O início da colonização brasileira pelo litoral determinou a formação das primeiras cidades e núcleos populacionais nessa região. A concentração demográfica apresenta muitos trechos com mais de 100 habitantes por km2, especialmente nos trechos do Sudeste e Nordeste. Cerca de 22% dos brasileiros vivem à beira do mar, o que equivale a mais de 35 milhões de pessoas.
A concentração urbana no litoral causa sérios problemas de poluição, já que quase todo o esgoto é despejado no mar pelos efluentes, sem nenhum tipo de tratamento. Esse é um dos fatores que contribuem para a destruição de estuários e mangues – áreas fundamentais para a reprodução de vários animais marinhos.
São pouquíssimos os emissários submarinos que lançam os esgotos a distâncias que oferecem menos riscos à população. O ideal seria o tratamento dos esgotos e o lançamento na água através desses emissários.
A especulação imobiliária provoca a expansão da urbanização e a ocupação desordenada de espaços naturais – na maioria das vezes, sem estrutura física para tais usos – que põem em risco não apenas o meio ambiente, mas também as construções e a vida de moradores.
Uma parte importante da produção econômica brasileira situa-se nas zonas costeira e marinha, como a extração do petróleo e gás natural; atividades industriais como as da chamada Baixada Santista (SP) – petroquímicas e siderúrgicas (Cosipa) -; além do movimento das instalações portuárias.
Essas atividades também causam impactos ambientais, em virtude do lançamento de substâncias tóxicas nos oceanos e de acidentes com derramamento de petróleo. Sem falar da poluição do ar em consequência da emissão de gases tóxicos das indústrias, que atinge a vegetação, a fauna e a população dos ambientes litorâneos.
A cidade de Cubatão – principal polo petroquímico e siderúrgico do litoral paulista – já foi considerada uma das mais poluídas do mundo, com o ar, o solo e os canais de água contaminados por lixo industrial. Hoje, as condições de vida da população local estão amenizadas devido a ações governamentais que fiscalizam e multam as empresas que não seguem a atual legislação ambiental, e as intervenções de ONGs – Organizações Não-Governa-mentais – como o Greenpeace que, atualmente, tem adotado a estratégia de comprar ações para forçar empresas a investir no meio ambiente
Em consequência da expansão urbano-industrial, o litoral oriental e a costa sudeste, especialmente a faixa paulista, são as áreas que mais sofrem impactos ambientais.
No dia 18 de janeiro de 2000, todos os jornais noticiaram mais um “derrame negro” – um duto avariado da Petrobrás permitiu que 1,3 milhão de litros de óleo contaminassem a Baía de Guanabara.
O vazamento durou 4 horas, mas serão necessários 20 anos para a natureza voltar ao que era. O petróleo mata ou debilita peixes, aves, moluscos, vegetação costeira – a maioria das formas de vida que encontra pela crente. Bancos de corais levam décadas até recobrar-se totalmente, porque o óleo inibe sua fotossíntese e a capacidade reprodutiva. O óleo adere às asas das aves, impedindo-as de voar e contamina seu sistema digestivo. A mancha também muda o fluxo alternado de água doce e salgada que produz a riqueza dos mangues. As rlantas menores já não conseguem crescer e as árvores, com as raízes sufocadas, podem perder suas folhas. Com isso, os crustáceos que se alimentam de folhas decompostas passam apuros.
Infelizmente, acidentes desse tipo são comuns:
- nos últimos 30 anos, houve cerca de 150 vazamentos associados ao Terminal Marítimo Almirante Barroso, em São Sebastião – litoral paulista – por falhas nos dutos, falta de dispositivos de segurança nas embarcações ou problemas na manutenção dos navios;
- em 1978, o navio liberiano Brazilian Marina, contratado da Petrobrás, derramou 6.000 m3 de óleo nas praias de São Sebastião;
- em abril de 1999, 6 praias do mesmo município foram afetadas por um derramamento de petróleo de um emissário da Petrobrás;
- a mesma empresa foi responsável pelo maior acidente industrial da história do Brasil – um vazamento seguido de explosão em Vila Socó, Cubatão (SP), que matou 98 pessoas em 1984;
- em 1975, a Petrobrás também esteve envolvida no maior acidente da Baía de Guanabara – 5 milhões de litros foram derramados pelo petroleiro Tarik.
Por: Renan Bardine
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