Conhecido pelo dinamismo de sua agropecuária, o estado de Mato Grosso do Sul conta com fauna e flora exuberantes, especialmente na região do Pantanal, destino de visitantes do mundo inteiro.
Aspectos naturais
O estado do Mato Grosso do Sul tem mais de 357.124 km2 de superfície. Faz divisa com Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo, além da fronteira com a Bolívia.
Sua formação geológica tem três unidades bem distintas: bacia sedimentar do Paraná, plataforma Amazônica e cinturão metamórfico Paraguai-Araguaia. A bacia do Paraná ocupa parte do planalto Central brasileiro, com extensas superfícies planas e em algumas partes escarpas que variam de 200 a 600 m de altitude. Na porção noroeste do estado encontra-se a grande depressão próxima ao rio Paraguai que separa o planalto Central brasileiro da cordilheira dos Andes.
Boa parte do território sul-mato-grossense é formada por uma extensa planície aluvial sujeita a várias inundações durante o ano, a planície do Pantanal, que apresenta altitudes variadas. Nas proximidades de Corumbá encontra-se o maciço do Urucum, rico em minério de ferro e manganês.
O clima predominante é o tropical, com invernos secos e verões chuvosos. As regiões próximas ao planalto têm temperaturas mais amenas. Já nas regiões de planície as temperaturas são mais altas e o índice pluviométrico é de aproximadamente 1500 mm anuais.
A hidrografia do Mato Grosso do Sul conta com um grande sistema de drenagem dos rios Paraná, Paraguai e seus afluentes, que escoam para as planícies do Pantanal e outros terrenos baixos.
A vegetação é marcada por cerrados, campos e pelo complexo do Pantanal. A Mata Atlântica predomina em uma pequena área situada às margens do rio Paraná.
Aspectos históricos
Pelo Tratado de Tordesilhas, as regiões que atualmente compõem Mato Grosso do Sul pertenciam à Espanha. A ocupação foi impulsionada, já no século XVII, por jesuítas vindos de Assunção, no Paraguai, que ali estabeleceram as missões do Itatim. Entre 1630 e 1650, porém, os bandeirantes paulistas destruíram os aldeamentos e capturaram milhares de nativos, depois vendidos como escravos.
Nas décadas seguintes, Portugal e Espanha disputaram o controle do Centro-Oeste brasileiro, concedido ao governo de Lisboa em 1750, pelo Tratado de Madri. Em 1775, os luso-brasileiros estabeleceram o forte Coimbra, para a defesa da região. Nas proximidades, às margens do rio Paraguai, surgiu o povoado que deu origem a Corumbá, importante porto fluvial e porta de entrada para o trecho do Pantanal pertencente a Mato Grosso do Sul.
Apesar do reforço da presença portuguesa na área de Corumbá e na porção setentrional do território mato-grossense, a influência hispânica permaneceu forte em outras regiões. Assim, nas primeiras décadas do século XIX, o sudoeste do atual território de Mato Grosso do Sul estava sob o domínio do Paraguai, país independente desde 1811.
Nas décadas seguintes, teve início a expansão dos rebanhos no leste e no centro-sul do território. A região da atual cidade de Dourados ficaria conhecida como “Campos da Vacaria”. Era a primeira manifestação da vocação de Mato Grosso do Sul para a pecuária, que se manifesta até mesmo no nome da capital, Campo Grande.
Durante a Guerra do Paraguai, a parte meridional do território mato-grossense foi invadida e ocupada pelos paraguaios. Com o fim do conflito, a criação de gado estendeu-se pela região. Ao mesmo tempo, surgiu um novo produto que contribuiria para a prosperidade da província: a erva-mate.
Já no século XX, o desenvolvimento do atual estado de Mato Grosso do Sul ganhou novo impulso com a abertura da estrada de ferro Noroeste do Brasil, que estabelecia a comunicação entre as cidades de Bauru, em São Paulo, e Corumbá. O número de migrantes aumentou e ocorreu a expansão de várias cidades do Centro-Oeste que se dedicavam basicamente à criação de gado.
Foi nessa conjuntura que a cidade de Campo Grande, atual capital do Mato Grosso do Sul, passou a ser o centro econômico do sul do território mato-grossense. A divisão de Mato Grosso em duas unidades federativas foi definida por lei em 1977, por iniciativa do governo federal.
