Os raios X foram chamados assim porque, a princípio, sua origem era um mistério. Por possuírem um comprimento de onda bem pequeno, são muito penetrantes, podendo ser absorvidos por materiais densos, como o chumbo ou os ossos.
São utilizados na medicina para examinar o interior do corpo humano, mas doses muito elevadas dessa radiação podem provocar câncer.
Descoberta dos raios X
Esse tipo de radiação eletromagnética foi descoberto acidentalmente em 8 de novembro de 1895, pelo físico alemão Wilhelm Conrad Röntgen.
Röntgen fazia estudos sobre o comportamento do ar e de outras misturas gasosas, encerradas em ampolas de vidro, quando atravessadas por correntes elétricas. O tubo de raios catódicos, como é conhecido esse equipamento, tinha sido inventado alguns anos antes pelo físico inglês William Crookes (1832-1919). Consta basicamente de um tubo de vidro dentro do qual um condutor metálico aquecido emite elétrons, então chamados raios catódicos, contra outro condutor.
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Antes de Röntgen, muitos outros cientistas, realizando experimentos semelhantes, já haviam observado o surgimento de uma luminescência cuja cor variava de acordo com o gás utilizado e com a pressão a que se encontravam submetidos.
Em seu experimento, Röntgen diminuiu a pressão do gás no interior da ampola, aumentou a tensão elétrica a que o tubo era submetido e recobriu o equipamento com uma cartolina preta. Quando o tubo foi posto em operação, ele notou que uma placa recoberta com platinocianeto de bário, esquecida próxima do equipamento, passava a emitir uma luz fluorescente. A fluorescência persistia mesmo quando colocava um livro e uma folha de alumínio entre o tubo e a placa. Alguma coisa era irradiada a partir do tubo, atravessava barreiras e atingia o platinocianeto de bário. Desligado o tubo, a fluorescência desaparecia.
Com mais alguns experimentos Röntgen descobriu que a fluorescência era causada por uma radiação invisível, mais penetrante que os raios ultravioleta e que podia ionizar o ar, atravessar camadas espessas de certos materiais e impressionar filmes fotográficos.
Por desconhecer a natureza de tal radiação, Röntgen a chamou de raios X e, por essa descoberta, acabou por receber, em 1901, o primeiro Prêmio Nobel de Física.
Constituição e produção
A radiação invisível aos olhos humanos, conhecida como raios X, é constituída por ondas eletromagnéticas com comprimentos de onda bem menores que os da luz visível. Os comprimentos de onda dos raios X situam-se na faixa de 300 Å a 0,01 Å, superpondo-se, nos extremos do intervalo, aos menores comprimentos de onda dos raios ultravioletas e aos maiores dos raios gama. Assim, o intervalo de frequências dos raios X varia entre 1 • 1016 Hz e 3 • 1020 Hz.
Os raios X podem ser produzidos pela oscilação de elétrons das camadas mais internas dos átomos ou quando partículas eletrizadas altamente energizadas — elétrons em alta velocidade — colidem com outras cargas elétricas ou com átomos de um alvo metálico.
Aplicações dos raios X
Pela primeira vez era possível visualizar o interior de corpos vivos sem que fosse necessário cortá-los, e quase imediatamente os raios X passaram a ser usados na Medicina.
A seguir são mostrados os componentes de um moderno equipamento de raios X usado para se fazerem radiografias e o resultado obtido após a revelação do filme.
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Observe que, na radiografia dessa mão fraturada, os ossos aparecem em cinza claro, enquanto as partes mais moles — os músculos e tendões — aparecem em cinza mais escuro. Isso ocorre porque os ossos, por possuírem átomos mais pesados, como os de cálcio, absorvem mais intensamente os raios X e, por esse motivo, uma quantidade menor de radiação acaba por atingir o filme. Por outro lado, as partes moles absorvem pouca radiação e o filme é atingido por raios X mais intensos mostrando-se, após a revelação, em tons mais escuros.
Por isso as radiografias são pouco eficientes para a visualização de tecidos moles — como fígado, baço, intestinos, cérebro —, pois os contrastes são pouco definidos.
O uso dos raios X para a visualização de tecidos moles só ocorreu a partir da invenção da tomografia computadorizada, em 1972. Por essa evolução no uso do raio X, o inglês Godfrey Newbold Hounsfield e o sul-africano, naturalizado norte-americano, Allan MacLeod Cormack, inventores do tomógrafo, foram laureados com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1979.
As imagens tridimensionais obtidas pela tomografia computadorizada permitem atualmente a visualização de detalhes inimagináveis até há pouco tempo.
Na Medicina, além do uso na obtenção de radiografias, os raios X podem ser usados na radioterapia. Devido à alta energia e poder de penetração desse tipo de radiação, os raios X são usados para destruir células cancerosas. Já em 1905 a radioterapia era usada contra o câncer de mama, entretanto células sadias, próximas ao tumor, e também outros órgãos eram irradiados.
Atualmente, sofisticados programas de computador localizam com grande precisão a região do tumor e definem a dosagem adequada de radiação a ser aplicada, contribuindo para diminuir os efeitos colaterais desse tratamento.
Por: Paulo Magno da Costa Torres