Estados brasileiros

Geografia do Pará

Segundo estado do país em extensão territorial, o Pará apresenta grande número de ilhas fluviais e densa rede hidrográfica, o que faz dos barcos um meio de transporte essencial. Sua cultura e gastronomia têm forte raiz indígena.

Pará em tupi quer dizer mar. É o nome local do braço direito do rio Amazonas, que ao confluir com o Tocantins se alarga de maneira desmedida. Daí o nome Grão-Pará, denominação da capitania criada em 1616. A imagem oceânica evoca a imensidão do território e dos rios que sulcam a Amazônia.

Localização

O estado do Pará situa-se na região Norte, onde ocupa uma área de 1.245.870,707 km2 (segundo o IBGE em 2020), e é atravessado de oeste a leste pelo rio Amazonas, que desemboca no oceano Atlântico, no nordeste do estado.

Limita-se ao norte com a Guiana, o Suriname e o estado do Amapá, ao sul com o Mato Grosso, a noroeste com Roraima, a oeste, Amazonas, e a leste com o Maranhão e Tocantins. Sua capital é Belém.

Mapa do Brasil com o estado do Pará em destaque.

Geografia física

Geologia e relevo

O relevo paraense, modesto, é formado por grandes superfícies planas ou onduladas. Cerca de 86% do território estadual encontra-se abaixo de 300m de altitude sobre o nível do mar.

Cinco unidades de relevo compõem o quadro morfológico: (1) a planície aluvial ou várzea; (2) o baixo platô terciário ou terra firme; (3) a encosta setentrional do planalto Central; (4) a encosta meridional do planalto das Guianas; (5) e a planície litorânea.

A planície aluvial ou várzea estende-se ao longo do rio Amazonas e atravessa o estado de leste a oeste. É constituída por formações aluviais sujeitas a inundações periódicas.

O baixo platô terciário ou terra firme, formado de terrenos sedimentares (arenitos), alarga-se, ao norte e ao sul da várzea, com um relevo tabular de aproximadamente cem metros de altitude.

A encosta setentrional do planalto Central estende-se ao sul do baixo platô e seu relevo ondulado, talhado em rochas cristalinas, eleva-se gradativamente na direção de Mato Grosso.

A encosta sul do planalto das Guianas apresenta relevo similar e eleva-se gradativamente na direção da fronteira com as Guianas, ao longo da qual se ergue a serra do Tumucumaque, com 900m de altitude.

A planície litorânea é dominada pelo relevo tabular dos terraços litorâneos, que, batidos pelas ondas do mar, dão lugar à formação de falésias com cinco, dez e vinte metros de altura. Na porção oriental da ilha de Marajó observam-se os mesmos traços de relevo. Aí a ocorrência de inundações não provém, de modo algum, das cheias do rio Amazonas, mas do difícil escoamento da água das chuvas, devido à total regularidade da superfície do terraço. A porção ocidental da ilha, baixa e sujeita a inundação pelas águas do rio, integra-se na várzea e pode ser vista como um delta interior, sujeito à deposição de aluviões.

Clima

É típico da região o clima quente e úmido, temperado pela chuva e pela vegetação luxuriante. São duas as estações, marcadas pelas precipitações pluviais: verão, de julho a outubro; e inverno, de novembro a junho, época das grandes chuvas.

Observam-se no Pará os climas de tipo Af e Am de Köppen.

O clima Af, quente e superúmido, só aparece em torno da cidade de Belém. Registra temperatura média anual de 26,5 ºC, 2.800mm de pluviosidade e ausência de estação seca. A temperatura máxima absoluta beira os 35o C, em janeiro/fevereiro, e a mínima, 19 ºC, em setembro/outubro.

O clima Am de tipo monção domina em todo o resto do estado, com temperatura média anual de 26,4o C, pluviosidade um pouco reduzida (2.000 a 2.500mm anuais) e a presença de curta e mal definida estação seca, de outubro a dezembro.

