Menor estado do Brasil, Sergipe é também um dos maiores produtores e exportadores de petróleo e de laranja do país. O litoral do estado, com paisagens naturais intocadas, e as cidades históricas tombadas pelo patrimônio são importante polo de atração turística da região Nordeste.
O estado de Sergipe (em tupi, “rio dos siris”) ocupa uma superfície de 22.050km2. Limita-se a leste com o oceano Atlântico, ao norte com Alagoas e a oeste e ao sul com a Bahia. A costa sergipana se estende por 163km, da foz do rio São Francisco até à do rio Real. Sua capital é Aracaju.
Geografia física
Relevo
Sergipe tem relevo baixo e regular: cerca de 86% do território está abaixo de 300m de altitude. Três unidades compõem o quadro morfológico: os tabuleiros sedimentares, o pediplano e a planície aluvial do São Francisco. Os tabuleiros sedimentares são um conjunto de baixas elevações, com forma de mesa, separadas por vales de fundo chato, onde se desenvolvem amplas várzeas.
Ao contrário dos demais estados nordestinos situados ao norte, a faixa dos tabuleiros, em Sergipe, estende-se até o centro do estado. O pediplano domina toda a porção ocidental do estado, com uma topografia regular ou ligeiramente ondulada, em meio à qual despontam picos isolados (inselbergs). A planície aluvial do São Francisco estende-se ao longo da divisa com Alagoas e termina, no litoral, em grande formação deltaica.
Clima
Registram-se em Sergipe dois tipos climáticos: o clima quente e úmido com chuvas de outono-inverno (As’) e o clima semi-árido quente (BSh). O primeiro domina a parte oriental do estado, com temperatura média anual de 20°C e pluviosidade superior a 1.400mm anuais. O clima BSh caracteriza todo o interior de Sergipe, com temperaturas igualmente elevadas e pluviosidade bastante reduzida (800mm anuais).
Vegetação
A cobertura vegetal, hoje grandemente modificada pela ação do homem, compreende a floresta tropical, o agreste e a caatinga. A floresta tropical revestia a fachada oriental, à qual emprestou o nome de zona da mata. O agreste, vegetação florestal de transição para um clima mais seco, recobre o centro do estado. A caatinga desenvolve-se na porção ocidental.
Hidrografia
Os rios do território sergipano pertencem a duas bacias hidrográficas: a do São Francisco e a do Nordeste. Só a primeira apresenta bom potencial hidráulico. A segunda é formada por rios de baixada, dos quais os quatro principais são o rio Real, o Piauí, o Vaza-Barris, que banha a capital, e o Sergipe. Todos desembocam no oceano Atlântico em amplos estuários e permitem a navegação a embarcações de pequeno calado.
População
Os habitantes do estado se concentram na zona da mata e no agreste. Mais de metade da população vive em centros urbanos. Além da capital, as maiores cidades são Lagarto, Itabaiana, Estância, São Cristóvão, Tobias Barreto, Simão Dias e Propriá.
O território estadual está no limite das zonas de influência das cidades de Salvador e Recife. Aracaju, além de capital político- administrativa, é o centro econômico do estado. Sua ação se faz sentir em toda a área estadual.
Economia
Agricultura e pecuária
Os principais produtos agrícolas do estado são a laranja, cultura de exportação própria do agreste; a cana-de-açúcar, cultivada tradicionalmente na zona da mata; a mandioca, que, cultivada sobretudo no agreste, embora apareça dispersa em outras regiões, se destina ao consumo local das populações rurais; e o coco-da-baía, de que Sergipe é um dos maiores produtores nacionais. São importantes ainda as culturas de feijão e milho e, em menor escala, as de arroz, algodão arbóreo (principal produto do sertão) e fumo.
Para enfrentar o problema da seca, o governo investiu no desenvolvimento das pequenas propriedades rurais, que têm papel fundamental na produção de alimentos, e implantou sistemas conjugados de adutoras, barragens, açudes, poços, cacimbas e cisternas, além de difundir culturas, lavouras e animais resistentes à seca.
O rebanho estadual tem aumentado bastante. Contribui para esse desenvolvimento a existência de um moderno frigorífico na capital. A pecuária tem-se ampliado tanto no agreste como nos vales do litoral e nas áreas sertanejas.
Indústria e mineração
A atividade industrial concentra-se em Aracaju (produtos alimentícios, têxteis e beneficiamento de produtos agrícolas). Além da capital, a indústria se faz presente ainda em Estância e São Cristóvão, centros têxteis. Uma fábrica de cimento em Aracaju supre o consumo estadual. Entre as indústrias do setor alimentar, destaca-se a produção de leite de coco e raspas de coco em conserva.
O desenvolvimento de Sergipe foi estimulado pela implantação, a partir da década de 1960, do Distrito Industrial de Aracaju, numa área ligada às principais rodovias. O estado está entre os maiores produtores de petróleo do país. A exploração se faz tanto no continente (campos de Carmópolis, Siririzinho, Riachuelo e outros) como na plataforma continental. Desde 1985, opera no estado a primeira mina de potássio do país. Sergipe conta também com grandes reservas de magnésio, sal-gema e enxofre.
