Geopoliticamente, o Brasil vem sendo dividido há muito tempo em cinco regiões distintas: Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Contudo, alguns geógrafos e estudiosos vêm, ao longo do tempo, propondo outras formas de divisão do país. A divisão regional do território brasileiro em “quatro Brasis” foi proposta pelo professor Milton Santos e pela professora Maria Laura Silveira, em 2001.
Milton Santos utilizou como bases de sua classificação a informação e as finanças no país, e a forma como são geograficamente distribuídas. Nesse contexto, ele chegou a “quatro brasis”, representados pela Região Amazônica, Região Nordeste, Região Centro-Oeste e Região Concentrada.
Quem foi Milton Santos
Graduado em direito, destacou-se por seus trabalhos na área de geografia e geopolítica com ênfase nos estudos de urbanização no terceiro mundo. É considerado um dos grandes nomes da geografia crítica brasileira, e conhecido mundialmente conhecido por seus trabalhos sobre o fenômeno da globalização, publicados na década de 1990.
Milton foi exilado na França ao longo do regime militar no Brasil e, por essa razão, seus trabalhos apresentam grande influência da escola francesa, especialmente no contexto de crítica ao capitalismo e valores tradicionais na geografia econômica.
A divisão em quatro brasis
A Região Amazônica abrange os estados do Norte do país, sem o Tocantins, e apresenta baixa densidade demográfica. Possui uma infraestrutura de transportes com poucas possibilidades de rápido deslocamento – como aeronáutica, fluvial ou mesmo rodoviária.
A região possui pouca ou reduzida concentração tecnológica urbana se comparada às demais regiões. Há uma grande presença de atividades tradicionais, do extrativismo mineral ou vegetal e um paradoxo, com algumas poucas localidades responsáveis pela produção de bens de tecnologia e com boa infraestrutura nessa área.
A Região Nordeste, dos “quatro Brasis”, coincide com a delimitação oficial atual, compreendendo todos os estados da Região Nordeste. A ocupação e povoamento da área são antigos, porém seguiram uma linha esparsa e levaram a uma ocupação pouco densa. A instalação de infraestruturas e as redes de informação são existentes e podem atingir um evoluído estágio em alguns locais, mas seguem um caráter descontínuo ao longo do território.
A Região Concentrada é formada pelos estados do Sudeste e do Sul e, além de possuir a maior densidade demográfica do país, é onde o desenvolvimento da ciência e da tecnologia se apresenta de forma mais contínua pelo território.
As redes de informação nas duas regiões apresentam um caráter consistente, já desenvolvido por décadas. Em termos de tecnologia, as duas regiões já detinham a liderança tecnológica no surgimento dos primeiros parques industriais, e já cumpriram evoluções para as economias de serviços e, mais recentemente, de tecnologia da informação. O contraste em relação às demais regiões é nítido e marcante.
Além disso, essa área também possui níveis elevados de acesso à saúde, educação, lazer e serviços modernos, o que apoia e dá fomento ao crescimento e desenvolvimento populacional.
A Região Centro-Oeste compreende, além dos estados definidos como Centro-Oeste pelo IBGE, mais o estado de Tocantins. Atuando como uma região periférica em relação ao Sul-Sudeste, é uma área que apresenta bom acesso e uso das redes de informação e, a despeito de possuir uma economia basicamente agropecuária, desenvolve essa atividade com tecnologia e processos modernos e avançados.
Por: Carlos Artur Matos