Situada na transição do domínio das caatingas e do domínio amazônico, a Mata dos Cocais ocupa terras da subregião nordestina denominada meio-norte, nos estados de Maranhão e Piauí. A vegetação está associada tanto ao clima equatorial que aparece no oeste do Maranhão, quanto ao tropical semiárido do Piauí.
Essa floresta é constituída exclusivamente por espécies de palmeiras, como a carnaúba, o babaçu, a oiticica e o buriti, que é a maior palmeira do Brasil. Na face leste, mais seca, há o predomínio da carnaúba, e na mais úmida, a oeste, reina o babaçu.
As palmeiras fornecem o sustento a uma série de comunidades que se dedicam ao extrativismo vegetal. Estima-se que trezentas mil pessoas vivam da coleta do babaçu, sendo que 90% são mulheres. O babaçu pode atingir 15 m de altura e seus cachos chegam até trezentos cocos.
Desse fruto extrai-se um óleo que é muito usado na fabricação de sabão e, até mesmo, na produção de margarinas; suas folhas servem como cobertura de casas. Porém, a expansão de fazendas pecuaristas na área tem causado a substituição do babaçu pelo pasto. Além disso, alguns fazendeiros cobram das mulheres para que elas possam extrair os cocos das palmeiras existentes em suas propriedades.
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Essas mulheres, chamadas quebradeiras, conquistaram, com o apoio de movimentos sociais a aprovação de algumas leis de proteção às palmeiras do babaçu, bem como a liberdade para extrair os frutos sem pagar por isso. Muitas cooperativas regionais da Mata dos Cocais têm conseguido montar fábricas de sabonete e até exportar óleo de babaçu para empresas cosméticas do exterior.
A carnaúba também sustenta inúmeras comunidades locais; tem como característica específica a produção de cera em suas folhas. Isso acontece como forma de protegê-la da perda de umidade num local onde as estiagens são prolongadas e predomina a baixa umidade relativa do ar.
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A importância dessa palmeira aumenta pelo fato de a colheita de seus numerosos subprodutos pode ser feita durante a época da seca, quando os trabalhadores estão ociosos devido ao fim da colheita nas lavouras de milho, feijão e arroz. Assim, a atividade permite a fixação e a geração de renda nesse período difícil.
A árvore da providência
A carnaúba é conhecida como a árvore da providência, porque fornece inúmeros subprodutos. A madeira, extraída de seu caule, pode ser empregada em cobertura de casas; as folhas secas são aproveitadas em confecção de cordas, chapéus e piaçava.
As folhas da árvore também fornecem a famosa cera de carnaúba, que pode ter diversas aplicações, inclusive industriais, após passar por um processo de refino: de componentes eletrônicos, como chips de computador, até remédios que usam as propriedades anti-inflamatórias da planta.
De suas folhas também se pode obter a celulose. E do caroço de seu fruto extrai-se um óleo, que se converte em matéria-prima para ração destinada ao gado. Ainda não acabou; a polpa da carnaúba pode ser usada como ingrediente de doces.
Por: Paulo Magno Torres