Em 1956, por ato do Congresso Nacional, o antigo território de Guaporé recebeu o nome de Rondônia em homenagem ao grande desbravador da região, o marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, que no início do século XX estendeu as linhas do telégrafo até a fronteira oeste do país.
O estado de Rondônia situa-se na região Norte do Brasil. Com uma superfície de 238.513km2, limita-se ao sul com a Bolívia, a leste com o estado de Mato Grosso, a oeste com o Acre, e ao norte com o Amazonas. A capital é Porto Velho.
Geografia física
Relevo
Cerca de 66% da superfície do território se encontra entre 100 e 300m de altitude; trinta por cento, entre 300 e 800m; e quatro por cento, abaixo de 100m. Três unidades compõem o quadro morfológico: o planalto cristalino, o chapadão e a planície aluvial.
O planalto cristalino ocupa a maior parte do estado. Seus terrenos ondulados, talhados em rochas cristalinas, constituem um prolongamento, para noroeste, da encosta setentrional do planalto central brasileiro. O chapadão, que se ergue sobre o planalto cristalino, tem uma topografia tabular cortada em terrenos sedimentares e alcança os mais elevados níveis altimétricos de Rondônia.
Com forma alongada, atravessa o estado de sudeste para noroeste, com o nome, na extremidade noroeste, de serra ou chapada dos Parecis e serra dos Pacaás Novos. A planície aluvial forma uma estreita faixa de terras planas, sujeitas a inundação, que se desenvolvem ao longo do curso do rio Guaporé.
Clima e hidrografia
Predomina em Rondônia o clima tropical úmido com estação seca pouco marcada (Am de Köppen). A pluviosidade varia de 1.900mm, no sul, a 2.500mm, no norte. A temperatura mantém-se elevada durante todo o transcorrer do ano, com médias anuais superiores a 26°C.
Todos os rios do estado pertencem à bacia do rio Madeira, afluente do Amazonas. O chapadão forma o divisor de águas entre os rios que correm diretamente para o Madeira, localizados na parte oriental do estado, e os da região ocidental, que correm para o Mamoré e o Guaporé.
Vegetação
Cerca de setenta por cento da superfície de Rondônia é recoberta pela floresta pluvial amazônica. Os restantes trinta por cento correspondem a cerrados e cerradões que revestem a superfície tabular do chapadão. No entanto, causa preocupação o desmatamento, que se acelerou em meados da década de 1980, para a exploração de minérios.
População
Em 1950 o então território do Guaporé tinha uma população extremamente rarefeita, não passando de pouco mais de 37.000 habitantes. Quarenta anos depois, no começo da década de 1990, o estado de Rondônia já havia ultrapassado a marca de 1.100.000 habitantes.
Na década de 1980 a intensa imigração fez aumentar a população de Rondônia em cerca de vinte por cento ao ano, índice sem precedentes na história do país e que causou sérios problemas ao governo estadual, incapaz de suprir de forma tão rápida as necessidades de assistência médica, educação e abastecimento de energia. Em algumas regiões de Rondônia chegou-se a constatar, em meados da década de 1980, a existência de regimes semi-escravos de trabalho. O crescimento rápido e desordenado agravou ainda os conflitos de terra entre índios, posseiros e garimpeiros.
Além da capital, Porto Velho, às margens do rio Madeira, desenvolvem-se com rapidez as cidades de Ariquemes, Ji-Paraná, Pimenta Bueno, Guajará-Mirim, às margens do Guaporé, e alguns municípios novos, como Jaru, Ouro Preto do Oeste e Rolim de Moura.
Economia
Agropecuária
Os produtos agrícolas e pastoris começaram a ganhar vulto na economia de Rondônia a partir da abertura da rodovia Cuiabá-Porto Velho (BR-364) em 1961. Em 1994, o estado assumiu um papel de liderança na região Norte como um polo agrícola capaz de competir em pé de igualdade com os estados do Sul. Tornou-se um dos maiores produtores brasileiros de cacau e o quinto de café do país. Desenvolveram-se também as culturas de milho, feijão, algodão, soja, arroz, mandioca e banana. No mesmo ano, Rondônia contava com o décimo rebanho bovino do país.
Extrativismo
Em 1986, um grupo de madeireiros descobriu no meio da selva uma mina de cassiterita (minério de estanho), mais tarde batizada de Bom Futuro. Três anos depois, extraía-se de Bom Futuro dez por cento da produção mundial do minério, o que equivalia a 37% da produção brasileira.
Apesar disso, no início da década de 1990, a indústria extrativa vegetal e mineral — no passado a principal atividade econômica do estado — perdeu a importância que tinha no conjunto da economia de Rondônia. Além da cassiterita, os produtos básicos da região são ouro, diamante, borracha, castanha-do-pará, poaia, couros e pescado.
A indústria madeireira desenvolveu-se em função da abertura da BR-364, aproveitando o retorno dos caminhões. As florestas de Rondônia são de extraordinária riqueza, principalmente em mogno, vinhático e cerejeira. Responsável pela criação de grande número de empregos — na derrubada das árvores e no preparo de tábuas, toras, caibros, postes e dormentes –, a indústria madeireira é, também, motivo de preocupação para os ecologistas, em vista das devastações que tem causado. Segundo análises de fotografias obtidas por satélites no começo da década de 1990, trinta por cento das florestas de Rondônia já haviam sido destruídas. Para solucionar o problema, o governo demarcou reservas na floresta e criou incentivos ao reflorestamento. As madeireiras do estado passaram também a produzir compensados e laminados e não só vender a madeira bruta.
Existem no estado três importantes áreas de preservação ambiental: o Parque Nacional dos Pacaás Novos, com uma área de 6.764.000 hectares; as Reservas Biológicas do Jaru e Guaporé (947.000 ha); e a Floresta Nacional de Rondônia (300.000 ha).
Energia
O estado acha-se incluído no programa de desenvolvimento Polonoroeste, que compreende também o noroeste de Mato Grosso. Um de seus projetos básicos iniciais foi a construção da hidrelétrica de Samuel, destinada a assegurar o abastecimento de energia elétrica para todo o estado, afetado, durante mais de uma década, por constantes racionamentos de energia. A hidrelétrica, projetada para gerar cerca de 217MW, mediante cinco turbinas, deveria entrar em operação na segunda metade da década de 1990.
Transportes
Construída a BR-364, com 1.450km de extensão, o estado de Rondônia passou a dispor de ligação terrestre e direta com Cuiabá e São Paulo. Inaugurada em 1984, a rodovia livrou o estado da antiga dependência da ligação fluvial com Manaus e Belém. Dessa forma, a economia de Manaus e Belém teve de enfrentar a concorrência de São Paulo, que começou a expandir pelo sul da Amazônia sua área de influência. Servem ainda ao estado outras rodovias do Plano de Integração Nacional: a BR-319, que faz a ligação Guajará-Mirim-Abunã-Porto Velho-Humaitá AM; e a BR-236, que liga Abunã a Rio Branco AC.
Ao ser criado o estado, os projetos de colonização desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) abrangiam um total de 36.518 famílias inscritas, que aguardavam a distribuição dos respectivos lotes de terra. O afluxo de imigrantes era calculado na época em mil famílias por mês. As condições sanitárias da população eram ainda deficientes; devido sobretudo à imigração, Rondônia tem a maior incidência de malária na Amazônia.
Autoria: Silvana Alves de Almeida