Localizado em terras cedidas por Goiás, o Distrito Federal é a área em que se situa Brasília, capital do Brasil e sede do poder político da União. Ela foi inaugurada em abril de 1960 e abriga os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário federais.
Aspectos territoriais e políticos
O Distrito Federal foi estabelecido em uma área de 5.760 km2. Trata-se de um território autônomo, que não se divide em municípios e sim em Regiões Administrativas (RAs). Atualmente, existem 31 RAs.
Muitas RAs de Brasília correspondem a cidades-satélites. A mais antiga é Planaltina.
Até 1988, os governadores do Distrito Federal eram indicados e nomeados pelo presidente da República. A Constituição promulgada em 1988 estabeleceu eleições diretas para a escolha do governador, do vice-governador e de 24 deputados distritais.F
Do ponto de vista das relações espaciais, o zoneamento estrito de Brasília corresponde a três escalas: a gregária, a residencial e a monumental. A primeira corresponde aos setores de diversões e comércio; a segunda, ao setor residencial; e a terceira, ao conjunto constituído pela Praça dos Três Poderes e pela Esplanada dos Ministérios.
O arquiteto Oscar Niemeyer é responsável pelos projetos de todos os edifícios públicos da capital. Existe uma intensa relação entre o Plano Piloto concebido por Lucio Costa e os projetos de arquitetura de Oscar Niemeyer. Ambos criaram uma cidade integralmente projetada, considerada como um “objeto” global e único.
História
Transferir a capital do Brasil do litoral para o interior era uma ideia antiga. Em 1789, os inconfidentes mineiros já a mencionavam como uma das metas de seu movimento.
A partir de 1839, passou-se a imaginar a construção de uma cidade no planalto Central, entre os rios São Francisco e Tocantins. A Constituição de 1891 estabeleceu a mudança da capital federal, proposta ratificada pela Constituição de 1934.
Eleito presidente da República, Juscelino Kubitschek tomou posse em 1956 e colocou mãos à obra para mudar a capital federal para o Centro-Oeste. Na “Mensagem de Anápolis”, JK estabeleceu as bases da Companhia Urbanizadora da Nova Capital, a Novacap. A empresa era regida pela lei n 2.874, de 19 de setembro de 1956, cujo artigo 33 definiu Brasília como nome para a futura capital.
Mais de trinta mil operários, na maioria vindos do Nordeste, começaram a construir o plano piloto elaborado por Lucio Costa e executado por Oscar Niemeyer. Na época, esses trabalhadores receberam o apelido de “candangos”. Em 21 de abril de 1960, a cidade tomou-se a capital do Brasil.
- Saiba mais em: A Construção de Brasília.
O Plano Piloto
Um grande concurso nacional que contou com todos os nomes relevantes da arquitetura e do urbanismo brasileiros premiou a proposta do arquiteto e urbanista Lucio Costa, que previa um zoneamento estritamente funcional, baseado em “morar, trabalhar, recrear e circular”.
O projeto, segundo Lucio Costa, “nasceu do gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse: dois eixos cruzando-se em ângulo reto, ou seja, o próprio sinal da cruz”.
A seguir, procedeu-se à adaptação do projeto original à topografia local, ao escoamento das águas, à melhor orientação. Houve uma clara preocupação no sentido de aplicar ao urbanismo os princípios mais avançados da técnica rodoviária, como a eliminação dos cruzamentos e sua substituição pelos retornos em desnível.
O plano piloto de Lucio Costa possui a forma de um avião ou de uma cruz; as asas (norte-sul) são constituídas por um eixo rodoviário e eixos laterais (leste-oeste) integrados e margeados por superquadras habitacionais multifamiliares.
Conferiu-se ao eixo norte-sul a função circulatória-tronco, com pistas centrais de alta velocidade. Pistas laterais foram previstas para a distribuição do tráfego local, que conduz diretamente ao setor residencial.
