A grande variedade de formações vegetais do Brasil favorece o extrativismo vegetal, que consiste na coleta de produtos não-cultivados diretamente da natureza, explorados com pouca tecnologia ou com técnicas e equipamentos rudimentares.
Há diversos produtos do extrativismo vegetal no Brasil, que variam de região para região. Alguns dos mais característicos estão no Norte, como o látex e a castanha-do-pará.
Extrativismo na Região Norte
Madeira
A mais importante atividade extrativa vegetal do Brasil é sem dúvida a madeireira. Ela ocorre desde o início da colonização e levou várias formações vegetais à extinção.
A região Norte fornece 25% de toda a madeira do país. Nessa área atuam empresas nacionais e estrangeiras, além dos madeireiros individuais. As espécies mais procuradas, abatidas de forma predatória, são a castanheira, o angelim, o mogno e o cedro.
A atividade provoca grandes impactos ambientais na Amazônia: extinção de flora e fauna, erosão, compactação do solo, diminuição da pluviosidade etc.
Açaí
O açaí é uma palmeira típica de várias regiões da Amazônia, espalhando-se até o Maranhão, a Guiana e a Venezuela. É conhecido pelos indígenas como “içá-çai”, a “fruta que chora”. Produz um saboroso palmito, que vem sendo industrializado nos últimos anos.
Há duas variedades de açaí: o roxo e o branco. Suas sementes são utilizadas na criação de colares, pulseiras e outros ornamentos que ganham cada vez mais espaço comercial.
O principal alimento extraído do açaí é um suco feito da polpa e da casca de seus frutos e utilizado na fabricação de sucos e sorvetes. Esse suco é na verdade um macerado com a cor do suco de uvas e tem bastante densidade, é energético e nutritivo. Os moradores de Belém do Pará o consomem com farinha de mandioca e açúcar. É muito apreciado pelos habitantes da região e seu consumo vem se difundindo em outras áreas do país e até no exterior.
Látex
O látex é retirado de seringueiras da floresta Amazônica. De 1870 a 1920, o Brasil viveu o auge da produção de látex para fabricação de borracha natural. Durante esse período, tomou-se o primeiro produtor mundial.
Todavia, com a concorrência do Sudoeste Asiático, a produção entrou em declínio e atualmente sobrevive como principal atividade das áreas de reservas extrativistas em que trabalham os seringueiros. Estas foram delimitadas a partir de 1989 em terras pertencentes à União; caracterizam-se como unidades de preservação ambiental e têm como função garantir a sobrevivência dos povos da floresta, que veem seu modo de vida ameaçado pelo desmatamento.
Além da seringueira, Hevea brasiliensis, são conhecidas por esse nome as seguintes espécies: caucho, maniçoba, balata e maçaranduba. Todas elas ocorrem na mata de várzea, principalmente nos estados do Acre e do Amazonas.
Castanha-do-pará
Encontrada nas áreas de terra firme, a castanheira é uma das árvores mais altas da floresta Amazônica, podendo atingir em torno de sessenta metros.
Seus frutos fornecem um óleo muito utilizado pelas indústrias cosméticas. Os maiores produtores são o Pará e o Amazonas, que destinam 85% das castanhas à exportação. Os Estados Unidos é o principal destino da produção brasileira.
Capim-dourado
O capim-dourado é uma planta típica do Tocantins, encontrada apenas na região do alapão. O material é utilizado na confecção de vários tipos de artesanato, como bolsas, cintos,
No exterior, as peças chegam a custar 500 dólares. Antes de ser feito em escala comercial, o artesanato foi praticado pelos índios e quilombolas da região. O Syngonanthus nitens euriocaulaceae, nome científico do capim-dourado, tem um grande desafio pela frente, pois necessita de uma extração controlada para evitar sua extinção.
Extrativismo na Região Centro-Oeste
Angico
Árvore típica do Cerrado, o angico apresenta diversas variedades, como angico-branco, angico-vermelho, angico-roxo e angico-preto. De sua casca se extrai uma resina rica em tanino, muito utilizada na medicina (como energético e expectorante) e na indústria.
Poaia
A poaia é uma planta do Cerrado cujas raízes têm propriedades medicinais, sendo utilizada pela indústria farmacêutica para o tratamento das disenterias, bronquites e coqueluches.
O extrativismo da poaia é realizado de forma sistemática em Mato Grosso desde o século XIX; em 1835, já integrava a pauta de exportação da província. Parte da produção era vendida para São Paulo e, externamente, para a América do Norte, Inglaterra e Uruguai.
Hoje, essa espécie está em extinção, principalmente devido à retirada indiscriminada de seus indivíduos e, em segundo lugar, à destruição de seus hábitat, hoje substituídos pela atividade agropecuária.
Quebracho
O quebracho é uma espécie do Cerrado cuja madeira, de qualidade inferior, é utilizada para produção de carvão vegetal, enquanto a casca, rica em tanino, é usada para curtimento do couro.
Extrativismo na Região Nordeste
Babaçu
O babaçu é uma palmeira típica da Mata dos Cocais (vegetação de transição entre as espécies da Caatinga e as da Floresta Amazônica) que ocorre principalmente no Maranhão.
Dessa planta se retira matéria-prima que é utilizada em produtos isolantes, óleos lubrificantes, tintas, produtos cosméticos e o palmito. Com a palha cobrem-se as casas, fazem-se cestos e brinquedos. O coco é aproveitado como biomassa na produção de energia. A quebra do coco é realizada basicamente por mulheres, as quebradeiras.
Carnaúba
Palmeira típica da Mata dos Cocais cujo tronco é utilizado para fazer cercas e esteiras. Com as fibras, fabricam-se tarrafas para pesca, de suas sementes extrai-se um óleo e de suas folhas o produto mais importante, a cera, utilizada na produção de isolantes, lubrificantes, goma-laca etc.
Piaçava
Palmeira encontrada especialmente na Bahia, seu nome é de origem tupi e significa “planta fibrosa”. Produz uma fibra longa, resistente, impermeável e flexível.
Economicamente, sua importância está na extração de suas fibras, utilizadas em vassouras, enchimentos de carros, fabricação de cordas, cobertura de casas, quiosques etc. É também empregada como isolante térmico. Quando nova, de seu bulbo pode-se retirar palmito. Do coco é possível fazer farinha e botões.
Por: Paulo Magno da Costa Torres