A revolução das telecomunicações, iniciada no Brasil nos anos 1970, foi um dos marcos no processo de organização do território nacional. Do telégrafo ao telefone e ao telex, do fax e do computador ao satélite, á fibra ótica e a internet, o desenvolvimento das telecomunicações participou vigorosamente do jogo entre a separação física ou material das atividades e os comandos dessas atividades.
Três importantes sistemas de telecomunicações merecem destaque: O rádio e a TV, por seu grau de abrangência e influência em todo o território nacional, e a internet, pela extrema velocidade com que foi difundida no País e as possibilidades praticamente ilimitadas de interação com outros meios de comunicação e informação.
Evolução da telecomunicação no Brasil
Até as primeiras décadas do século XX, os sistemas de comunicação atingiam o território nacional de modo parcial e precário, com adoção tardia de inovações. No Brasil colonial, a circulação de correspondências era irregular e reduzida, sujeita aos transportes da época. Uma carta podia levar meses para chegar à Europa. Apenas em 1829 organizou-se uma administração geral pública dos correios.
Na segunda metade do século XIX houve avanços nos transportes e nas comunicações. A primeira ferrovia foi construída pelo Barão de Mauá em 1854, no Rio de Janeiro. Mais tarde, novas ferrovias ligaram o interior às cidades litorâneas. Em 1922, havia cerca de 30 mil quilômetros de ferrovias. O telégrafo foi introduzido em 1852, expandindo-se com as ferrovias e os cabos submarinos.
A primeira linha de telefone foi instalada no palácio imperial, no Rio de Janeiro, alguns meses após a demonstração do aparelho por seu inventor, Grahan Bell, em 1876. Em 1914, 40 mil aparelhos funcionavam no País.
Após a segunda guerra mundial, o Brasil conheceu um surto de modernização nunca visto, com avanços nas comunicações, transportes e produção de bens. O Brasil praticamente transformou-se em outro País.
O principal marco do avanço nas telecomunicações no Brasil ocorreu entre o final dos anos 1960 e a década de 1970. Criou-se um sistema que cobriu praticamente todo o território com uma rede de comunicações enorme: microondas (tropodifusão), satélites e cabos submarinos de telex. Foi nessa época que nasceu a empresa estatal de telecomunicações, a Embratel, hoje privatizada. Na metade dos anos 1970, duas mil localidades eram atendidas pelo telex.
Iniciaram-se as operações via satélite em grande escala. Nos anos 1980, com o satélite Brasilsat 2, ampliou-se consideravelmente a área coberta pelas redes nacionais de televisão.
Os avanços brasileiros no segmento de telecomunicações também tiveram entre seus marcos a privatização das redes estatais de telefonia, no primeiro governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998). Outro momento decisivo foi a promulgação da Lei Geral de Telecomunicações (Lei 9.477 de 16 de julho de 1997), que criou a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Trata-se de uma autarquia independente, que goza de autonomia financeira, não é subordinada hierarquicamente a nenhum órgão do governo e exerce funções reguladoras do setor.
Desde essa época, os progressos foram rápidos. Na primeira década do século XXI, o Brasil já contava com empresas operando satélites de comunicação, uma rede de cabos ópticos, um comércio virtual que movimenta milhões de dólares no mercado financeiro por compras on-line e uma crescente taxa de acesso à internet.
Os avanços possibilitaram a transmissão on-line de imagens, fotos, som e textos em cadeia mundial. Na base de todo esse processo está o aperfeiçoamento dos cabos oceânicos, fibras ópticas e satélites artificiais que viabilizaram a transmissão instantânea de imagens de TV e ligações telefônicas no globo.
História do rádio no Brasil
O rádio foi inventado no século XIX pelo cientista italiano Guglielmo Marcorni (1874-1937). No Brasil, o padre e cientista Roberto Landell de Moura (1861-1928) foi quem fez a primeira radiotransmissão em 1893, e inventou o telégrafo sem fio, o telefone sem fio e o transmissor de ondas sonoras.
A era do rádio teve início em 1919. Já em 1922, muitos acompanharam pelo rádio as comemorações do centenário da Independência do Brasil enquanto ouviam a transmissão do discurso do presidente Epitácio Pessoa no Rio de Janeiro.
A rádio Roquette-Pinto foi a primeira estação de rádio do Brasil, criada em 1923 por Edgard Roquette-Pinto e Henry Morize, com o nome de Rádio Sociedade do Rio de Janeiro. Foi aí que surgiu o conceito ‘rádio sociedade’ ou ‘rádio clube’, no qual os ouvintes eram associados e contribuíam com mensalidades para a manutenção da emissora. Mais tarde, ela se tornou a Rádio Roquette-Pinto, em homenagem ao homem considerado ‘pai do rádio no Brasil’.
No início dos anos 1930, o Brasil já tinha 29 emissoras de rádio, transmitindo óperas, músicas e textos instrutivos. Entre elas estavam a Rádio Nacional, a Rádio Tupi, a Rádio Clube de Pernambuco e a Rádio Record.
Assis Chateaubriand fundou a Rádio Tupi e foi considerado um grande homem da comunicação em nosso país.
Em 1941, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro apresentou a primeira rádio novela do país, que durou cerca de 3 anos e se chamava Em busca da felicidade.
O radioteatro da Rádio Nacional foi dirigido por Victor Costa e contava com programas ricos de humor, como o famoso Balança-Mas-Não-Cai, de Max Nunes (1922), que depois virou um programa de TV na Rede Globo contando com textos e atuação de Paulo Gracindo (1911-1995).