Hidrografia

As três bacias hidrográficas do estado — a amazônica, a do Tocantins-Araguaia e a do Nordeste — ocupam toda sua superfície total e perfazem um potencial energético de 5.325MW. A rede hidrográfica é comandada pelo rio Amazonas, o mais caudaloso do planeta, com descarga equivalente a um quarto da água despejada nos oceanos por todos os rios do mundo.

O Amazonas recebe no estado do Pará, pela margem direita, fluentes de grande porte, como o Tocantins, o Xingu e o Tapajós. Entre os da margem esquerda, bastante menores, figuram o Jari, o Trombetas, o Paru, o Jamundá e o Maicuru. Nos limites com o Maranhão corre o rio Gurupi.

Na várzea do Amazonas, próximo à divisa com o estado do Amazonas, encontram-se numerosos lagos, entre os quais o Grande, o Grande do Curuaí, o de Itandeua e o do Poção. Na ilha de Marajó, existe ainda o lago Arari.

Flora e fauna

Praticamente todo o território estadual apresenta-se recoberto pela floresta amazônica, que se desdobra em dois tipos: a mata de terra firme, onde ocorre a castanheira; e a mata de várzea, onde cresce a seringueira. Registra-se ainda no Pará a ocorrência de campos limpos, nas várzeas de alguns dos rios ou na ilha de Marajó, e de cerrados, no baixo planalto de Santarém.

A vegetação é rica em produtos tradicionalmente explorados e que já constituíram a base da economia regional: a seringueira e outras árvores produtoras do látex (sorva, maçaranduba), a castanheira-do-pará, as madeiras de lei, malva, palmas diversas, timbó, guaxima e outras fibras.

Com a abertura das grandes rodovias (Belém-Brasília, Transamazônica), a floresta nativa foi muito devastada para a abertura de campos para agricultura e pecuária. Como no caso de outras regiões da Amazônia, as agressões ao meio ambiente suscitaram constantes denúncias e preocupações.

A fauna do Pará é a amazônica, uma das mais ricas do mundo. A pesca, praticada em grande escala, é predatória e mal regulamentada. Algumas espécies de animais da região acham-se ameaçadas de extinção, inclusive mamíferos como a ariranha, o guará e o peixe-boi, além de várias espécies de tartaruga.

População

À medida que se constituiu, a população do Pará compôs-se principalmente de caboclos, resultantes da mestiçagem de índios e europeus. A partir do século XVII, acrescentou-se o contingente dos negros.

Há diferentes grupos indígenas no estado, sendo que as comunidades mais numerosas são as dos andira marau, kayapó e mundukuru.

Segundo o IBGE, a população estimada em 2020 foi de 8.690.745 habitantes. A densidade demográfica do estado é baixa, com 6,07 hab/km² (censo de 2010), mas observavam-se fortes desníveis populacionais entre as diversas áreas.

A maior cidade é a capital, Belém, e as demais são bem menores: Santarém (segunda cidade do estado), Marabá, Altamira, Itaituba, Castanhal, Abaetetuba, Bragança, Paragominas.

Economia

Agricultura e pecuária

A economia estadual organizou-se, desde os tempos coloniais, em torno da coleta de produtos florestais. Ao colapso econômico da borracha sucedeu-se prolongada crise, de que só a partir de 1930 o estado começou a se recuperar.

O extrativismo vegetal desenvolve atividades como o extrativismo do açaí, palmito, castanha-do-pará, bacuri, cupuaçu, entre outros frutos nativos da floresta. A extração de madeira é uma das mais lucrativas fontes de rendas do Pará.

A agricultura desenvolve-se em duas áreas ecológicas diferentes: a várzea e a terra firme. Na primeira, com solos periodicamente renovados pelas cheias do rio Amazonas, cultivam-se a juta, o arroz, o milho, o feijão e o coco-da-baía. Na terra firme, cujos solos são mais pobres por não estarem sujeitos a inundações, cultivam-se a pimenta-do-reino e a mandioca. Essas culturas desenvolvem-se principalmente na região nordeste do estado (Bragança e Tomé-Açu).

Os rebanhos de bovinos e suínos são os mais numerosos da Amazônia. A maior parte dos bovinos encontra-se na ilha de Marajó, onde o boi, tradicionalmente, também é animal de sela, e onde se cria, de igual modo, uma rendosa espécie de búfalo trazida da Índia e bem ambientada na região.