O Pólo Cloroquímico do estado integra as diversas unidades industriais de processamento de matérias-primas minerais, como as reservas de petróleo, gás, potássio, granito, halita, silvinita, carnalita, calcário e enxofre.
Energia e transportes
A energia elétrica é fornecida por termelétricas e hidrelétricas e pela usina de Paulo Afonso, situada no estado da Bahia. Com a inauguração da hidrelétrica de Xingó, na divisa com Alagoas, Sergipe passou a ter maior disponibilidade de energia.
A principal rodovia pavimentada de Sergipe é a BR-101, que corta o território do estado de norte a sul. A estrada de ferro segue traçado aproximado. Ambas cruzam o rio São Francisco pela ponte rodoferroviária que liga Propriá a Porto Real do Colégio, em Alagoas. Em 1986, foi inaugurada a rodovia Juscelino Kubitschek, que atravessa toda a zona semi-árida do estado, ligando Monte Alegre a Canindé do São Francisco. Oito anos depois foi aberta a estrada das Dunas, ou estrada do Coco, rodovia que corta o litoral sul de Sergipe e percorre um verdadeiro paraíso de dunas, coqueirais, lagoas, rios, manguezais e mar.
O porto de Sergipe, um terminal off-shore de propriedade do estado, faz articulação com o Pólo Cloroquímico, a zona de processamento de exportações e os grandes projetos de irrigação, e opera com cargas gerais, além de ser uma peça-chave para expandir o turismo sergipano.
Cultura
Entidades culturais
As principais instituições culturais do estado de Sergipe são o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, a Academia Sergipana de Letras e a Associação Sergipana de Imprensa, todas na capital.
Os museus de maior importância são o do Instituto Histórico e Geográfico, o de Arte e Tradição e a Pinacoteca do estado, na capital, além do museu do convento de São Francisco, em São Cristóvão, um dos mais ricos museus de arte sacra do Brasil. Entre as bibliotecas, destacam-se a Biblioteca Pública do Estado de Sergipe, a da Universidade Federal de Sergipe, fundada em 1967, e a do Instituto Histórico e Geográfico, todas em Aracaju.
Monumentos
No território sergipano estão localizados diversos monumentos tombados pelo patrimônio histórico: a igreja matriz da Divina Pastora, em Divina Pastora; a antiga residência jesuítica, atual casa da Fazenda Iolanda, e capela anexa, em Itaporanga d’Ajuda; a casa do engenho Retiro e sua capela de Santo Antônio e a igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Comendaroba, ambas fundadas pelos jesuítas; a igreja matriz de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Nossa Senhora do Socorro; a capela do Engenho da Pedra, em Riachuelo; e a igreja Nossa Senhora do Socorro, em Tomar do Geru.
Outros monumentos estão localizados nas cidades históricas de Laranjeiras — a matriz do Sagrado Coração de Jesus (século XVIII) e a capela do Engenho Jesus, Maria, José; São Cristóvão — os sobrados coloniais da praça Getúlio Vargas, a Santa Casa de Misericórdia e sua igreja (1627), a igreja de Nossa Senhora do Rosário (1749) e a igreja matriz de Nossa Senhora da Vitória (século XVII); e Santo Amaro das Brotas — a igreja matriz de Santo Amaro e a capela de Nossa Senhora da Conceição no Engenho Caieira.
Folclore e turismo
As grandes festas religiosas de Sergipe são, na capital a procissão do Bom Jesus dos Navegantes (procissão fluvial que percorre o estuário do rio Sergipe, em 1º de janeiro); os festejos de Natal, de 25 de dezembro a 6 de janeiro, em que se destaca o tradicional carrossel do “Tobias”, um boneco preto que toca um grande realejo; e a de Nossa Senhora da Conceição, em 8 de dezembro. No interior, as principais festas populares são a do Senhor do Bonfim, em Estância, que dura três dias; a de Nossa Senhora da Piedade, em Lagarto, em 8 de setembro; e a dos Passos, em São Cristóvão, na Quaresma. A culinária típica sergipana tem como prato principal a buchada, feita de sangue e miúdos de carneiro.
Aracaju conta com numerosas e belas praias, como Atalaia Velha, Atalaia Nova, Aruana, Mosqueiro, do Robalo, entre outras; um horto florestal e um estádio com capacidade para cerca de cinquenta mil espectadores, conhecido como “Batistão” (estádio Lourival Batista). As cidades históricas, por seu acervo arquitetônico, são uma das principais atrações turísticas do estado.
Por: Rodrigo Beccheri Cortez
Veja também:
- Bacia do Rio São Francisco
- Rio São Francisco
- Região Nordeste
- Vegetação, Flora e Fauna dos Ecossistemas
- Bahia