Na década de 1940 entrou no ar o primeiro jornal falado do rádio brasileiro, o Grande Jornal Falado Tupi, de São Paulo, e surgiu o noticiário mais importante do rádio brasileiro, o Repórter Esso, que anunciou o ataque da Alemanha à Normandia na Segunda Guerra Mundial através da Rádio Record de São Paulo.
Mais tarde, o jornal esportivo também ganhou um espaço na rádio e as partidas de futebol passaram a ser narradas.
Muitos atores, humoristas, cantores, músicos, escritores, jornalistas e apresentadores começaram no rádio numa época em que não existia televisão; entre eles estão: Chico Anysio (1931), Abelardo Barbosa – Chacrinha (1917- 1988), Paulo Gracindo (1911 – 1995), Hebe Camargo (1929), Almirante (1908 -1980), Zezé Macedo (1916 -1999), Haroldo Barbosa (1915 -1979) e muitos outros.
Nesta época existiam os famosos programas de auditório, nos quais calouros e músicos profissionais iam mostrar seu talento. Entre os apresentadores estavam Ary Barroso (1903 – 1964) e Paulo Gracindo.
Se no final do século XIX, com a descoberta das ondas eletromagnéticas, foi possível fazer a radiotransmissão, a partir do século XX a tecnologia tornou possível as transmissões de AM e FM com maior qualidade e o acesso a rádios por meio da internet, no celular e em outros dispositivos eletrônicos.
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História da televisão no Brasil
A TV chegou no Brasil em 1950. O empresário Assis Chateaubriand fundou a TV Tupi e importou e distribuiu 200 aparelhos de televisão, já que o consumo desse eletrodoméstico no Brasil era mínimo.
No início, as transmissões ocupavam um pequeno horário na grade, das 18h às 23h, pois toda a programação era feita ao vivo. Grande parte dos profissionais que começaram a trabalhar na TV vieram do rádio, do jornal e do teatro. Hebe Camargo, Lima Duarte, Mazzaropi e outros artistas fizeram parte do primeiro programa a ir ao ar: TV na Taba.
No início, a programação da TV era patrocinada por empresas, que davam seus nomes aos programas. Repórter Esso, Grande Gincana Kibon e Telejornal Pirelli faziam parte da programação da TV Tupi.
Ao longo das décadas de 1950 e 1960, muitas emissoras de televisão foram surgindo, como Record, Cultura, Globo, Bandeirantes, entre outras. Foi também na década de 1960 que começou-se a usar o videotape.
Essa nova tecnologia permitia a gravação de programas com antecedência e, com isso, as novelas, que eram ao vivo e veiculadas apenas dois dias por semana, passaram a ser diárias.
Outro fato importante que se deu a partir do uso do videotape foi a melhora na qualidade dos programas, pois não continham tantos erros, já que era possível contornar imprevistos e refazer algumas cenas.
Nos anos 1970, a Copa do Mundo foi transmitida em cores. Segundo o censo demográfico, 27% das casas do Brasil já possuíam TV. É inaugurada, nessa época, a TV Gazeta. Ainda nesse período, Silvio Santos aluga um antigo estúdio de TV, compra máquinas de videotape e ele mesmo financia a gravação de seus programas, criando uma gravadora.
No início dos anos 1980, mais da metade da população brasileira já tinha aparelhos de TV em casa. Nesse período, a TV Tupi sai do ar e o SBT e a Rede Manchete começam suas atividades.
Na década de 1990, 81% das casas já têm televisão. A Record torna-se propriedade da Igreja Universal do Reino de Deus, a Rede Manchete é vendida e, em seu lugar, é inaugurada a RedeTV!. Além dela, a Rede Mulher, canal com assuntos exclusivos para mulheres, a Rede Vida, canal católico, e a MTV (primeira emissora que tem um único tema em pauta, a música, e a única a transmitir uma programação 24h), também foram inauguradas. E foi na década de 1990 que a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações) foi criada. A empresa é responsável por regularizar e fiscalizar o setor de telecomunicação. Esse período também está marcado pelo surgimento da TV a cabo.
História da internet no Brasil
A combinação de computadores e avançados sistemas de telefonia fez surgir a internet, um sistema de comunicação cuja principal característica é integrar a humanidade em escala planetária. Ela guarda um “documento gigantesco”, a World Wide Web, que contém um volume extraordinário de informações. Pode-se dizer que a internet são os canos e a Web a água que circula dentro deles.
No Brasil, a internet entrou em funcionamento efetivo em 1994, quando foram lançados os primeiros provedores de acesso. A primeira conexão é de 1991, feita pela fundação de Amparo à pesquisa de São Paulo (Fapesp), que até hoje controla o domínio “.br”, para páginas nacionais.
Proliferam provedores (empresas que garantem acesso à rede), grandes grupos de mídia lançam portais e empresas, órgãos públicos, organizações sociais e indivíduos correm para lançar páginas na Web. Aumenta a publicidade e o comércio eletrônico e o número de profissionais que atuam no setor.
Todo esse incremento só foi possível com a disseminação dos computadores pessoais (PCs), smartphones e a combinação das tecnologias de comunicação e informação.
No Brasil, a internet é um fenômeno: a quantidade de conteúdo gerado pela população e o número de usuários tem crescido de forma espantosa nos últimos anos e despertam atenção de pesquisadores e investidores. Apesar dos números altos, as classes populares ainda têm aceso restrito à internet, sobretudo porque uma das condições básicas, além da aquisição da tecnologia, é o acesso à leitura e à escrita.