser. O homem permanece sempre só com á natureza, isto é, com mediato jamais poderá ele encontrar imediatamente “o próprio ser”. Mas o homem sabe que o ser dá a todo ente a “garantia de ser”. Sem ela, todo o ente permaneceria no nada, na privação absoluta do ser. Mas o modo pelo qual se dá este “construir-se” do ente por meio do ser é coisa que não lhe é dado saber. Em consequência disso, a explicação do grande segredo do “constituir-se” da existência e o esclarecimento de sua relação com seu fundamento são impossíveis, estando esta questão oculta em mística obscuridade.
A LINGUAGEM…
A filosofia de é Heidegger é também filosofia de linguagem, uma vez que é no homem, ser-em-situação, é através da linguagem que se da a epifânia do ser.
Heidegger distingue duas espécies de linguagem, uma original e outra derivada.
A linguagem original exprime diretamente o ser, mostra-o, revela-o e o traz para a luz. A linguagem original é a fonte primordial do aparecer das coisas. O falar original esta na base de todo o movimento do universo: ele é a relação de todas as relações.
Heidegger atribui a linguagem original uma densidade ontológica fundamental: a palavra é aquilo que sustenta o ser em todas as coisas.
Linguagem derivada é a linguagem humana, a qual consta de duas fases, uma da resposta é outra da proclamação. Os mortais falam enquanto correspondem à linguagem, que pode se dar de dois modos: percebendo e respondendo. Toda palavra pronunciada é sempre resposta; Faz com que o ser humano entre numa “servidão libertadora”, na qual o homem é encarregado de transferir o dizer original que não tem som, para o som da palavra.
JUÍZO CRÍTICO DO PENSAMENTO DE HEIDEGGER…
O pensamento de Heidegger é muito complexo e difícil, os critérios costumam distinguir duas fases no seu pensamento: a de Ser e Tempo, e a das Obras Posteriores, pois julgam um e emaranhado de contradições. E a contradição fundamental está em pensar que os entes, não possuindo o ser, nem a verdade do ser possam aparecer verdadeiramente como são; e que o ser não seja um ente, seja tal que os ilumine e faça aparecer ao homem, tornando a linguagem humana a sua palavra.
Bibliografia:
HEIDEGGER. Martin (1889 – 1976); Stein, Ernildo. – O existencialista, Fenomologia. Filosofia. Porto Alegre. Ética 1967.
Autoria: Aline Mayte Terhorst