Indústria

Belém concentra praticamente toda a atividade industrial do estado (produtos alimentícios, tecidos, minerais não-metálicos, madeira). São importantes produtos industriais, quanto ao valor de produção, os tecidos de juta, a madeira serrada (ou desdobrada), o cimento e vários tipos de bebidas.

Energia e mineração

A produção de energia elétrica, inicialmente toda de origem térmica, aumentou muito com a entrada em operação das hidrelétricas de Curuá-Una e Tucuruí.

Na década de 1970 revelaram-se, em Carajás, entre os rios Xingu e Tocantins, enormes reservas de ferro, alumínio, cobre, manganês, níquel, estanho e ouro. Também foram descobertas jazidas de manganês na bacia do rio Vermelho; de calcário, em Itaituba, Monte Alegre e Marabá.

O ouro encontrado em Serra Pelada, onde funcionou o único garimpo criado por lei no país, atraiu milhares de aventureiros de toda parte. Atividade exercida de forma primitiva e predatória, nas décadas de 1980 e 1990 causou escândalo, uma vez que vários rios do estado, entre os quais o Tocantins, foram contaminados pelo mercúrio despejado em suas águas, com graves consequências para a população e para o ecossistema. Também se exploram diamantes e cristal de rocha, no vale do Tocantins.

Perfurações da Petrobrás, no médio Amazonas, revelaram um dos maiores depósitos de sal-gema do mundo. Em Paragominas, Trombetas, Almeirim e Carajás, há vastos depósitos de bauxita. As reservas de bauxita de Carajás são consideradas gigantescas. O estado conta, ainda, com expressiva produção de alumínio.

Transportes

A extensa rede hidrográfica regional oferece condições para que a navegação fluvial seja o principal meio de transporte. Várias são as empresas que exploram esse recurso e usam embarcações com nomes típicos (chata, chatinha, gaiola, vaticano etc.). O porto de Belém é o mais importante da região amazônica.

Na rede rodoviária, sobressaem a Belém-Brasília (BR-010), a Belém-São Luís (BR-316), com 903km, e a Transamazônica (BR-230), ainda incompleta em seus mais de cinco mil quilômetros.

Turismo

Os principais pontos de atração no estado situam-se na cidade de Belém. A beleza da capital, com suas ruas arborizadas com mangueiras, seus edifícios antigos, suas igrejas, o Teatro da Paz, o famoso mercado do cais de Ver-o-Peso — onde se encontram os mais variados produtos regionais –, o Bosque Municipal Rodrigues Alves — com lago, aquário, orquidário e aves da região –, a Cidade Velha, cujos solares têm fachadas de azulejos portugueses, o Mercado Público de São Brás, tudo constitui atração para o turista. Visitas à Universidade Federal do Pará e ao Museu Paraense Emílio Goeldi completam os atrativos da capital.

Nas vizinhanças de Belém assinalam-se os balneários fluviais de Mosqueiro, Salinópolis, Outeiro, Chapéu Virado, Farol, Morubira e Arimba. A caça e a pesca ainda se praticam em todo o estado, sobretudo na ilha de Marajó, mas nas últimas décadas a consciência ecológica, com suas muitas campanhas de preservação da natureza e da floresta amazônica, levou a crescentes restrições da caça e aos primeiros passos de uma efetiva regulamentação da pesca.

Cultura

Festas

A grande festa religiosa em todo o Norte-Nordeste é a de N. S. de Nazaré, em outubro, quando se realiza a procissão do Círio, que atrai multidões de fiéis e turistas. Mantêm-se várias tradições populares, tais como o boi de Reis, o boi-bumbá (variante do bumba-meu-boi), a marujada e o carimbó, em cidades do interior do estado.

Culinária

O estado possui cozinha típica, com uma variedade de pratos em que predomina a influência indígena, como o famoso pato ao tucupi, o tacacá, as casquinhas de siri, o peixe moqueado no tucupi, o açaí (bebida preparada com o coco de açaí), o refresco e o doce de cupuaçu.

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