O canal do Panamá, importante obra de integração interoceânica – conecta Oceanos Atlântico e Pacífico -, foi construído após a independência do país de mesmo nome, em 1903, junto à Colômbia, por influência dos EUA, que apoiaram o separatismo.
O Panamá deu total direito aos EUA de construir o canal, assim como o controle de uma faixa de terra denominada de Zona do Canal.
História
Em 1881, a Colômbia aproveitou o projeto do engenheiro francês Ferdinand Lesseps para a construção de um canal transístmico, ligando o Atlântico (mar do Caribe) ao Pacífico. A obra seria levada a cabo pela Companhia do Canal do Panamá, que, no entanto, faliu em 1889, em razão das dificuldades para a manutenção da obra, além de um surto de malária.
Os EUA, então, nesse mesmo ano, compraram os direitos para a continuidade da construção do canal e passaram a articular a soberania definitiva sobre essa obra estratégica, apesar da contrariedade da Colômbia.
Em 1903, os EUA apoiaram a independência do Panamá, que se separava da Colômbia e favorecia os EUA com o tratado Perpétuo, garantindo aos EUA a posse definitiva sobre o canal e sobre a Zona do Canal, que eram faixas ao longo do canal.
Em 1914, o canal do Panamá foi finalmente concluído e, sendo ele espaço geopolítico, os EUA passaram a manter poderosas frotas navais no Atlântico e no Pacífico, e firmaram seu domínio sobre o mar do Caribe, estabelecendo protetorados, verdadeiras colônias informais sobre os países das Antilhas e sobre o istmo.
Somente em 1974 os EUA aceitaram renegociar o tratado Perpétuo e, em 1977, assinaram o tratado Carter-Torrijos, pelo qual o canal deveria ser entregue à soberania panamenha no anos de 1999, com garantia de neutralidade pelo Panamá (qualquer navio mercante de qualquer país poderá navegar, tendo os EUA prioridade em caso de guerra. Pelo novo tratado, o Panamá passou a receber 30% dos rendimentos do canal.
A soberania do canal começou a ser transferida ao Panamá em 1997, com a retirada, para a Flórida, do Comando Sul das Forças Armadas dos EUA. Em dezembro de 1999, o processo de devolução foi concretizado e atualmente é administrado pela ACP – Autoridad del Canal de Panamá.
Construção e funcionamento
O grande êxito do Canal do Panamá foi a construção do lago Gatún, um gigantesco lago artificial que se encontra a 25 metros acima do nível do mar.
Para resolver o problema da barreira montanhosa, foi aberto um desfiladeiro que recebeu o nome de Culebra. Construíram-se também três grandes complexos de eclusas – Gatun, Miraflores e Pedro Miguel – que represam a água dentro de grandes tanques.
Assim, o navio vindo do Atlântico é lentamente elevado até o nível do lago pelas comportas de Gatún. Em seguida, entra no desfiladeiro de Culebra e, depois, por meio de outras comportas, é sucessivamente rebaixado até o nível do Pacífico.
O canal do Panamá tem uma extensão de 77,1 km e o trânsito por ele leva de 8 a 10 horas.
Importância
A partir de 2000, a economia panamenha teve importante incremento graças ao canal, que se transformou em um importante negócio, após ser devolvido pelos EUA. Juntamente com o canal, os panamenhos herdaram a infraestrutura (ferrovia, rodovias, duas hidrelétricas, base aérea e vilas militares, que acabaram se transformando em hotéis de alto padrão), que serve para atrair capital externo.
A utilização do canal economiza cerca de 20 mil quilômetros de viagem para um navio que sai da costa oeste da América Central até a costa leste, pela rota do cabo Horn ou pelo estreito de Magalhães, no sul do continente americano.
O novo canal do Panamá
A expansão do canal iniciada em 2007, para a ampliação da passagem e inauguração do terceiro corredor para navios de grande porte, gerou investimento em valores que se aproximaram de US$ 7 bilhões.
A necessidade de reformar o canal ficou explícito em 2011, quando 37% da frota mundial de cargueiros não podia trafegar pelo canal. Grande prejuízo para um país que obtém uma parte significativa de sua riqueza com a arrecadação através de pedágios.
Depois da reforma, o canal agora permite o tráfego de 95% dos navios cargueiros do mundo. Com a obra de ampliação inaugurada em 2016, o governo ampliou a geração de riqueza com o canal. Os EUA e a China são os seus principais utilitários.