O eixo transversal leste-oeste, denominado “monumental”, recebeu o centro cívico e administrativo, o setor cultural, o centro comercial e de diversões, o setor administrativo municipal.
Destacam-se no conjunto os edifícios autônomos, destinados aos Três Poderes – Legislativo, Executivo e Judiciário que estão situados na famosa Praça dos Três Poderes, de formato triangular.
A partir do edifício do Congresso Nacional, que ocupa o setor oeste da praça, rumo à interseção dos eixos, desenvolve-se a Esplanada dos Ministérios.
No desenho de Lucio Costa – que encantou os arquitetos da comissão julgadora do projeto da nova capital – é perceptível o formato de avião de Brasília.
Aspectos físicos
O Distrito Federal tem quase todas as suas fronteiras delimitadas pelo estado de Goiás. Apenas uma pequena porção sudeste faz divisa com o estado de Minas Gerais.
O relevo é formado principalmente por ondulações suaves, no qual predominam as altitudes médias de 1.100 m. Limita-se a oeste pelo rio Descoberto, e a leste, pelo rio Preto.
Em suas paisagens, sobressaem os lagos, os rios e as grutas – com destaque para a gruta do Tamboril, dotada de amplos salões de estalactites e estalagmites, cachoeiras e corredeiras.
O ponto mais elevado é a colina do Rodeador, com 1.349 m.
Na hidrografia, destacam-se os rios das três mais importantes bacias fluviais do país: a bacia Platina, a bacia do São Francisco e a bacia Amazônica, que incluem, entre outros, rios como o Paranoá e o São Bartolomeu.
O Paranoá é o principal curso d agua, formado pelos córregos do Bananal, do Fundo, do Torto e da Gama. Sua barragem originou o lago artificial Paranoá, que fica na parte leste de Brasília, e a usina hidrelétrica que abastece a cidade.
O clima predominante é tropical, com duas estações bem definidas: uma chuvosa e quente, que se estende de outubro a abril, e outra fria e seca, no período de maio a setembro. A temperatura média anual gira em torno de 20,5 °C, e a umidade do ar é muito baixa (25% no inverno e beirando os 70% no verão). A média anual de chuvas não atinge os dois mil milímetros.
A pouca disponibilidade de água, a acidez e a carência de nutrientes no solo, aliadas à falta de umidade do ar, fazem com que a vegetação seja predominantemente de cerrado, no qual ocorrem arbustos de pequeno porte e árvores retorcidas.
Por estar na junção de três bacias hidrográficas, a região apresenta uma fauna rica, com a presença de espécies como a onça-pintada, o veado-campeiro e o lobo.
A população
O Distrito Federal conta com uma população estimada, em 2018, de 2.974.713 de habitantes, com densidade demográfica de 444,66 hab/km2. A grande maioria (96,58%) reside em área urbana.
O índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Distrito Federal é o mais elevado do Brasil: 0,824. O alto padrão de vida resulta principalmente da eficiência na coleta de lixo, da disponibilização de serviços de esgoto e dos altos índices de escolaridade.
A expectativa de vida é de 78,4 anos, uma das mais elevadas do Brasil. O índice de mortalidade infantil é de 10,6 mortes a cada mil nascimentos.
A economia
Os principais setores da economia do Distrito Federal são o comércio, o serviço público e as atividades relacionadas ao turismo.
A agropecuária ainda não é capaz de suprir as necessidades da população brasiliense, embora o setor de hortifrutigranjeiros seja quase autossuficiente. Os principais produtos agrícolas são os grãos, em especial a soja, seguida em menor escala pelo feijão e o milho.
No setor industrial, destacam-se os segmentos de transformação de alimentos, extração de minerais não-metálicos, construção civil, vestuário, calçados, editorial e gráfica.
A atividade mineradora concentra-se sobretudo na exploração da água mineral, do calcário e da dolomita.
O turismo vem ganhando maior relevância no cenário econômico do Distrito Federal, como importante gerador de emprego e renda.
Por: Paulo Magno da Costa Torres