A economia
A bacia do Paraná, no leste do território, é a principal área econômica de Mato Grosso do Sul. Dispõe de solos férteis e muitas florestas, boa infraestrutura em transporte e uma mancha de urbanização influenciada por São Paulo, o grande centro urbano do Sudeste, o que favorece a integração dos mercados financeiros das duas regiões. Três Lagoas, município limítrofe ao estado de São Paulo, quarta cidade do estado em população, é um dos polos do desenvolvimento local.
Outros núcleos dinâmicos são as cidades de Dourados, considerada um polo agropecuário e agroindustrial, Corumbá, polo Industrial, mineiro e turístico, e a capital, Campo Grande, o mais importante e mais populoso centro urbano do estado.
Nos três setores da economia, Mato Grosso do Sul sobressaí com altos índices no PIB brasileiro. No setor primário, destacam-se os cultivos de soja, cana-de- açúcar, algodão e trigo, além da tradicional cultura da erva-mate. Na pecuária, os rebanhos são formados basicamente por bovinos e suínos.
O setor secundário compreende basicamente as indústrias de madeira, alimentícia e minerais não- metálicos. Dispondo de grandes jazidas de ferro, estanho, manganês, calcário e mármore, o estado oferece muitos empregos nessas áreas, nas indústrias que trabalham com a mineração. Por sua vez, a agroindústria se beneficia com a pecuária e a difusão das lavouras de soja.
O setor terciário vem em seguida com grande desenvolvimento, principalmente o turismo ecológico na região pantaneira e em Bonito, município da serra de Bodoquena, ao sul do Pantanal.
Turismo e cultura
Além de sua tradicional vocação agropecuária, o estado de Mato Grosso do Sul vem explorando desde o seu surgimento seus muitos atrativos turísticos, com destaque para os turismos ecológico, cultural, rural e de negócios.
O turismo ecológico tem como polos o Pantanal e o município de Bonito. Este dispõe de um amplo leque de atrativos naturais: cachoeiras, corredeiras, cavernas, lagos e uma fauna numerosa e diversificada. É possível caminhar por trilhas dentro da mata, explorar as cavernas da região, realizar passeios pelos rios e nadar em suas águas cristalinas. O êxito da atividade não depende apenas das belezas naturais: o município preocupa-se em formar guias e limitar o número diário de visitantes a cada ponto turístico para promover a preservação ambiental.
Outro roteiro muito procurado pelos visitantes percorre as fazendas que desenvolvem o turismo rural. Nelas, é possível acompanhar o dia-a-dia das pessoas que vivem no campo e em especial as tarefas da criação de gado.
O turismo de negócios acontece nos grandes núcleos urbanos, principalmente nas cidades de Campo Grande e Corumbá, que centralizam áreas de mineração, agricultura e pecuária. Nessas cidades existem polos empresariais e comerciais dinâmicos.
O turismo cultural é realizado em várias regiões do estado, que recebeu uma importante herança das imigrações espanhola, portuguesa, italiana, japonesa, paraguaia e sírio-libanesa, entre outras. Destaca-se a influência paraguaia, presente em aspectos como o uso da língua guarani e o consumo de erva-mate. Ao contrário do chimarrão gaúcho, a bebida é servida fria e recebe o nome de tererê.
O complexo do Pantanal
O outro grande polo turístico de Mato Grosso do Sul é o complexo do Pantanal. Considerado uma das maiores extensões úmidas do planeta, o Pantanal pertence à bacia hidrográfica do Alto Paraguai.
No Brasil, abrange territórios de Mato Grosso e principalmente de Mato Grosso do Sul, com planícies aluviais inundadas periodicamente. A região é drenada pelos rios Paraguai e Paraná, sendo influenciada por três biomas: Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado.
Com grande extensão hidrográfica, o Pantanal é famoso por sua biodiversidade de flora e fauna. Os ecossistemas encontrados nessa região variam de ambientes aquáticos, domínio de peixes e jacarés, aos secos, como os cerradões. Durante as enchentes, o gado é conduzido para os terrenos mais altos, onde convive com os herbívoros
Por: Paulo Magno da Costa Torres