A região que está encravada no Vale do Jequitinhonha é uma das doze mesorregiões do estado de Minas Gerais, formada pela união de 51 municípios, distribuídos em 5 microrregiões, que são: Almenara, Araçuaí, Capelinha, Diamantina e Pedra Azul.
Inicialmente, essa região pertenceu ao Estado da Bahia até o final do século XVIII e, posteriormente, foi incorporada ao estado de Minas Gerais após a descoberta de diamantes ao redor da região de Diamantina. Em razão da descoberta desse mineral valioso, o antigo Arraial do Tijuco passou a ser denominado Diamantina, por causa de sua localização estar sobre reservas de diamantes.
Infelizmente, essas pedras, que foram extraídas em grandes quantidades pela Coroa de Portugal durante o século XVII, não ficaram em terras brasileiras, consequentemente não trouxeram nenhuma riqueza para a região.
Geografia do Vale do Jequitinhonha
Mesmo sendo no passado uma região que teve seu alicerce em uma rica base mineral, o Vale do Jequitinhonha recebe um destaque negativo amplamente reconhecido, em razão dos seus baixos indicadores sociais. Em contrapartida, por outra ótica, essa região é conhecida por ostentar uma exuberante beleza natural e uma riqueza cultural invejável, onde se encontram traços sobreviventes das culturas cabocla, europeia, indígena e africana.
O Rio Jequitinhonha, que nasce na região do Serro (MG), segue seu curso com suas águas pelo Vale do Jequitinhonha, ocupando uma área de 79 mil km2, tendo sua foz desaguando no Oceano Atlântico, na região do Belmonte (BA).
O Vale acomoda uma população de aproximadamente 980 mil habitantes, segundo o IBGE, sendo que mais de dois terços dela vivem na zona rural. Vale destacar que a região sofre com o diagnóstico de restrição hídrica por causa das fortes secas periódicas, as quais são as grandes responsáveis pelo baixo desempenho da agropecuária, que, mesmo assim, ainda responde por 30% do PIB regional.
As questões sociais
Como dito anteriormente, a região é marcada pelo contraste, já que grande parte de sua população vive em extrema pobreza e desenvolve suas atividades sociais em meio a um ambiente que vem sendo sistematicamente agredido pelas atividades mineradoras, como também pela ação das atividades carvoeiras que fazem uso indiscriminado do fogo pela agricultura familiar (coivara).
Minas Gerais é o sexto Estado brasileiro com menor Índice de Vulnerabilidade Social (IVS), no entanto ainda há 30 municípios em situação de extrema pobreza, todos eles localizados no Vale do Jequitinhonha, em Mucuri e na região Norte, na divisa com a Bahia. Não se trata exclusivamente de ausência de recursos monetários, mas de problemas na área de saúde, educação, saneamento, habitação, entre outros, que escancaram as disparidades regionais ainda não superadas.
Segundo Luiz Lobo (secretário executivo da Associação dos Municípios da Área Mineira da Sudene), o problema nessa região do Estado é histórico e teve grande avanço nas décadas de 1960 e 1970, com um processo migratório de moradores para as cidades. Ainda como apresenta o executivo “[…] quadro foi agravado, nas décadas seguintes, pela falta de investimento, afirma Lobo. Foram quase três décadas sem políticas públicas direcionadas para os municípios do Norte e Jequitinhonha […]”.
Nos dias de hoje, muitas cidades mineiras do Vale sobrevivem graças aos caminhões-pipa, cuja distribuição é organizada pelo Exército. Todos os dias, as pessoas são obrigadas a ir até o veículo para buscarem água para as próprias residências. É uma região naturalmente seca, por isso apenas com muita tecnologia essa situação física é possível de ser revertida. Segundo a Sudene, uma solução estaria na construção de pequenas barragens e canalização de água direto de poços artesianos para tentar desenvolver a agropecuária local.