No Brasil a produção e a exploração de petróleo ganharam importância após a Segunda Guerra Mundial, com a campanha nacionalista ‘O petróleo é nosso‘. Na década de 1950, a Petróleo brasileiro S/A (Petrobras) foi criada para exercer o monopólio estatal da pesquisa, exploração, produção, refino, comercialização e transporte de petróleo no Brasil.
De início foi explorada a área do Recôncavo Baiano, ao longo de toda Baía de Todos os Santos. Após a crise do petróleo nos anos 1970 – devido ao alto consumo de petróleo, que gerou escassez e aumento dos preços, inflação e taxa de juros –, a exploração no Brasil foi impulsionada, e a Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, descoberta.
No final de 2007, foi anunciada a descoberta de um enorme campo de petróleo e gás no litoral Sudeste do Brasil, o pré-sal. A área está coberta por uma lâmina de água oceânica com profundidade de 2 mil metros e uma camada de sal de espessura igual ou superior a 2 km. É a maior reserva do Brasil e uma nova fronteira na exploração de petróleo no mundo.
A Petrobras modernizou seus equipamentos de perfuração e extração e ampliou suas pesquisas em locais com potencial para exploração. Ainda há diversas pesquisas e forte investimento a serem feitos no setor. A camada pré-sal, pode trazer muitos benefícios ao Brasil, como o aumento da produção, assegurando a autossuficiência do país em petróleo e gás natural.
Origem do petróleo brasileiro
De acordo com a Teoria da Deriva Continental, há mais de 130 milhões de anos os continentes já estavam se separando. Lagos e rios foram formados, reunindo grande quantidade de matéria orgânica animal e vegetal em seu fundo.
No processo de separação entre a América do Sul e o continente africano, a água salgada favoreceu o depósito de sal abaixo dos canais de água, fazendo com que a matéria orgânica ficasse presa abaixo da camada de sal.
Com a separação das placas tectônicas, o magma subiu e formou o solo submarino acima da camada de sal e do material orgânico preso abaixo dela. Com o passar de outros milhões de anos, o solo submarino ficou mais profundo, fazendo com que a temperatura e pressão transformassem as matérias orgânicas acumuladas em gás natural e petróleo.
As reservas e produções brasileiras de petróleo
As reservas de petróleo do Brasil já comprovadas são de aproximadamente 8,81 bilhões de barris (dado de 2020). Comparadas com as das grandes áreas produtoras no mundo — como o Oriente Médio, cujas reservas são de 362 bilhões de barris —, elas são pequenas, mas a nossa produção (em torno de 2,94 milhões de barris/dia) supre cerca de 85% do consumo interno.
A maior parte dessa produção provém da plataforma continental, destacando-se dentre as principais áreas produtoras as bacias dos estados do Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia (Recôncavo Baiano), Ceará, Espírito Santo, Alagoas e, mais que todas elas, a bacia de Campos, no Rio de Janeiro, responsável por mais da metade da produção nacional (66%).
Foi sobretudo graças à intensificação dos trabalhos de prospecção em águas profundas, em particular na do pré-sal, que as reservas brasileiras saltaram de aproximadamente 760 milhões de barris, em 1975, para o volume atual.
Como é a produção na bacia de Campos
Na bacia de Campos, onde se encontram as maiores reservas de petróleo do país e também a do pré-sal, a exploração é muito complexa: envolve uma série de atividades e equipamentos, como plataformas fixas cravadas no solo oceânico e plataformas flutuantes, sofisticados sistemas de segurança, materiais especializados, tecnologia de ponta e, ainda, centros de pesquisa e alguns milhares de funcionários.
A produção de petróleo em área oceânica, como ocorre na plataforma continental de Campos (RJ), exige equipamentos sofisticados e mão-de-obra altamente qualificada, o que encarece sensivelmente o preço do produto extraído.
A Petrobrás dispõe de avançada tecnologia, em sua maior parte desenvolvida no país, para fazer perfurações que alcançam três quilômetros ou mais. E teve de desenvolver técnicas especiais para enfrentar o problema da colocação, em águas profundas, das válvulas que controlam a saída do petróleo para a superfície, pois os mergulhadores não resistem à pressão de profundidades superiores a 450 metros. Como explorar, por exemplo, o campo de Albacora, rico em petróleo, mas com uma profundidade que chega a 800 metros?
A solução foi expandir para leste as possibilidades da bacia de Campos: a Petrobrás cravou em rochas oceânicas, a 800 metros de profundidade, uma torre de aço de 400 metros, possibilitando a instalação das válvulas a essa profundidade, que é acessível aos mergulhadores.
O pré-sal
A descoberta de grandes jazidas petrolíferas no Brasil, denominadas pré-sal, pode mudar o patamar brasileiro em relação à produção de petróleo, visto que a quantidade de óleo encontrada é muito grande.
Análises divulgadas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) indicam que as reservas estão em uma área de 149.000 km², com um volume de até 90 bilhões de barris.
O Brasil já consegue extrair petróleo dessa região, mas não de maneira satisfatória, pois como o próprio nome dessa reserva atesta, o petróleo se encontra abaixo de uma imensa camada de sal que dificulta sua exploração e exige grandes investimentos.
Existem também severas críticas aos impactos ambientais que podem ocorrer devido a essa exploração petrolífera, o que alteraria violentamente o ecossistema marinho.
Através de leilões o governo brasileiro tem concedido a exploração de jazidas na região do pré-sal a empresas estrangeiras.
Petróleo na Amazônia
A extração de petróleo na bacia amazônica iniciou-se em 1986 na região do rio Urucu, um dos afluentes no rio Amazonas. Uma das principais características que empolgaram os pesquisadores é a leveza do óleo extraído na região, aspecto muito apreciado pelas grandes empresas do ramo petroquímico, pois, quanto mais leve o óleo, maior é a pureza e a qualidade dos derivados produzidos. Além da extração de petróleo, a bacia do rio Urucu também explora o gás existente na região. Atualmente, são aproximadamente 168 milhões barris diários de petróleo.
Em 2013, na região próxima à cidade de Oiapoque, no Amapá, um consórcio de empresas descobriu recursos petrolíferos na foz do rio Amazonas que é rica em biodiversidade tanto vegetal quanto animal. A reserva estimada de petróleo avaliada pelo consórcio está na casa de 14 bilhões de barris, além de reservas adjacentes ainda não descobertas. Cada barril equivale a 158,98 litros.
Os contrários à exploração, encabeçados por ONG’s, como WWF e GREENPEACE, questionam os benefícios da exploração para o hábitat da região, apoiados em relatórios que apontam um risco muito grande de impacto ambiental nos mangues da foz do rio Amazonas. Além disso, a comunidade cientifica mundial alerta para a presença de recifes de corais, esponjas e rodolitos com características singulares no mundo inteiro que podem conter espécies vegetais e animais ainda não conhecidas.
Os estudos de impacto ambiental estão nas mãos do Ibama, que sofre pressão dos dois lados, das empresas que utilizam seu lobby dentro do governo federal e do congresso nacional e dos ambientalistas. Várias audiências estão sendo realizadas no atual momento, mas com um desfecho impossível de ser previsto.
Por: Renan Bardine
Veja também:
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