Quando falamos em urbanização, estamos nos referindo ao crescimento das cidades em relação ao espaço rural.
O surgimento das primeiras vilas e cidades no Brasil teve início no Período Colonial e ocorreu de acordo com as principais trocas comerciais da época. No entanto, apenas no século XX o Brasil passou a ser, gradativamente, um país urbano, deixando de ser majoritariamente rural.
O processo de urbanização do Brasil teve como principais fatores o crescimento da atividade industrial e a mecanização do campo, o que atraiu pessoas para as cidades, em busca de empregos. Além disso, a urbanização significou a construção de infraestruturas que favorecessem a circulação de pessoas, mercadorias e informações, como as redes de transporte e de comunicação.
Ao longo do tempo, as funções desenvolvidas nas cidades se acumularam. Com o processo industrial, as cidades passaram a abrigar também as fábricas, que desempenharam um papel importante no processo de urbanização brasileiro.
Urbanização no Brasil no século XX
O processo de urbanização no país teve dois momentos importantes no século XX: os períodos pré e pós as décadas de 1940-1950.
Antes de 1940-1950, as funções político-administrativas, principalmente das unidades federativas, tiveram um peso significativo. Isso se deu porque até o final da Segunda Guerra Mundial a base econômica brasileira era marcadamente agrícola. A agricultura tinha grande influência nas instituições públicas do país.
Depois de 1940-1950, a dinâmica econômica passa a ter um peso mais significativo e impôs novos desafios às áreas urbanas no Brasil. Isso ocorreu devido à industrialização e modernização da produção agrícola a partir da década de 1950.
O perfil de urbanização que se construiu para o Brasil nesse período, reforçou-se com o governo JK – Juscelino Kubitschek – que, com o slogan “50 anos em 5”, promoveu a industrialização e a modernização da economia do país, além de transferir a capital federal para o Planalto Central com a construção de Brasília.
Os governos militares, pós 1964, continuaram a propiciar condições favoráveis aos investimentos estrangeiros no país – por meio da instalação de unidades industriais ligadas a conglomerados econômicos transnacionais – como as indústrias automobilísticas do ABC paulista.
Nos anos seguintes à Segunda Guerra Mundial, surgiram políticas liberais nos países subdesenvolvidos, que facilitaram a associação entre o capital internacional e o nacional. Essa associação ofereceu ao capital estrangeiro garantias para a instalação de indústrias, caracterizando as políticas desenvolvimentistas de JK e dos governos militares, até a década de 1970.
No entanto, a transição de uma economia agrária voltada ao mercado externo para uma economia urbana e industrial levou a um deslocamento significativo de trabalhadores do campo para as cidades (êxodo rural).
Com isso, os trabalhadores passaram a ser contratados temporariamente. Ou seja, o trabalhador do campo não é mais, necessariamente, um morador rural, mas cada vez mais urbano.
Consequências da urbanização
A partir de 1950, a transferência de grandes contingentes da população do campo para a cidade gerou problemas que, no Brasil de hoje, são característicos das áreas urbanas nas quais esse processo ocorreu rapidamente. Entre eles estão:
- Aumento de formas precárias de moradia, como cortiços e favelas.
- Aumento do desemprego e consequente diminuição dos salários, uma vez que as atividades econômicas urbanas não são capazes de absorver o enorme contingente populacional.
- Aumento do subemprego, pois a cidade não consegue gerar empregos formais para todos. A necessidade de sobreviver faz com que as pessoas realizem tarefas como camelôs, flanelinhas etc.
- Marginalização crescente, com o aumento do consumo de drogas, da violência e da delinquência.
- Colapso da infraestrutura: os sistemas de transporte, abastecimento, energia elétrica saúde e educação não atendem a toda a população.
Desde a década de 1990, os números desses movimentos migratórios têm se mantido estáveis.
Urbanização no Brasil no século XXI
Do final do século XX (aproximadamente 1985) até os dias atuais é verificado um período de recessão nos processos de urbanização no Brasil. Isso se deve às crises do petróleo (1973, 1979 e 1985), aumento da dívida externa brasileira e inserção do país na economia globalizada. Esse processo levou a um aumento do desemprego nas cidades e desacelerou o êxodo rural.
As cidades no Brasil atual não são mais apenas um espaço do poder político comercial e um espaço da produção industrial e do seu consumo. As cidades atuais são o lugar da reprodução financeira do capital; o lugar onde circulam as ideias e as informações. É o lugar onde habitam, se educam e se preparam, onde circulam aqueles que se integram ao Brasil urbano-industrial enquanto força de trabalho.
Por: Wilson Teixeira Moutinho
Veja também:
- O Processo de Urbanização
- O Processo da Industrialização do Brasil
- Migrações Internas no Brasil
- Surgimento das Primeiras Cidades
- Metrópole, Megalópole, Megacidades e Cidades Globais